Psicopatia e vigilância preventiva

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A vigilância preventiva é válida? É ético vigiar o padrão de comportamento para descobrir psicopatas antes que eles cometam seus crimes?

Iniciamos essa breve postagem com uma intrigante pergunta que ressoa pelos meios de comunicação norte-americanos.

A notícia:

vigilância preventiva - Policial Canibal - Linguagem Corporal - IBRALC

Nessa última sexta-feira (26/10/2012), um integrante da polícia de Nova York foi preso por agentes do FBI sob a acusação de planejar sequestrar, estuprar, matar, cozinhar e comer mulheres, com a ajuda de, pelo menos, mais uma pessoa.

Segundo a versão oficial, Gilberto Valle também é acusado de valer-se de sua situação de policial para acessar um banco de dados federal, do qual ele extraía  informações para planejar o sequestro das vítimas. 

O FBI descobriu os planos de Gilberto Valle por meio de mensagens instantâneas e e-mails que ele enviava para os outros suspeitos, com detalhes sobre os crimes a serem cometidos.

A Justiça autorizou uma busca no computador do suspeito, e a polícia descobriu que ele criava arquivos individuais, com informações de pelo menos 100 mulheres, contendo pelo menos uma fotografia de cada uma delas. O acusado também possuía informações pessoais dos alvos, como endereço, descrições físicas e até o tamanho do sutiã.

Considerando que os estudos científicos sobre psicopatia (e.g. Hare, 1991; Merckelbach & Jelicic, 2004)  informam que o padrão dos psicopatas assassinos é passarem por uma primeira fase na qual fantasiam com seus futuros crimes, você pensa ser adequado “tirar um cidadão desses de circulação para investigação” antes de cometerem os crimes?

psicopatia-e-vigilancia-preventiva-ibraleNesse curioso caso, a denúncia foi realizada pela própria esposa do suposto psicopata, que “estranhou” o seu comportamento por passar muitas horas na Internet (deve ter tido algum detalhe a mais que ela não revelou).

O advogado de defesa argumentou que seu cliente não cometeu nenhum crime, “era só fantasia”.

Nosso questionamento se aplica à observação e à análise do comportamento não verbal, pois muito disso pode ser utilizado para a tomada de decisões e de vigilância preventiva.

Mas, se algo não ocorreu de fato, será que é válido tomar tais medidas? Caso você considere válido, a partir de que ponto devemos agir preventivamente?

O que é psicopatia e por que é importante a vigilância preventiva nesse contexto?

A psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por traços como falta de empatia e remorso. Algumas pessoas argumentam que a vigilância preventiva é importante para identificar indivíduos psicopatas e intervir precocemente, reduzindo o potencial de comportamentos criminosos e prejudiciais.

Quais são alguns sinais de alerta que podem indicar psicopatia em uma pessoa?

Sinais de alerta de psicopatia incluem manipulação, charme superficial, impulsividade, ausência de culpa, falta de empatia e comportamento antissocial. Observar esses traços pode ser importante para a detecção precoce. Sobre isso veja o nosso artigo: Sociopatia e a psicopatia: quais as diferenças?

Como a vigilância preventiva pode ser implementada para lidar com indivíduos psicopatas?

Aqueles que defendem a necessidade de uma vigilância preventiva sugerem que ela envolve a identificação, avaliação e tratamento de indivíduos com traços psicopáticos. Isso pode incluir terapias comportamentais, acompanhamento psicológico e, em casos extremos, medidas legais para proteger a sociedade contra comportamentos prejudiciais desses indivíduos.

Atualização do artigo em 2016: O policial foi inocentado. Isso muda a sua opinião?

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Um abraço

Sergio Senna


Artigo Original: 28 de outubro de 2012. Atualizações em 14 de junho de 2016 e em outubro de 2023

Referências

Hare, R.D. (1991). The Psychopathy Checklist-Revised Manual. Toronto: Multihealth Systems.

Merckelbach, H., & Jelicic, M. (2004). Dissociative symptoms are related to endorsement of vague trauma items. Comprehensive Psychiatry, 45, 70–75.

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