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O polígrafo é eficaz? – Lie to Me – S1E2

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Tempo de leitura: 4 min.

Lie to Me – Renúncia Moral (Moral Waiver)

O polígrafo é confiável? No segundo episódio da série Lie to Me duas tramas são retratadas, que não revelaremos para não atrapalhar a sua diversão. Falaremos apenas da ciência por trás do que você vê.

 

O polígrafo é mesmo a “máquina da verdade” [o polígrafo é confiável?]

lie-to-me-polígrafoEm uma das primeiras cenas, a equipe do Lightman Group introduz um dos assuntos mais polêmicos na detecção de mentiras: o uso do polígrafo.

O polígrafo é um equipamento que foi inventado por William Marston, a partir das ideias de vários predecessores. Basicamente, é uma máquina que faz o registro de parâmetros do sistema nervoso autônomo de forma que um “especialista” possa comparar o registro da respiração, da pressão sanguinea, da resposta galvânica da pele e da tensão muscular durante uma sessão de perguntas e respostas.

O uso dessa máquina vem sendo questionado até mesmo pelas culturas que a valorizam, pois não há segurança sobre a relação entre a variação dos parâmetros do sistema nervoso autônomo e a mentira, por exemplo.

Uma pessoa pode ter sua pressão sanguinea aumentada por que está mentindo, mas essa mesma pressão pode subir por outros motivos, como o nervosismo de estar diante de um inquiridor, por exemplo.

O questionamento sobre a eficiência da máquina será desenvolvido durante o segundo episódio. Preste bem atenção. No Brasil, a forma como lidamos com a mentira é diferente das culturas de origem anglo-saxã, não nos parecendo digno que uma pessoa seja submetida a interrogatório estando ligada a uma máquina.

Para ilustrar incluímos a cena do ovo de avestruz e o questionamento acerca da excessiva confiança nos métodos de detecção de mentiras. Assista a seguinte cena do 2º episódio:

 

 

Na cena acima, vemos uma exemplificação sobre os parâmetros efetivamente medidos pelo polígrafo ou detetor de mentiras. Em minha opinião, chamamos erroneamente essa máquina de detector de mentiras. Não é isso que ela faz!

Sua função é registrar alterações em parâmetros do sistema nervoso autônomo. Variações na pressão sanguínea, na frequência respiratória, na condutância da pele, a até mesmo na variação de ondas cerebrais em alguns casos.

Como vemos, é uma medição indireta. Quem faz o trabalho intelectual é o operador e intérprete dessas variações. Quando o Dr. Ligthman defende que as expressões faciais são mais confiáveis do que o polígrafo, eu também não posso concordar.

Na verdade, tanto as expressões faciais quanto outros indicadores não verbais têm a mesma origem: a ativação do sistema nervoso autônomo. Sob essa ótica, precisamos ter cuidado com qualquer método pois não existe um único e definitivo sinal da mentira. Essas ão as questões que levam as pessoas a questionarem se o polígrafo é confiável.

No entanto, vejo grandes vantagens em aprender a reconhecer e a interpretar as expressões faciais, pois não há necessidade de equipamentos caros e esse conhecimento está sempre disponível com você, em todo lugar e em todos os momentos. Além disso, você pode observar discretamente e não precisa ligar ninguém a uma máquina, o que no Brasil é expressamente proibido na legislação trabalhista, por exemplo.

Para mais detalhes veja o artigo:

Não Existe um Único e Definitivo Sinal da Mentira

poligrafo-confiavel-ovo-avestruz-linguagem-corporal-ibralcA questão do ovo de avestruz é um pouco controversa. Não sei quantos dos nossos leitores já tentaram quebrar um ovo de avestruz com as mãos. Não é tão fácil como foi mostrado na cena acima. Uma pessoa pode ficar em pé em cima de ovos de avestruz….

Tampouco serve muito de parâmetro para detectar mentiras, uma vez que apertar tão forte não é tão comum assim nos casos em que alguém está mentindo. Nesse contexto, o polígrafo é confiável tanto quanto um ovo de avestruz….

É sempre bom lembrar que os estudos científicos mostram que cerca de 15% da população não demonstram os sinais clássicos da mentira. Então, para essas pessoas, esse teste seria pouco eficaz…. Vejo apenas um efeito cinematográfico para fazer a personagem que defende o polígrafo passar vergonha e comparar a máquina “muito avançada” a um ovo de avestruz…..

Você pode ver outros artigos que explicam essa questão:

Quais são as técnicas para detecção de mentiras

A verdade em nossas caras

 

As expressões faciais e as emoções

Outro tema tratado no segundo episódio é a importância da interpretação das expressões faciais. Essa interpretação inclui aquilo que se vê e também uma emoção esperada que não aparece.

Tão importante quanto verificar sinais de impaciência e desaprovação é observar, por exemplo, alguém que não demonstra surpresa quando em contato com algum assunto que alega desconhecer. Isso pode revelar, dentro do contexto adequado, que a pessoa inquirida já sabia algo sobre aquela informação, por exemplo.

lie-to-me-expressao-dorEstados de dor também são revelados pelas expressões faciais. Existem estudos científicos sobre a pretensa universalidade de algumas dessas expressões. No entanto, ainda não foi possível demonstrar essa universalidade, apesar de existirem indícios fortes da plausibilidade da hipótese.

Divertimento garantido! E fique sabendo se o polígrafo é confiável. Isso você encontrará no segundo episódio da série. Fique ligado em nossos comentários!

Opinião do Dr. Ekman sobre o polígrafo

Um abraço e até a próxima
Sergio Senna


Artigo Original: 21 de fevereiro de 2011

Atualização: 7 de julho de 2016

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. O polígrafo é eficaz? – Lie to Me – S1E2. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/poligrafo-eficaz-lie-to-me-segundo-episodio/> . Acesso em 18 Apr 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2011). O polígrafo é eficaz? – Lie to Me – S1E2. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 18 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/poligrafo-eficaz-lie-to-me-segundo-episodio/.

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7 comentários em “O polígrafo é eficaz? – Lie to Me – S1E2”

    1. Olá William, obrigado pela sua pergunta.

      Eu não recomendo o uso do polígrafo. Vejo apenas uma utilidade no contexto brasileiro: explorar a falsa crença que existe nas pessoas de que é uma máquina capaz de “extrair” a verdade….

      Nesse contexto, ao dizer que a pessoa passará pelo polígrafo, um investigador pode iludi-la pelo medo de que a máquina extrairá a verdade e então ela pode se tornar mais cooperativa… Fora isso, não vejo maiores utilidades, uma vez que a Constituição Federal determina que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, então não será possível obrigar alguém a se submeter ao polígrafo.

      Eu possuo um, que uso nos meus cursos presenciais para mostrar, quando realizo os exercícios, que a observação do comportamento é tão útil quanto essa máquina.

      Se você fizer o meu curso presencial “Os Sinais da Mentira“, na modalidade presencial, verá esse exercício sendo realizado.

      Sigo à disposição
      um abraço
      Sergio Senna

    2. Não recomendo e por essa razão faz tempo que adquiri um polígrafo de 8 canais que eu utilizo em meus cursos presenciais para mostrar que seu resultado é semelhante à análise comportamental.
      Um abraço
      Sergio Senna

  1. Olá, muito interessante (:
    Eu só gostaria de perguntar exatamente q episodio é esse no video ( temporada, nome, etc)
    e se é possivel encontra-lo no youtube, obrigada!

    1. Olá Sofia, obrigado pela sua pergunta.

      Trata-se, como indicado no título do artigo, do segundo episódio da 1ª temporada. Não acho que você encontrará esses episódios no Youtube, pois existem as questões de direitos autorais envolvidos…

      Você encontra a primeira temporada na livraria Saraiva por R$ 60,00 ou na Internet em diversos sites de vendas.

      Siga participando de nosso Portal.
      Saudações
      Sergio Senna

  2. Preciso de livros em Português e espanhol sobre Micro expressões e expressoes faciais.Algum que possa me indicar( já possuo o SETT, METT e o FACS).

    1. Prezado Rafael, obrigado pelo seu comentário.
      A dificuldade que você sente é percebida por muitos outros brasileiros. Não existe literatura sobre esse assunto em Língua Portuguesa.

      Mesmo a literatura que existe em inglês deve passar por uma adaptação, pois nossos “dialetos” não verbais podem ser bem diferentes.
      Quando o Dr. Paul Ekman perseguiu durante toda a sua vida o objetivos de demonstrar que existem emoções e expressões faciais universais, não quis defender que todas elas o sejam.

      Em meus estudos tenho percebido diferenças entre o que encontro na literatura de língua inglesa e o que vejo no rosto dos políticos com quem trabalho.
      Infelizmente, teremos que esperar um pouco até que a pesquisa avance para que a produção escrita em nosso idioma se robusteça.

      Recentemente, foi lançado um livro intitulado A Linguagem das Emoções, por Paul Ekman.

      Você encontrará, ainda, referências de um pesquisador português chamado Armindo Freitas-Magalhães mas que, ultimamente, tem publicado em inglês.

      Sucesso nos seus estudos
      Saudações
      Sergio Senna

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