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Lie to Me – Oitavo Episódio

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Tempo de leitura: 3 min.

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Lie to Me – Coração Corrompido (Depraved Heart)

Assim como em outros episódios, existem diversos temas para comentar. Escolhi dois que considero muito importantes para aqueles que estão estudando a interpretação da comunicação não verbal e que desejam tornarem-se bastante efetivos em suas análises.

O primeiro desses aspectos tem relação com as emoções que sentimos ao analisar a linguagem corporal de outras pessoas. O segundo, diz respeito a uma das mais importantes limitações dos métodos de análise da linguagem corporal. Muito da dinâmica que cativa na série é o desenvolvimento de muitas histórias paralelas nos episódios. Existem sempre duas ou três personagens que são analisadas, além de toda a trama que se desenrola entre os próprios membros do Lightman Group.

Passemos, então, a pontuar os aspectos anteriormente mencionados.

 

As nossas emoções influenciam as análises que fazemos

Durante muito tempo se pensou que era possível afastar nossas emoções das análises que realizamos. No meio científico, acreditava-se que a utilização criteriosa de um “método” seria condição suficiente para que nossos objetos de análise fossem “separados” de nós. No século passado, chegou-se a chamar um único método como “científico”, como se nunca pudesse existir outro que merecesse tal denominação.

Com o passar do tempo e com o surgimento de novas metodologias de pesquisa, verificou-se que a influência das idéias e das emoções dos pesquisadores causava muito mais impacto nas pesquisas científicas do que pensava. A partir dessas constatações, os métodos, cada vez mais, passaram a considerar a interação entre os observadores e os fenômenos observados como elementos relevantes na pesquisa.

Nesse episódio da série, vemos a personagem de Brendan Hines (Eli Loker) mostrar seu ódio por uma das pessoas que são investigadas pela equipe. Ao sentir ódio, suas análises podem ficar  prejudicadas caso não seja desenvolvida alguma estratégia para evitar os efeitos indesejáveis desse tipo de viés.

Com essa argumentação não quero dizer que não nos emocionemos. O que esperamos dos seres humanos? Que experimentem as emoções inerentes às experiências vividas. No entanto, quando analisamos a linguagem corporal, é necessário todo o cuidado para que emoções negativas ou positivas não influenciem nossos juízos a ponto de tirarmos conclusões apressadas ou mesmo equivocadas.

O vídeo a seguir mostra uma cena em que um delegado encarregado pela investigação de um homicídio se emociona ao contar os fatos. Esse profissional da segurança pública está de parabéns por se emocionar diante do assassinato brutal de uma criança. O que nós esperaríamos dele? Que não se emocionasse?

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Penso que todos nós que assistimos atônitos as notícias sobre o caso Lavínia nos solidarizamos com a equipe de investigação e, principalmente, com a família da vítima.

Ainda que nossas emoções não atrapalhem nossos julgamentos, a sua expressão influencia nossos interlocutores. No episódio, vemos a Dra. Gilliam pontuar esse aspecto com Loker quando o impede de conversar com a filha de um estelionatário, pois o colega de trabalho vinha mostrando raiva em suas expressões faciais e em suas palavras, o que podia prejudicar a investigação.

 

Conseguir enxergar uma emoção é apenas meio caminho para a verdade

Muitas pessoas colocam na interpretação da linguagem corporal uma esperança muito grande. No entanto, a verdadeira comunicação é constituída de muitos elementos, de muitos canais e camadas. A linguagem corporal nos dá acesso a uma camada básica, muito ligada ao nosso sistema nervoso. Por esse motivo, ela é tão valiosa para percebermos as emoções subjacentes ao processo da comunicação.

No entanto, quando se trata de conhecer as razões e motivos que explicam determinado comportamento, ela não é suficiente. Nessa etapa, é necessário estabelecer uma comunicação verbal, onde os significados, as interpretações possam ser explicitadas.

Em uma das cenas do episódio, a Dra. Gilliam é interpelada por Ria Torres acerca de uma ex-paciente de Lightman que teria cometido suicídio e recebe a seguinte resposta:

“O fato de você conseguir ver tudo não implica que você consiga entender tudo”

Essa é uma das falas mais esclarecedoras e verdadeiras sobre a realidade das técnicas de interpretação da linguagem corporal.

É exatamente aí que reside a principal de suas limitações. Essa interpretação precisa ser complementada com outras técnicas para que, uma vez identificadas as emoções do processo comunicativo, as explicações, razões, motivos e os demais conteúdos possam ser expressos por meio da verbalização.

Não vejo muito sentido em analisar apenas a linguagem corporal, a não ser sob um ponto de vista meramente preventivo. Por exemplo, você pode afastar de si algumas pessoas potencialmente prejudiciais a você utilizando a avaliação da linguagem corporal delas. Para isso, não há necessidade de saber os motivos pelos quais as pessoas querem te aplicar um “golpe”. O que interessa, é sair dele!

No entanto, na maioria dos contextos, é de suma importância saber o porquê das pessoas experimentarem determinada emoção, principalmente na condução de investigações policiais ou administrativas, como é a proposta da série.

No próximo artigo veremos como as distâncias que as pessoas mantém entre si podem nos ajudar a inferir o grau de intimidade que possuem. Siga acompanhando nossos artigos.

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. Lie to Me – Oitavo Episódio. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/lie-to-me-oitavo-episodio/> . Acesso em 23 Apr 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2011). Lie to Me – Oitavo Episódio. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 23 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/lie-to-me-oitavo-episodio/.

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10 comentários em “Lie to Me – Oitavo Episódio”

  1. Penso as vezes que a série que passar é que o conflito de idéias  é necessário para a resolução do caso por conta de novas idéias que surgem, isso explicaria o clima hostil dentro do seriado, pois esse tipo de “confronto” intelectual é estimulado.

    1. Olá Saulo, obrigado pelo seu comentário.

      Concordo com sua observação, principalmente quando o conflito mantém-se no embate intelectual.

      No entanto, observe que, na série, principalmente a personagem do Dr. Lightman demonstra desprezo pelos seu colegas.

      Diálogos e expressões que servem de indicadores para a minha observação aparecem em quase todos os episódios. É sobre esse exagero emocional que refiro.

      Honestamente, não creio que o desprezo seja muito construtivo em uma equipe, mas sim o confronto honesto de idéias ainda que ocorra um ou outro conflito.

      Um abraço e siga participando de nossos debates.
      Sergio Senna

    2. Acho interessante a análise do personagem, mais assistindo alguns filmes com esse ator(Tim Roth), ele mostra o mesmo tipo de atitude, de desprezo com expressões principalmente e diálogos. Esse personagem leva muito das caracteristica do ator. Mas atemos ao Dr. Lightman, que possui conflitos internos, que não sabe lidar. Ainda não assisti todos os epísodios, mas parece que teve alguns traumas na infância, alguém muito próximo pode ter causado esse trauma. Esse e o mesmo problema do Dr. House(de outro seriado), a necessidade de resolver casos, é uma auto-afirmação, a “aspereza” é um mecanismo de defesa para se preservar, a não passar de novo pelo mesmo trauma.

    3. Saulo,

      O que existe muito no seriado House e Lie to me é este tipo de pensamento para alimentação do confronto. Na prática, um pouco de estresse as vezes nos pressiona para darmos nosso máximo, entretanto, um ambiente que possui um clima hostil como normal, a longo prazo, não é produtivo (por exemplo, ambientes de bancos, onde os gerentes a todo custo querem vender produtos – passando inclusive por cima da ética muitas vezes – pressionam seus funcionários ao extremo, inclusive, as vezes, com “retoques de humilhação”.

      O que acontece? No curto prazo, se consegue atingir as metas, mas no médio e longo prazo, esta situação é insuportável, levando o funcionário ao estresse e uma série de doenças, resultado: o gerente termina por deixar sua equipe “deficiente”, e não conseguirá mais atingir os resultados esperados. Observe que no seriado de House, alguns funcionários pediram demissão e vivem reclamando da forma de trabalho – o mesmo ocorre em Lie to me.

      Abraços,

      Edinaldo

    4. Desculpe, mas o exemplo q usou não tem muito haver com o que quero dizer. Até pq o contexto q usou é outro. No seriado House, é um ambiente médico, onde o tempo da resposta, é exatamente o tempo que uma pessoa pode morrer ou não, muito diferente de um banco.

      Os seriados mostram que temos que acreditar nas nossas idéias, e as vezes vencer um ambiente hostil, independente de quem esteja acima, isso é muito claro em House. Esse tipo de Modelo/pensamento é aplicado na Apple, e foi o próprio Steve Jobs que cultivou isso. Não esqueçam que hj a Apple é a empresa mais valiosa do mundo.
      Steve Jobs tinha fama de ser hostil, a quase um “House”, mais exatamente para aqueles que não acreditavam em suas idéias e ideais.

      Logicamente, não é o modelo de vida, pois estaria generalizando uma variável que é imprevisível.

      E uma frase que me disseram:
      “Tudo depende, tudo. Até essa frase depende.”

    5. Saulo,

      O exemplo que dei poderia ser transportado para outras áreas. Conheço alguns ambientes que trabalham na área da saúde, e este clima de pressão pouco ajuda.

      O fato é que não podemos tomar “um modelo hostil” como padrão de “alavancagem para soluções”, cada ambiente deve possuir um clima harmônico próprio. É muito interessante ver no seriado House distribuindo ofensas, mas já pensou se em um ambiente de tratamento de câncer ou hemodiálise os médicos usassem a teoria house de atendimento?? Acredito que esta ação não seria bem recebida pelos demais.

      Acredito que o caso de Jobs (APPLE) deve-se mais à sua genialidade técnica do que tratamento da equipe. Veja outro exemplo de sucesso: o Google. Agora observe como é o clima de trabalho por lá: tranquilo, prioridade com o bem-estar do colaborador, favorecimento do trabalho em equipe, etc.

      Assim, acho que o mais humano e produtivo, é trazer a tona o que o colaborador tem de melhor, através do respeito, diálogo e incentivos. O contrário, acredito que não será muito produtivo.

      Mas achei interessante o tema trazido….siga acompanhando.

      Abraço,

      Edinaldo

  2. Edinaldo Rodrigues de Oliveira Junior

    Olá,

    Lendo o artigo, achei interessante o trecho: “O fato de você conseguir ver tudo não implica que você consiga entender tudo”. Muitos confundem a análise corporal e da face como se fosse uma “bola de cristal”, que desse o poder de ler pensamentos…longe disso. O que podemos fazer é identificar reações, e ao meu ver, isso é muito interessante: já pensou você obter respostas sinceras as suas perguntas?? é isto. Hoje posso ver quando alguém mente, tem medo, está triste, chateado, e dentro do contexto, sei se ele fala a verdade.

    Meu grande problema hoje é coordenar bem as perguntas, para obter as respostas que eu quero, pois as vezes sou muito inquisitivo, pergunto diretamente, afim de obter a resposta (independente do que o locutor diga, a resposta eu obtenho pela face/expressão corporal). Já pensou quantas vantagens isso te nos dá? O lado ruim é aprender a controlar, e respeitar a privacidade, pois muitas vezes me sinto tentado a perguntar sobre algo e ver a reação, o que muitas vezes pode ser visto como uma invasão de privacidade.

    É isto, no mais, parabéns por mais este artigo. E fica uma sugestão: Podia ter uma parte do blog, dedicada a trechos de programas/reportagens da tv (preferência temas famosos), mostrando se ali tem verdade ou mentira…só não sei o quanto de problema isso pode gerar… rsrs

    Abraços!

    Edinaldo Junior

    1. Prezado Edinaldo, saudações.

      Sua observação é bastante pertinente e essa mesma dificuldade é enfrentada por muitas pessoas que utilizam a interpretação da linguagem corporal.

      Creio que um dos segredos para superá-la é separar quais são as perguntas realmente relevantes daquelas que ocorrem por mera curiosidade.

      No meu dia-a-dia trabalho com políticos e diversas autoridades. No início me senti tentado a ceder à curiosidade de perguntar coisas sobre “aquela última notícia do Jornal Nacional” ou coisa parecida.

      Um dia me perguntei: — esse conhecimento traz algum benefício para o meu trabalho? A resposta foi indistintamente um grande não!

      Então fui colocando a minha curiosidade sob controle e desenvolvendo um profundo respeito pelos meus interlocutores, ainda que nem os conheça direito. Tal respeito não ocorre entre as personagens da série Lie to Me.

      A única que parece ter algum bom senso é a Gillian Foster. Imagino que o desequilíbrios das demais personagens faz parte do “clima” que os produtores querem dar aos episódios da série. A polêmica faz parte desse clima.

      Vamos conversando
      um abraço
      Sergio Senna

    2. Edinaldo Rodrigues de Oliveira Junior

      Prezado Sérgio Senna,

      Perfeitas suas colocações. O seriado realmente “força” um pouco o clima, e as vezes, acredito que algumas análises de micro-expressões são um tanto “forçadas” também – explico: vendo alguém muito de perfil, vendo alguém muito distante, e algumas outras similares, acredito que torne-se complicado fazer tal tipo de análise nestas circunstâncias. Já as imagens gravadas – em estúdio, aí sim, a imagem fica clara, e podemos fazer a análise com mais propriedade. Não sei se essa minha opinião é correta, ou é porque ainda estou engatinhando no assunto (ainda tentanto memorizar/entender algumas expressões), pois meu aprendizado até o momento está vindo do seriado, do livro do paul ekman e de artigos do seu site.

      Mais uma vez obrigado pela atenção!

      Edinaldo

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