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Análise da Linguagem Corporal e a Privacidade.

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Tempo de leitura: 5 min.

No dia 20/05/2012, no quadro “O que vi da vida”, do programa “Fantástico”, contamos com o depoimento da apresentadora Xuxa, a qual discorreu sobre fatos conhecidos e desconhecidos da sua vida. Após isto, viu-se uma inundação de comentários acerca do assunto, e entre esta diversidade de comentários, temos um tema recorrente: Xuxa estaria falando a verdade ou seria tudo mero teatro para chamar a atenção?

Xuxa em entrevista ao ‘Fantástico” (20/5/12) – Clique na Imagem para assistir a entrevista.

Primeiramente gostaríamos de deixar claro que o foco do presente artigo é tratar sobre a questão ética, e principalmente a privacidade do interlocutor, no que se diz respeito à comunicação não verbal em geral e à análise da linguagem corporal em particular. Não iremos entrar no mérito das possíveis conjecturas políticas, promoções ou entre outras possibilidades.

Seria correto criticar alguém por ter “faltado com partes” da verdade em um depoimento que pouco influencia diretamente nossas vidas? Até onde vale a pena (se é que vale) se utilizar da leitura não verbal para apontar erros, falhas e “críticas da personalidade” do interlocutor? Por que essa necessidade?

Leia também: Análise do Comportamento Não Verbal

Todos nós temos o direito à privacidade.

Em uma das cenas do episódio 8, da série Lie to Me, a Dra. Gilliam é interpelada por Ria Torres acerca de uma ex-paciente de Lightman que teria cometido suicídio e recebe a seguinte resposta: “O fato de você conseguir ver tudo não implica que você consiga entender tudo”.

Esta é uma das falas mais esclarecedoras e verdadeiras sobre a realidade das técnicas de interpretação da linguagem corporal. É exatamente aí que reside a principal de suas limitações. Essa interpretação precisa ser complementada com outras técnicas para que, uma vez identificadas as emoções do processo comunicativo, as explicações, razões, motivos e os demais conteúdos possam ser expressos por meio da verbalização.

Portanto, devemos tomar cuidado ao fazer juízo a partir dos indicadores não verbais, principalmente por causa da questão da privacidade. Dificilmente saberemos quais as razões (vergonha, medo, insegurança, etc.) que levaram a apresentadora à ocultar algum fato ou contar parcialmente outros, e mais: em que medida é realmente útil apontarmos o dedo para a apresentadora, dizendo que ela é uma “mentirosa”? Não seria mais útil utilizarmos esta percepção em uma negociação de um veículo, reunião de trabalho, percepção do interesse dos ouvintes em sua palestra, enfim, no nosso cotidiano, como mais uma ferramenta de trabalho?

Estudar emoções não pára apenas no seu reconhecimento, você precisa saber como elas são construídas, o seu potencial realizador e também os danos que determinadas emoções podem causar. Diante disso, é impossível trabalhar com esse tema e não se tornar mais sensível a esses estados emocionais. Além disso, a pessoa passa a ficar mais atenta às suas próprias emoções.

Leia também: Lie to Me – Sétimo Episódio.

Lembre-se que as técnicas nos dão uma idéia de como a pessoa está se sentindo, mas só ela mesma pode avaliar a profundidade, os motivos e disposição para agir a partir do que sente. Diante disso, não pense que você sabe mais sobre os sentimentos de alguém do que a própria pessoa.

Não existe muito sentido em analisar apenas a linguagem corporal em busca de algo que apenas “mate” nossa curiosidade , a não ser sob um ponto de vista meramente preventivo. Por exemplo, você pode afastar de si algumas pessoas potencialmente prejudiciais a você utilizando a avaliação da linguagem corporal delas. Para isso, não há necessidade de saber os motivos pelos quais as pessoas querem te aplicar um “golpe”. O que interessa, é sair dele!

No entanto, na maioria dos contextos, é de suma importância saber o porquê das pessoas experimentarem determinada emoção, principalmente na condução de investigações policiais ou administrativas.

Não confunda astrologia com astronomia.

Navegando na Internet, vi alguns “profissionais” da área se utilizando desta curiosidade (inerente ao ser humano), para autopromoção. Lembro-me que um destes especialistas argumentou que a Xuxa foi sincera até certo ponto, mas mentiu nos pontos mais importantes. Percebam como as palavras são dispostas: o profissional “atesta” sua competência afirmando que a interlocutora falou a verdade (mostrando-se conhecedor do assunto, já que afirma que ela falou a verdade), mas logo em seguida deixa um “gancho”, de forma imprecisa, quando fala que ela “mentiu nos pontos mais importantes”. Afinal, que pontos seriam esses?

Leia também: Lie to Me – Oitavo Episódio.

Ora, são justamente estes pontos que mais interessam (lembram da curiosidade inerente a nós?), e este profissional sutilmente sufere que tem a capacidade de: (1)  perceber quais são; (2)  desvendá-los. Quem não adoraria ter todos os mistérios desvendados?

Neste momento, acho interessante citar uma diferença que nem sempre é bem percebida entre a astrologia e astronomia, embora esta última tenha sido derivada da primeira, são ciências (ou pseudociência no caso da primeira?) que diferem de forma gritante: em termos extremamente simplistas, a astrologia estuda as posições relativas dos corpos celestes e como estes podem prover informação sobre a personalidade, as relações humanas, e outros assuntos mundanos, já a astronomia está preocupada com a evolução, a física, a química, e o movimento de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do universo.

Observem que muitas vezes, para ter mais credibilidade, astrólogos “misturam” conhecimentos da astronomia com a astrologia, visando ter um respaldo científico, no entanto, se olharmos o assunto com um pouco mais de cuidado, veremos que existem falhas nos supostos suportes científicos propagados pelos astrólogos.

Com a análise da linguagem corporal ocorre algo semelhante, observem que alguns “especialistas” nessa análise optam por apontar para quem fala a verdade ou a mentira ao invés de debater como entender melhor nossas emoções, saber o momento correto de melhorar nossa percepção em relação ao interlocutor e lidar com as emoções das pessoas que nos rodeiam, seja no trabalho ou no nosso lar.

Ao mesmo tempo que eles confundem, fazem parecer que a análise não verbal é uma ferramenta simples de ser utilizada, mas se aprofundarmos um pouco mais o debate, as “defesas científicas” dos mesmos irão facilmente sucumbir. Não deixem sua curiosidade sobrepor seu senso de ética e respeito ao espaço individual.

 

E você? O que pensa sobre isso? Deixe-nos o seu comentário!

Saudações e prossiga acompanhando os nossos artigos.

Edinaldo Oliveira

 

Referências:

Senna, Sérgio. “Lie to Me – Sétimo Episódio.”; ibralc.com.br – IBRALC. Disponível em: https://ibralc.com.br/lie-to-me/lie-to-me-setimo-episodio/. Acessado em 28/05/2012.

Senna, Sérgio. “Lie to Me – Oitavo Episódio.”; ibralc.com.br – IBRALC. Disponível em: https://ibralc.com.br/lie-to-me/lie-to-me-oitavo-episodio/. Acessado em 28/05/2012.

 

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

JUNIOR, Edinaldo Oliveira. Análise da Linguagem Corporal e a Privacidade.. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/linguagem-corporal-privacidade/> . Acesso em 19 Apr 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Junior, Edinaldo Oliveira. (2016). Análise da Linguagem Corporal e a Privacidade.. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 19 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/linguagem-corporal-privacidade/.

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56 comentários em “Análise da Linguagem Corporal e a Privacidade.”

  1. Bem escrito o texto. Interessante; só a comparação entre astrólogos versus astrônomos não se justifica. Acho que deixou passar algo que te incomoda em um assunto que não tem haver com isso. A briga entre as duas “ciências” deve ter gerado doutorados não cabe como exemplo de comparação do que está explicando.

    1. Juliana,

      “não tem haver com isso” -> foi só um exemplo.
      E astronomia não é ciência. Não segue o método científico.

      Abraço!

  2. Sergio Senna Pires via Facebook

    Olá Mariza, muito obrigado pela sua colaboração que vem ao encontro das argumentações que preponderaram nesse debate.

    Mais importante do que a preocupação com o grau de privacidade é focarmos na suma necessidade do ato de FALAR.

    Sua narrativa me fez lembrar de vários atendimentos que realizei na América Central em que o agressor desqualificava a fala da vítima, dizendo simplesmente que era mentira.

    Abraçando a sua argumentação, me junto em coro às suas palavras:

    “A “lei do silêncio” precisa acabar, a psicologia pode não ter ferramentas para acabar com a violência mas certamente tem as ferramentas para ajudar as mulheres a quebrarem o silêncio e reduzirem os danos pessoais e sociais da violência sexual de meninas e adolescentes.” Mariza Borges.

    Ontem mesmo, a Ana Lúcia redigiu um texto em que toca nesse tema e que estamos propondo como motivação para a continuidade desse debate.

    Muito obrigado pela sua colaboração.
    Abraço
    Sergio

  3. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Mariza, realmente li artigos que relatam ser “normal” a vítima falar sobre a agressão vários anos depois, ponto que também foi muito questionado, que gerou comentários do tipo: “ficou tanto tempo calada e resolveu falar agora do nada??”. Excelente comentário…

  4. Mariza Borges via Facebook

    Sergio Senna Pires e demais debatedores, não posso dar opinião alguma sobre a pessoa “Xuxa”. Com relação à privacidade, entendo que ao tornar público um fato da vida privada a pessoa desvela aquele fato e não todo e qualquer episódio de sua vida privada. Isto é não se abre mão da privacidade ao se expor um fato. A crença de que a vida privada será devassada após um relato daquela natureza; a prática de culpar as mulheres vítimas de violência pela violência sofrida; a forte crença de que “histórias” de família encerram-se no seio da família; a exigência de que os mais velhos sejam respeitados; a desqualificação da fala das crianças são as ferramentas sociais que garantem o silencio das vitimas que continuam, por anos, sendo vitimizadas silenciosamente. Há relatos incríveis de terapeutas sobre a idade em que as mulheres finalmente conseguiram falar, no processo terapeutico, sobre a sua história, às vezes após terem completado 60 anos de vida. Meio século foi o tempo necessário para conseguir falar sobre o assunto. Assim, não estranho que só agora a Xuxa tenha tocado no assunto. Seria ela uma dessas pessoas que tomaram para si a culpa e a responsabilidade de calar? Será que viver quase meio século foi necessário para que ela descobrisse que agora, conhecida e famosa, ela poderia ajudar outras mulheres e meninas a terem coragem de relatar um fato de sua vida privada que ainda lhe causa dor? Não posso responder essas indagações mas tenho certeza de que são pertinentes ao tema em discussão. Vendo o vídeo atentamente percebi que o relato que ela faz é compatível com os estudos descritivos das sequelas emocionais da violência sexual, não acredito que ela tenha estudado o assunto para compor o seu relato… É uma pena que mesmo agora, anos depois do fato, ela ainda seja vista como alguém que mente. Até quando colocaremos mordaças e desqualificaremos a fala das mulheres vitimas de violência. A “lei do silêncio” precisa acabar, a psicologia pode não ter ferramentas para acabar com a violência mas certamente tem as ferramentas para ajudar as mulheres a quebrarem o silêncio e reduzirem os danos pessoais e sociais da violência sexual de meninas e adolescentes.

  5. Nando Marrocos via Facebook

    qridos amigos faço de algumas palvavras citadas acima: naum acompanho ou conheço a xuxa, na vdd caros, pouco procuro sobres esses assuntos, pois estou muito ocupado com uma nova arte q estou aprendendo, q a palestra do reconhecimentos das expressoes me ajudara bastante, enfim pouco tempo mesmo… e pouco assisto tv… (sorry)

  6. Esqueci de comentar antes: meus mais efusivos agradecimentos pela mudança na cor da fonte. Meus sofridos olhinhos agora estão contentes em poder ler o que eu escrevo por aqui. rsrs
    abraços

  7. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Marisa Assis Muito importante esse seu ponto da repercussão das palavras dos artistas em relação à sociedade. Importante também esse papel de mediador, entre o ídolo e os fãs. Obrigado pelos comentários…

  8. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Atena Vieira Você é ótima mesmo… Muito obrigado por nos prestigiar. E como sempre, excelentes comentários, li seus comentários lá no portal também…

  9. Atena Vieira via Facebook

    Sergio, que bom que lhe provoquei risos. Ao final do dia é isso que nos dará uma boa noite de sono. Já venho comentando no seu portal ao qual fui apresentada pelo Edinaldo.

  10. Edinaldo;
    Como sempre seu texto está irretocável. Ética, bom senso, consciência. Não nega que é meu leitor…. rsrrs
    Aqui você disse o principal: “Seria correto criticar alguém por ter “faltado com partes” da verdade em um depoimento que pouco influencia diretamente nossas vidas? ”
    Eu diria que não influencia em nada, a não ser àquelas pessoas que foram abusadas e tomaram coragem de denunciar após depoimento da Xuxa.
    Independente da apresentadora ter aberto mão de sua privacidade isso não dá direito a ninguém, ninguém de fazer comentários ou dar palpites.
    Mania que esse povo tem de se meter na vida alheia. Aff!
    Abraços e parabéns pelo texto

  11. Sergio Senna Pires via Facebook

    Olá Marisa, achei excelente a sua argumentação!

    É incrível como as pessoas podem criar teorias complexas a partir de algum indicador mínimo….. como nesse caso do Cachoeira que vc menciona.

    Realmente existem todos esses aspectos que vc citou e que t~em relação com os questionamentos do Edinaldo no artigo. Também acredito que existam limites para nossas conclusões, mas como vc muito bem explicou, temos um compromisso em mediar as narrativas e os exemplos dessas pessoas públicas para as nossas crianças.

    Por outro lado, a decisão de tratar de assuntos tão difíceis é complicada mesmo. Além disso, nem sabemos se a narrativa se deu na ordem em que foi apresentada para nós.

    Uma vez, me entrevistaram e, depois da edição, as perguntas não apareciam, somente as respostas…… e fora da ordem em que foram feitas. Então eu tive a impressão que não eram bem as minhas opiniões….. Confesso que quando vi o produto final (essa minha entrevista), não fiquei muito satisfeito. Algo semelhante pode ter ocorrido por conta da edição.

    Boas idéias… obrigado.
    Abraço
    Sergio Senna

  12. Sergio Senna Pires via Facebook

    Atena, ótimo comentário.

    Morri de rir com a sua maneira engraçada de comunicar algumas profundas verdades. Bacana!

    Comente mais em nossas matérias.
    Abraço
    Sergio Senna

  13. Marisa Assis via Facebook

    Acho que pelo fato dela ser uma pessoa pública é que muda tudo. Não vivemos isolados preocupados somente com o nosso umbigo. O depoimento de uma pessoa desta pode repercutir na vida de muitas crianças e adolescentes e como educadora acho que devo “gastar meu tempo” ouvindo para poder ver como isto vai aparecer lá com o grupo de adolescentes que atendo. Isto não quer dizer que a minha vida não seja muito interessante e não estou mais na fase de fantasiar sobre a vida de artistas, mas eu não vivo meu mundinho e nada mais! Gostando ou não, a vida dos artistas da TV são referências para as crianças e adolescentes que estão formando suas personalidades. Cabe a nós, adultos mediar as informações para minimizar danos.

  14. Atena Vieira via Facebook

    Como existe gente que não tem nada útil pra fazer! Aff! Assisti ao vídeo na internet e sequer passou pela minha cabeça saber se a Xuxa estava falando a verdade, meia verdade ou o que mais. Não me interessa. O fato dela ser uma pessoa pública não me dá o direito de achar que a conheço para emitir julgamentos. Quem se interessa pela vida alheia ao ponto de gastar seu tempo com isso, provavelmente, carece de uma vida pessoal interessante ou rica, fica projetando suas fantasias nas vidas das celebridades. Eu realmente não tenho muita paciência com xeretas,fofoqueiros e opiniosos. rsrs

  15. Marisa Assis via Facebook

    Achei o depoimento sincero, confuso às vezes e só posso pensar que ela teve a intenção de ajudar outras vítimas, já que ela não tem nada a ganhar com este tipo de mídia. Além de tudo ela expôs a filha e demais familiares. Sabemos que vítimas deste tipo de violência podem apresentar ao longo da vida comportamentos sexualmente comprometidos, podendo inclusive repetir o fato com outras crianças, caso não consigam ajuda ou tenham resiliência suficiente para superar, por isso , não considero incoerente a Xuxa ter, em determinados momentos de sua carreira, colaborado para a sexualização precoce das crianças com suas roupas sensuais, danças e até em relação ao polêmico filme. Não sou fã, nem defensora, apenas observei que teve um determinado momento de sua vida profissional em que ela deu uma guinada e resolveu produzir coisa realmente infantis, lançando vários CDs com músicas que foram, inclusive muito utilizadas nas escolas. Isto até o momento, onde optou pelo público adolescente.

  16. Marisa Assis via Facebook

    No caso da Xuxa, acho que ela fez a opção de se expor por um objetivo que só ela de fato conhece. acredito que ela não precise de mídia, ainda mais de forma tão bombástica, nem de dinheiro ou muito menos de servir de assunto desviador elegido pela globo para tirar o foco do povo do caso Cachoeira. è muita fantasia para minha cabeça!

  17. Marisa Assis via Facebook

    considero que a privacidade é um direito inquestionável de qualquer pessoa famosa ou anônimo e só ela pode deixar que a conheçam, seja no âmbito particular como amigos, família, ou no público no caso de celebridades.

  18. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Marcos Roberto Mas não buscamos aqui identificar expressões do vídeo, você deu uma lida desde o início do debate?

  19. Marcos Roberto via Facebook

    OLHA EDINALDO OLIVEIRA, ESTOU DE BOCA ABERTA COM O VIDEO DA APRESENTADORA XUXA, AINDA ESTOU ANALISANDO O VIDEO POIS, ASSISTI PELO MENOS 4 VEZES E PRECISO ASSISTIR UM POUCO MAIS PARA PODER DIZER OU MESMO TER INDICAÇÕES CONSISTENTES PARA PODER FALAR E INTERPRETAR ALGUMAS EXPRESSÕES…. GRATO E OBRIGADO MAIS UMA VEZ PELA MATÉRIA NO IBRALC QUE VOCÊ NOS APRESENTOU… GRATO E UM ABRAÇO !

  20. Mariza Borges via Facebook

    me aguarde, preciso ler os demais comentários. Antecipo que o silêncio e a desqualificação da voz da vítima sempre foram as trincheiras de proteção dos abusadores.

  21. Sergio Senna Pires via Facebook

    Olá Mariza, boa tarde. estamos aqui debatendo um assunto para o qual gostaria de pedir a sua colaboração.

    Andei comentando com amigos sobre o depoimento da Xuxa sobre sua vida no fantástico.

    a partir daí surgiram diversas questões importantes sobre o que ela disse e sobre os comentários que fizeram.

    Penso que a análise do comportamento é algo que qualquer ser humano faz o tempo todo. No senso comum, todos nós, por sermos humanos, analisamos os comportamentos uns dos outros.

    Entretanto, a análise técnica do comportamento: aquela que é realizada por pessoas especializadas precisa de um balizamento ético bem mais estrito.

    Nesse contexto, o Edinaldo trouxe à nossa consideração uma reflexão sobre a privacidade, quando vemos uma certa quantidade de comentários na Internet sugerindo que ela mentiu….. ou pelo menos não disse tudo que podia.

    Como sei que você tem reflexões importantes sobre a questão de não calar-se diante dos abusos cometidos, gostaria de pedir a sua colaboração nesse debate, considerando o que já temos tratado nesse tópico.

  22. Sergio Senna Pires via Facebook

    Claro Ana, será um prazer. lembrando que temos um sistema que copia esses comentários diretamente para o Portal. ele roda uma vez por dia.

  23. Ana Lúcia Palma via Facebook

    A propósito, juntei todas as minhas reflexões, inspiradas por vocês, arrumei a redação e disponibilizei no meu Facebook. Se vcs autorizarem, gostaria de postar o texto integral no site do Ibralc, em resposta aos comentários lá tecidos.

  24. Sergio Senna Pires via Facebook

    Olá Ana Lúcia, já combinamos o nosso café, pois fica muito mais fácil para nós que estamos na mesma cidade. Mais uma vez, obrigado pelas suas reflexões que tanto valorizo ao longo desses anos que fomos solidificando nossa amizade.

    Esse é um assunto difícil, pois a análise do comportamento é algo que qualquer ser humano faz o tempo todo. No senso comum, todos nós, por sermos humanos, analisamos os comportamentos uns dos outros.

    Entretanto, a análise técnica do comportamento: aquela que é realizada por pessoas especializadas precisa de um balizamento ético bem mais estrito.

    Penso que isso se aplica ao caso trazido pelo Edinaldo à nossa consideração quando vemos uma certa quantidade de comentários na Internet sugerindo que ela mentiu….. ou pelo menos não disse tudo que podia.

    Há algum tempo venho sugerindo às pessoas em geral e aos meus alunos em particular que reflitam sobre os limites da análise técnica do comportamento.

    E essa foi uma excelente oportunidade para perguntar o que as pessoas pensam sobre esse assunto.

  25. Ana Lúcia Palma via Facebook

    Ednaldo, quanto ao primeiro comentário: exato. É isso mesmo. Quanto ao café, enquanto arrumamos as agendas, podemos tomar um café por vídeo conferência no skype! rsrs

  26. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Quanto ao café, seria ótimo, mas no meu caso, tem que ser bem agendado, pois estou um pouco longe de Brasília rsrs

  27. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Perfeito…e vou arriscar um pouco, não sei se estou certo: esta etapa de contar verdades, mentiras, fantasias, etc, faz parte do desenvolvimento no trabalho em busca da solução do problema.

  28. Ana Lúcia Palma via Facebook

    E nisso, eu concordo plenamente com você. Quando um cliente senta na poltrona em minha frente, no consultório, em nada me interessa a veracidade de sua história. A questão é que, verdade inteira, ou meia verdade, ou verdade alguma, tanto faz: algum – às vezes muito – sofrimento há ali, a ponto de levá-lo a buscar ajuda. O que foi, o que é, no mundo real dos fenômenos, nunca saberei ao certo e me contento com o que me foi apresentado, com o que o cliente deu conta de trazer até ali. Embora isso seja inerente ao meu trabalho, e ao meu aporte teórico-existencial, ao longo do tempo, se tornou tão meu no dia-a-dia, que ao assistir ao vivo (sim, eu assisto o Fantástico), não expressei nenhum comentário, não para omitir uma opinião, mas porque na minha compreensão de vida, de ser humano, não tinha elementos suficientes para ter uma opinião… O único desejo que tive no momento, foi de que ela estivesse no meu consultório para, aí sim, compreende-la e aos seus motivos. Ela, e tantos outros que viram ou se tornam a si mesmos alvos da mídia e da opinião pública… Por isso eu não concordo com abordagens psicológicas que ficam “fuçando”… Por isso escolhi uma abordagem e modo de vida que não “fuça” nem especula sobre o outro. Acolhe, compreende, checa a própria compreensão com o fenômeno trazido pelo cliente, e assim a pessoa vai se conhecendo, se modificando, “se crescendo”.

  29. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Atena Vieira, estamos debatendo sobre os limites da privacidade quando uma pessoa vai a público falar de fatos pessoais. Poderia deixar suas considerações? Abraço!

  30. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Prezada Ana Lúcia, gostei bastante da terceira parte dos seus comentários, você tocou em dois pontos:

    Do aumento das denúncias…como você falou: querendo ou não, ela fez um bem.

    E achei interessante quando você comentou “eu mesma recebi, na mesma semana, duas pessoas em situação parecida, mas que nunca tinham revelado nada a ninguém por culpa, medo, vergonha, arrependimento. Não devo me alongar sobre suas histórias, sob risco de ir além do que posso/devo.”

    Se fosse uma conversa pessoalmente, poderia observar sua linguagem não verbal, e tentar encontrar alguma contradição entre o que você expressou verbalmente com o o que foi expresso não verbalmente, mas seria justo eu tentar “fuçar” sua opinião alheia sobre esta história da pessoa que buscou ajuda com você? Poderia até fazer isso, mas guardar para mim, e não sair por aí dizendo possíveis contradições a respeito das suas opiniões.

    Quando você já deixou claro verbalmente que não quer falar além do que já verbalizou, inclusive por questões éticas da profissão, eu deveria ligar meu alerta e respeitar seus limites de privacidade. É esse ponto que geralmente acredito não ser correto tais “profissionais” ficarem “fuçando”…

    Muito bom, comentários só complementam o artigo.

    Abraço,

    Edinaldo Oliveira

  31. Ana Lúcia Palma via Facebook

    Além das notícias veiculadas na mídia ao longo da semana passada, que davam conta de grande quantidade de denúncias, supostamente encorajadas pelo depoimento da apresentadora, eu mesma recebi, na mesma semana, duas pessoas em situação parecida, mas que nunca tinham revelado nada a ninguém por culpa, medo, vergonha, arrependimento. Não devo me alongar sobre suas histórias, sob risco de ir além do que posso/devo. Mas se a intençao era essa, a Maria das Graças Meneghel, ali apresentada como Xuxa, conseguiu atingir seu intuito. Se não era, e se era puro sensacionalismo (o que, pessoalmente não acredito), ela atirou no que viu, e acertou no que não viu. Ótimo. E acho que tem mais tecido pra costurar, mas o que era pra ser só um comentário, virou ensaio… Um abraço pra vocês!

  32. Ana Lúcia Palma via Facebook

    Posso, no entanto, avaliar algumas das consequencias desse ato, e especular então sobre a intencionalidade da Xuxa, àquela altura apenas Maria da Graça, e com o perdão do trocadilho, da sua desgraça. É inegável o papel de uma pessoa rica, linda e famosa na formação da opinião pública, e por que não, da libertação da opinião pública sobre assuntos TÃO duros, e mais frequentemente do que se precisaria, TÃO mantidos no mundo “privado”.

  33. Ana Lúcia Palma via Facebook

    Amigo Sergio, e caro Edinaldo, obrigada por me incluir nesta conversa. Antes de responder às perguntas inicias, teço alguns comentários: não conheço a Maria da Graça Meneghel, conheço o lado artísitico-publicitário da Xuxa, conheço bem o que uma edição jornalística pode fazer. Não conheço nada de leitura corporal, especialmente das micro-reações corporais além dos episódios do Lie to me. Assim, considero leviano de minha parte, como alguém mais interessada em considerar o ser humano e sua subjetividade/intencionalidade. Desconheço também isso na Xuxa. Pondero a expressão “abrir mão da privacidade”. A mim me parecem contraditórias, pois se o conteúdo está pronto para ser levado a público pelo próprio autor, para ele tal conteúdo já não pode mais pertencer somente a si, devendo necessariamente pertencer ao mundo dos conteúdos públicos, não havendo mais, portanto, do que abrir mão.

  34. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Thiago Sálvio, Vinicius Lopes, Sheyene Figueiredo, Marisa Assis, Bruno Martins, Dayse Costa Costa, Michele Carvalho, Juan Kelvin, Pedro Herrera, Daniel Iwashima,

  35. Sergio Senna Pires via Facebook

    Olá Ana Lúcia, estamos aqui em um debate sobre os limites da privacidade quando uma pessoa vai a público contar coisas pessoais.

    Eu gostaria muito de saber a sua opinião sobre esse tema à luz dos comentários anteriores.

    Obrigado.
    Sergio

  36. Edinaldo Oliveira via Facebook

    No caso da Xuxa, ela falou o que queria (até onde queria), e pronto! Não nos interessa saber se tem algo a mais, é um direito dela o silêncio.

  37. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Acredito que o jurídico opte por esta “fórmula” para resolver os problemas da sua área. Entretanto, mesmo quando alguém vai em público declarar algo, isto não dá o direito de querer mais respostas do que o interlocutor possa dar.

    Lembrando o caso do presidente Bill Clinton e Monica Lewinsky, apenas como exemplo grosseiro: ele declarou até onde achou que deveria, em um primeiro momento, após isto (devido à situações da sua posição no governo), ele resolveu contar uma versão “verdadeira”. Ora, sabemos que existem muito mais coisas além do que ele contou, mas temos que pesar a medida entre a figura presidente/cidadão.

    Do lado presidente, ele de fato, por sua OPÇÃO de assumir uma figura pública importante, deve alguma explicação ao povo que o elegeu (dentro das circunstâncias do modelo de eleição utilizado por lá), mas, temos o direito de invadir sua privacidade, no que se diz respeito à situação do casamento dele com Hillary Clinton? Ou ainda, saber o que “exatamente” ele fazia com a estagiária??

    Acho muito complicado dividir bem o que é público e o que é privado.

  38. Sergio Senna Pires via Facebook

    Ontem, conversando com uns amigos sobre esse caso (preponderavam pessoas com formação jurídica), alguns defenderam que no momento em que alguém vai a público expor a sua vida pessoal, ela abre mão da privacidade.

    Um amigo até argumentou que esse é um dos critérios utilizados pelo Poder Judiciário para definir indenizações por “invasão de privacidade”.

    A conversa foi bem acalorada e muito interessante. Mas fiquei com dúvidas se não teríamos, nós que observamos, um compromisso com limites em relação aos comentários que fazemos a partir de ilações sobre o comportamento da pessoa.

    Então, o que acham sobre isso?

  39. Sergio Senna Pires via Facebook

    A propósito do interessante tema desse artigo, gostaria de saber a opinião dos nossos leitores sobre o seguinte:

    1. Quando Xuxa resolveu tratar de assuntos pessoais em um programa com cobertura nacional ela abriu mão de sua privacidade?

    2. Caso ela tenha aberto mão da privacidade, isso significa que podemos dizer e analisarmos o que bem entendermos?

    O que você pensa sobre isso?

    1. Alzyr Luís da Costa Quaresma

      Boa tarde Dr. Senna.

      Após ler o artigo de Edinaldo Oliveira, fui assisti ao vídeo mais uma vez, e refleti sobre o tema em questão. Tenho uma opinião formada de que todos devem ter a sua privacidade respeitada, mesmo as celebridades – que de certa forma, fazem um “contrato” com a sociedade de abrir sua vida – como a apresentadora, cantora e atriz Xuxa Meneguel.

      Infelizmente o que vem acontecendo é que essas pessoas – celebridades – preferem escancarar suas vidas e de seus familiares para ter mais quinze minutos de fama. O que considero ridículo.

      Não estou aqui falando da Xuxa, até por que não sabemos o que levou a apresentadora a divulgar informações tão graves e pessoais para o país inteiro.

      Me refiro aqueles que querem a qualquer custo se promover, independente da forma utilizada.

      No caso da Xuxa, ela chegar em frente de milhões de telespectadores e corajosamente afirmar que foi abusada/estuprada na infância, poucas pessoas, homens e mulheres, teriam tal coragem.

      Mesmo que em algum momento ela possa ou não ter mentido, só o fato de ter ido em frente as câmeras e “abrir seu coração” é uma prova de humanidade.

  40. Prezado Edinaldo, parabéns por essa importante reflexão sobre um tema que vem sendo esquecido por muita gente.

    Todo analista do comportamento que recebe uma formação técnica, psicólogos por exemplo, aprendem que o respeito às pessoas é um elemento fundamental para um exercício profissional bem sucedido.

    Sua reflexão vai ao encontro dessa necessidade de respeito. Algumas pessoas já me perguntaram o que eu quero significar com a palavra respeito.

    Minha definição é simples: respeito é a manifestação de um compromisso com certos valores. Respeito ao idoso, por exemplo, se traduz em um compromisso com o bem estar com a precedência que devemos oferecer aos nosso idosos.

    Nesse contexto, um dos compromissos mais importantes que devemos estabelecer com nossos semelhantes tem relação com a garantia de sua privacidade.

    Muito me alegrei em ler a sua publicação que demonstra sensibilidade sobre esse importante aspecto da análise comportamental e revela a importância que esse cuidado com as pessoas já vem tendo em sua vida.

    Me preocupa quando alguns auto-proclamados analistas do comportamento não verbal desconsideram o cuidado que devemos ter quando especulam sobre sentimentos, sobre a verdade e sobre a mentira. Quando entendemos isso, percebemos que seu alerta é da maior importância.

    Nenhum analista, do que quer que seja, com qualquer formação que possa ter tido, que tenha estudado em qualquer lugar por mais importante que seja, pode sugerir que sabe mais sobre alguém do que a própria pessoa.

    Analisar o comportamento humano não é estar sentado em um lugar entre o céu e a terra.

    Parabéns pela sua reflexão.
    Um abraço
    Sergio Senna

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