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O 93% não verbal da comunicação é verdade?

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Tempo de leitura: 5 min.

Você já deve ter lido e ouvido que o processo comunicativo é 93% não-verbal.

Vamos tratar do mito mais conhecido e mais divulgado sobre linguagem corporal e comunicação não-verbal.

93% da comunicação é não-verbal

 

♦ FATOS

  • É uma das primeiras regras que se aprende;
  • É argumento utilizado para valorizar o conteúdo não-verbal;
  • Especialistas não cansam de repetir. 

Quando comecei a me interessar pelo tema, essa foi uma das primeiras regras que aprendi.

Vi essa afirmação em muitos livros e ouvi de muitos “especialistas”. Essas pessoas afirmavam que “estudos científicos” comprovavam tal porcentagem. Mas você sabe qual foi a origem da regra 7-38-55?

Clique para ver os motivos para a minha inquietação com isso

No entanto, eu sempre fiquei incomodado com essa história do 93% não verbal da comunicação por dois motivos:

1. Me parecia que se o significado das palavras representasse apenas 7% do que se desejava comunicar, bastaria uma boa observação ao comportamento não verbal para ter uma ideia bem próxima da comunicação.

Se comprovada essa relação de 93% não-verbal para 7% verbal – a verbalização poderia até mesmo, (em um cenário mais extremo) ser colocada em um segundo plano, o que não se verifica na vida real…..

2. Observei, também, que a comunicação mudava muito de acordo com o contexto no qual ocorria (incluindo a comunicação não verbal). Em ambientes acolhedores, por exemplo, as palavras eram muito importantes e compreendidas com cuidado.

Por outro lado, em ambientes hostis, as palavras eram escolhidas com cuidado e a quantidade de gestos que as pessoas faziam também diminuíam se passavam a tomar cuidado com o que diziam ou aumentavam se entravam em um “modo persuasivo”.

Essa minha inquietação me levou à busca pela origem da tão falada regra 7-38-55 da soberania dos 93% não-verbal da comunicação, sobre a qual dedicarei esse artigo.o-mito-de-mehrabian-a-regra-7-38-55-ibrale-educacao-emocional-450

♦ IMPORTANTE!

O que diz essa regra? 

Supostamente,

  • 7% da comunicação seria atribuída ao componente verbal (seu significado),
  • 38% ao componente vocal (no caso específico, o tom da voz) e
  • 55% ao componente facial (expressão facial).

Daí que somando 38+55 resulta a linguagem corporal mágica proposta de alguns que a comunicação não verbal é responsável por 93% de toda a comunicação.

Nesse artigo, mostraremos a origem desse mito e faremos uma reflexão sobre a fragilidade dessa conclusão.

Como a regra 7-38-55 (93% não verbal) foi elaborada?

A regra 7-38-55 está baseada em dois estudos realizados por Albert Mehrabian (foto acima) em 1967:

♦ DICA – Esses são os estudos de Mehrabian

  • Decoding of Inconsistent Communications (Decodificando Comunicações Inconsistentes) e 
  • Inference of Attitudes from Nonverbal Communication in Two Channels (Inferência de Atitudes a partir da comunicação não verbal em dois canais)

Vejamos o segundo estudo (mais robusto), que teve o objetivo de comparar a importância relativa do significado da palavra, do tom de voz e da expressão facial, cujos resultados contém a conclusão de Mehrabian sobre a prevalência da expressão facial para a interpretação da mensagem.

Qual foi a metodologia de Mehrabian nesse estudo sobre o 93% não verbal da comunicação?

A seguir, apresento um resumo da metodologia de como se chegou à conclusão de que o significado das palavras importa em apenas 7% da comunicação:

♦ FATO

As vozes de três mulheres foram gravadas dizendo a palavra “talvez” (maybe) com uma entonação que procurasse significar: 

  1. Que a pessoa talvez goste
  2. Que a pessoa não demonstra apreço ou aversão (neutralidade); 
  3. Que a pessoa talvez não goste.

As palavras foram gravadas duas vezes, pelas três mulheres, perfazendo um total de 18 enunciações da palavra “talvez”, com as entonações acima descritas.

Essas gravações foram apresentadas a 17 ouvintes (todas também mulheres) que deveriam julgar, ao escutar cada palavra, se a comunicação era positiva, neutra ou negativa, em uma escala apresentada no estudo.

Fotografias de três modelos foram também tiradas com expressões faciais que pudessem significar:

  • Que gostou de algo;
  • Que está neutra em relação a algo;
  • Que não gostou de algo.

Fotos e gravações foram combinadas

As vozes e fotografias foram emparelhadas de determinada forma (que não nos interessa no momento) descrita no estudo original, de maneira que as avaliadoras podiam ver uma foto com expressão facial positiva e escutar um “talvez” negativo, ou neutro etc.

♦ FATO

Feita a matemática do resultado, se chegou à regra 7-38-55 para os componentes verbal, vocal e facial, respectivamente (conclusão expressamente escrita à página 252 do Journal of Consulting Psychology, 1967, vol. 31, n3).

Imagino que, à época, Mehrabian não fazia ideia na confusão que esse estudo ia criar. Então, mesmo depois de suas diversas tentativas de explicar as limitações, o mito já estava criado.

 

Entenda as limitações e possibilidades desse estudo sobre comunicação não verbal

Quando esse estudo foi publicado sem que suas grandes limitações fossem explicitadas, abriu-se caminho para um dos mitos mais conhecidos sobre a comunicação não verbal.

Mito esse, estabelecido sem qualquer explicação plausível sobre sua origem e repetido para milhares de pessoas que não têm, e possivelmente nunca terão, acesso aos estudos originais para verificarem a veracidade ou o exagero dessas afirmações.

♦ Faça um teste!

Se você quiser saber se alguém é mesmo um especialista em comunicação não-verbal, pergunte como surgiu a regra 7-38-55 e quem foi o responsável por ela!

A propósito, veja as minhas dicas para ser um especialista em linguagem corporal de verdade.

É necessário apenas um pouco de bom senso para ver que, no mínimo, essa regra é muito exagerada. Além disso, existem diversas limitações para a aplicabilidade desses estudos na vida real. Limitações essas que são largamente ignoradas, principalmente se a regra for aplicada a um contexto diverso daquele em que foi construída.

Vejamos alguns outros motivos para colocarmos em questão esse tipo de “linguagem corporal mágica” na comunicação não verbal:

  • O estudo utilizou gravações de voz feminina a partir de uma única oportunidade. Seria esse um contexto natural?
  • Os estudos se referem à percepção positiva versus negativa da mensagem. E as outras possibilidades? E os outros graus de atitude? E a dúvida (que não é neutralidade), por exemplo?
  • As vozes foram apenas femininas. Será que o mesmo ocorrerá se as vozes forem masculinas? E se os avaliadores fossem masculinos? Seria o resultado diferente? O estudo não aborda isso!
  • Comunicação Não VerbalOs outros tipos de comunicação não verbal, por exemplo, postura corporal, posição relativa a outros objetos como mesas, obstáculos etc como influenciariam a comunicação? Isso não foi tratado no estudo!

Existem outros aspectos que podem ser levantados, mas os que indico acima são mais do que suficientes para colocar em questão a toda poderosa regra 7-38-55.

Em outro artigo, trarei informações de outros estudos a partir dos quais poderemos chegar a conclusões diferentes. Por esse motivo, devemos avaliar as limitações e possibilidades de qualquer estudo científico, pois somente é seguro utilizar o conhecimento dentro desses limites. Devemos ser cautelosos com a generalização apressada (ou mal intencionada).

O mais incrível é o seguinte. Uma façanha por si só…..

Um estudo realizado da forma descrita, no qual 17 pessoas avaliaram mensagens produzidas por outras 3 é suficiente para generalizar uma regra para qualquer tipo de comunicação.  Daí, surgiu o mito mais conhecido e difundido sobre comunicação não-verbal.

Em minha opinião, essa quantidade de sujeitos não é suficiente para tal generalização. Isso não é suficiente! Aliás, é um absurdo!

♦ DICA

Que a comunicação não verbal é importante, disso não há dúvidas! No entanto, não seja enganado pelo “canto da sereia”…..

 

♦ TESTE

A próxima vez que te contarem essa, pergunte se a pessoa sabe de onde surgiu isso. Caso ela não saiba, tome cuidado com o tipo de conhecimento que ela está te ensinando! Conheça nossos cursos sobre linguagem corporal.

Gostemos ou não, há uma unanimidade na comunidade científica sobre o mito da regra 7-38-55. Veja esse outro artigo sobre o tema: Let´s Dump the 55-38-7 Rule

Não colabore para espalhar o mito de que 93% da comunicação é não-verbal e que isso tem suporte científico. Nem embarque naquela em que se afirma ser possível descobrir a mentira pelo olhar

Veja nossa matéria sobre o Eye Detect no Reality Amor: verdade ou consequência, anunciado pela Netflix.

Nossos demais artigos sobre PNL você encontra aqui: Programação Neurolinguística

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. O 93% não verbal da comunicação é verdade?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/93-nao-verbal-comunicacao/> . Acesso em 26 Mar 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2023). O 93% não verbal da comunicação é verdade?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 26 Mar 2024, de https://ibralc.com.br/93-nao-verbal-comunicacao/.

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46 comentários em “O 93% não verbal da comunicação é verdade?”

  1. Totalmente de acordo com você. Não havendo lei geral da comunicação, não é problema se basear nesta regra para iniciar o tema e finalmente deixar claro que podem haver muitas variáveis. Em ordem de grandeza, a regra ajuda sim.

    1. Prezado Fernando, obrigado pela sua pergunta.

      Se você se aprofundar na leitura do nosso conteúdo, verá por si que há mais de uma década eu explico que a análise do comportamento não é uma ciência exata cujos princípios e padrões e leis possam ser expressos pela matemática como são as leis da física, por exemplo. Sobre isso veja:

      Que perspectiva de ser humano embasa nossos artigos?
      Interpretar não é adivinhar
      Crenças e Valores. Como isso funciona?

      Quando você vê uma determinada quantidade associada ao comportamento, isso deve invariavelmente ser interpretado como uma possibilidade, uma probabilidade.

      Imagine que a nossa história de vida é criada pelas inúmeras experiências de um ser humano, em interação com outra quantidade de seres [humanos e não humanos]. Imagine também algo tão complexo como o processo de comunicação que, em ultima análise, propicia a formação dos nossos significados e do nosso próprio pensamento. para um entendimento mais profundo sobre essa minha afirmação, recomendo a leitura do capítulo 3 de minha tese de doutorado [Sociocultural Construtivismo e Desenvolvimento].. Penso que será esclarecedor sobre o que estou argumentando.

      Capítulo 3 – Sociocultural Construtivismo e Desenvolvimento

      Considerando esse contexto, a fórmula para calcular a percentagem de uma determinada parte do processo de comunicação deve ser algo semelhante e tão complexo quanto a explicação do comportamento ondulatório da matéria introduzido por Schrödinger nos meados dos anos 20.

      As pessoas que ficam tentando encontrar essas relações usando regra de três o fazem pois não entendem a real complexidade da linguagem na formação do self [palavra mais avançada para significar “personalidade”] e da sua projeção no contexto cultural pela comunicação [explicação introduzida nos artigos mencionados acima e na parte teórica da minha tese de doutorado].

      Na minha opinião, não faz o menor sentido tentar achar uma fórmula para isso. Penso que uma fórmula serve apenas como elemento de marketing para vender livros e cursos, chamando atenção das pessoas para a relevância da comunicação não verbal.

      A essa altura, você já deve estar convencido de que os estudos [bem primitivos e insuficientes] sobre a regra 7-38-55 são uma balela. O fato disso ser repetido a exaustão na Internet só demonstra que uma mentira repetida várias vezes pode acabar sendo aceita como verdade….

      Se 93% da comunicação fosse não verbal, seria possível nos comunicarmos com pessoas falantes de idiomas não latinos, o que de fato não vai ocorrer….

      O que podemos falar com segurança é que a comunicação não verbal está intimamente associada ao funcionamento do nosso sistema nervoso autônomo, portanto, às nossas emoções mais espontâneas. Isso também é um fato. Entretanto, devido às diferenças individuais e ao elevado grau de subjetividade desses processos, não é aconselhável [e nem útil] tentar achar uma “lei geral”, uma fórmula.

      Para finalizar, quero esclarecer que esses mitos sobre a linguagem corporal vêm sendo divulgados, em sua maioria, por pessoas que não são especialistas em comportamento humano e que estão relacionadas ao treinamento [em nível operacional] de pessoas, repassando essas informações sem uma análise crítica.

      O Portal IBRALC é grato pela sua participação e sigo à disposição para dialogar.

      Um abraço
      Sergio Senna

  2. Pessoal do Ibralc, quer dizer então que o que disseram num curso que eu fiz na semana passada é mentira? O professor [retirado pela moderação] la do curso [retirado pela moderação] falou que essa regra 7-38-55 era científica e que a gente poderia usar sem medo.

    1. Olá Bruna, é o Dr. Sergio Senna. Tivemos que editar o seu comentário pois você mencionou o nome de um professor e da empresa que ministrou o curso para você. Prefiro não fazer críticas específicas.

      A minha intenção é dar dicas e orientações gerais sem torna-las direcionadas a determinada empresa ou profissional.

      Dito isso, posso assegurar a você que essa pessoa está desinformada. Entretanto isso não é incomum. Para ensinar análise do comportamento o professor precisa conhecer muito, estudar durante anos e a maioria não faz isso por que é difícil.

      Se alguém tem boa memória e uma oratória razoável pode entrar no mercado depois do tempo suficiente para ler um livro. Temo que esse seja o caso do seu professor…. Conheço bem o mercado pois fui um dos primeiros a ministrar cursos sobre linguagem corporal e uma boa parte dos que ai estão já foram meus alunos. Nesse contexto, nunca ouvi falar desse professor…..

      Os mitos da linguagem corporal são propagados pelos livros de auto-ajuda e sem consistência científica. Como eles mesmos não têm condição de avaliar esses absurdos, então os repetem….

      Isso sem contar com aqueles que, apesar de saberem [sabem pois eu e outros psicólogos vivemos escrevendo e falando sobre esses mitos], propagam assim mesmo pois tem o apelo da persuasão pela informação supostamente científica.

      É isso, espero ter respondido a sua pergunta. Fica a dica para não identificar as pessoas nos comentário do Portal.
      Um abraço
      Sergio senna

  3. Oi Edinaldo, estou estudando sobre essa pesquisa e acabei achando o seu artigo. Achei muito bom! Porém, não achei nenhuma outra pesquisa que prove ao contrário. Você saberia me dizer se existe alguma pesquisa que comprove que isso é realmente um mito?

    Fico pensando, porque em muitos dos casos que não temos a oportunidade de nos expressar verbalmente, seria apenas a nossa imagem que falaria por nos, não é mesmo? Então no meu ver, temos sim que nos preocupar mais com a imagem não verbal, pois nunca sabemos se vamos ter a oportunidade de transmitir em palavras quem somos ou como gostaríamos de ser interpretados.

    Obrigada.

    1. Prezada Caroline obrigado pelo seu comentário. Acima você pode ver um artigo (em PDF) do Prof. Herb Oestreich, da Universidade da California, Campus Los Angeles.
      Além disso, é sempre bom lembrar que nenhum estudo precisa “provar o contrário” basta tentar replicar as mesmas condições da pesquisa. Se o resultado não for exatamente o mesmo ou muito parecido, os resultados da pesquisa replicada já estão questionados. Na ciência é assim. Se tem uma receita de bolo de laranja e alguém seguir a receita e usar os mesmos ingredientes 1000 vezes, tem que sair bolo de laranja as 1000 vezes.
      Ah, o artigo não é do Edinaldo, fui eu quem o redigiu. Só dediquei a esse amigo e incentivador.
      Boa leitura.

      1. GABRIEL AUGUSTO GRACIANO

        Olá, boa tarde, Sérgio!
        Tudo bem?

        Não consegui achar esse PDF do Prof. Herb Oestreich, gostaria muito de lê-lo.
        Tenho uma pergunta a fazer: você acredita que esse mito dos 7%, não seja pela “forma” de divulgação, em se importar muito mais, ou “somente” com a linguagem não verbal, do que pela porcentagem em si?
        Acredito que independente das porcentagens e do estudo ser com uma amostra pequena, “didaticamente” a regra 7-38-55, pode facilitar o entendimento sobre os componentes de uma comunicação e/ou oratória assertiva. Digo isso, pois, no meu caso, independente dos 7%, sempre procuro utilizar palavras assertivas e que se conectem com o público, visto que independente do poder do não verbal, a fala se mantém uma habilidade poderosa na construção e disseminação de um conhecimento, um querer, um desgostar, entre outros.

  4. analisando essas informações, notei que um exemplo que respalda com certa segurança esses números é o cinema mudo. Tanto que as expressões faciais e corporais são propositalmente exageradas e, quando necessário, legendas são utilizadas para reforço da mensagem, como se fossem elas, a comunicação verbal inexistente na tela.

  5. Olá. Sempre incomodado com essa apresentação, nada convincente para mim, acerca dos componentes da comunicação, especialmente, na manhã deste sábado, ao ver um vídeo de uma especialista em oratória, saí procurando a pesquisa à qual ela fazia referência para apoiar que apenas 7% da comunicação corresponde à fala. Para minha sorte ou conforto, encontrei esse artigo. Doravante, procurarei mais a respeito e divulgarei, igualmente, a in-delicadeza de tal afirmação.

    Grato.

  6. Muito boa a discussão. Ela é irreverente e só por isso merece meu apoio. Sou professor de Oratória e também acho exagerado a formula 7-38-55. abc

  7. Esse seu artigo não me convenceu, não tem uma pesquisa que comprove a invalidez da pesquisa 7-38-55 isso torna seu artigo apenas uma opinião sua, desconsiderando a palavra Mito

  8. Qual e a pesquisa científica, que contradiz essa outra pesquisa 7-38-55. Para afirmar dizendo que essa pesquisa e um Mito, deveria ter no mínimo um comprovação científica de que essa pesquisa e um MITO não acha ?

  9. Quanto ao primeiro questionamento sobre qual seria a função das palavras sendo de apenas 7% e por que não deixarmos de utilizá-la…

    Eu entendo que a Comunicação Não-verbal (CNV), em suas mais diversas modalidades (expressões faciais, proxêmica, vocalics, kinesics, cronemics) expressa de forma mais precisa (analógica) as emoções. Inclusive um número muito maior de emoções e estados (de atenção, humor) que as palavras de qualquer cultura tenha uma palavra específica para representá-las.

    Já as palavras, são capazes de expressar um número infinitamente maior de idéias, pensamentos, interpretações do que a Comunicação Não-verbal. Isso ocorre por que a CNV está muito relacionada a determinados temas (gatilhos) universais. Se fôssemos capazes de expressar todas as nossas idéias por meio de nossa CNV, todos seríamos Chaplin.

    Corcordamos que qualquer dicionário tem mais páginas do que os livros de CNV que eu vi na vida (exceto o “The Nonverbal Dictionary of Gestures, Signs & Body Language Cues”).

    O mundo globalizado e as revoluções digitais combinando essas idéias fazem vivermos em uma época em que a mudança mental ocorre em uma velocidade muito maior do que mudanças físicas ou comportamentais visto que nosso habitat é, a um bom tempo, relativamente estável.

  10. Muito bom o artigo, parabéns.

    Na minha experiência empírica sobre o assunto voltado para negociação, enumeraria da seguinte maneira:

    1. Tom de voz associada a uma entonação nas palavras certas e firmeza das palavras mais a expressão facial.
    2. Palavras em si
    3. O corpo

    Claro que levando em consideração que a casca seja apresentável, como roupas limpas, passadas etc.

    Continuemos nos estudos da Linguagem Corporal.

  11. Douglas B Jr Sousa via Facebook

    Muita gente acha que linguagem corporal, que expressões faciais, que tudo ligado a comunicação não verbal e como magica… você lé e já sai sabendo tudo, e nunca foi bem assim, 93%, como se fosse simples…Como se cada ser humano não tivesse seu próprio padrão…oO

  12. Sergio Senna Pires via Facebook

    Confesso a vocês, como técnico em análise do comportamento (estudei em algumas das melhores universidades brasileiras),eu teria vergonha de ensinar as pessoas a analisarem o comportamento por meio de dicas rápidas, sem fazer as devidas ressalvas e contextualizações.

    Vejo esse festival de dicas em entrevistas de 5 minutos e fico assustado com tamanha irresponsabilidade! Tem gente que vai acreditar e seguir….. as dicas à risca.

  13. Sergio Senna Pires via Facebook

    Pessoal, é um ABSURDO sustentar que o significado do que falamos representa APENAS 7% de um fenômeno tão complexo como a comunicação.

    É necessário apenas bom senso para perceber que isso não pode ser verdade. Se a comunicação não verbal representasse mesmo 93% de toda a comunicação, você poderia ir à CHINA sem saber uma palavra de chinês e se “daria bem” (o que não vai ocorrer, com certeza.

    1. Sergio Senna Pires via Facebook

      Pessoal, é um ABSURDO sustentar que o significado do que falamos representa APENAS 7% de um fenômeno tão complexo como a comunicação.

      É necessário apenas bom senso para perceber que isso não pode ser verdade. Se a comunicação não verbal representasse mesmo 93% de toda a comunicação, você poderia ir à CHINA sem saber uma palavra de chinês e se “daria bem” (o que não vai ocorrer, com certeza.

    2. Sergio Senna Pires via Facebook

      Eu estive na Rússia (muito menos fechada aos estrangeiros que a China) e tive que contratar um tradutor…..

      ENTÃO NÃO CAIA NESSA LÁBIA. Conheça a origem do mito, lendo nosso artigo.

      A verdade é: Alguns contextos são 100% não verbais, como aquele “olhar que diz tudo”, outros dependem muito da mensagem cognitiva complexa dos signos linguísticos, como aquela aula de ÁLGEBRA LINEAR, que mesmo com toda a explicação e exemplos do professor você fica voando…….

    3. Sergio Senna Pires via Facebook

      Fui convidado para participar dessa matéria da Folha de São Paulo. Quando tomei conhecimento do que se tratava, rejeitei em oferecer a minha colaboração na hora.

      Esse é um grande problema que tenho com as solicitações de entrevistas. Os jornalistas pedem a sua participação, mas não te revelam o que vão escrever no artigo, nem quem mais eles vão chamar para dar opinião.

      Se aceitar, você pode entrar na maior fria….. Principalmente se os outros “especialistas” forem aqueles que difundem padrões rígidos ligados a um “ente” que chamam de “personalidade” e que é tão estável a ponto de você poder prever sem problemas o comportamento das pessoas.

    4. Sergio Senna Pires via Facebook

      Confesso a vocês, como técnico em análise do comportamento (estudei em algumas das melhores universidades brasileiras),eu teria vergonha de ensinar as pessoas a analisarem o comportamento por meio de dicas rápidas, sem fazer as devidas ressalvas e contextualizações.

      Vejo esse festival de dicas em entrevistas de 5 minutos e fico assustado com tamanha irresponsabilidade! Tem gente que vai acreditar e seguir….. as dicas à risca.

  14. Edinaldo. Muito Obrigado pelo comentário mas acho que fui muito superficial no que eu quis dizer. Bom, eu preciso fazer um artigo para a minha pós e escolhi o tema da linguagem gestual por ser algo muito importante na comunicação só que poucas pessoas percebem. Como eu vou utilizar partes deste artigo no meu TCC, o meu objetivo agora é fazer um artigo somente da linguagem das mãos, por isto questionei o 55% porque Mehrabian é bem incisivo na pesquisa quanto a ser facial e fiquei em dúvida se poderia ser também das outras partes do corpo como mãos, pés, postura do tronco, mas enfim além dessa pergunta este artigo publicado aqui nesse site você tem o ISSN dele ? Forte Abraço e obrigado pela paciência rs

    1. Olá Bruno,

      O percentual de 55% se refere SOMENTE à face, conforme descrito na página 185, do livro “Nonverbal Communication”, de autoria do próprio Albert Mehrabian:

      http://books.google.com.br/books?id=Xt-YALu9CGwC&pg=PA104&lpg=PA104&dq=decoding+of+inconsistent+communications&source=bl&ots=5xKdNjbfhs&sig=XzqZjaC4m-jX_fUKI6TX4cx65SY&hl=pt-BR#v=onepage&q=55%25&f=false

      Quanto ao ISSN, não sei te falar, faz uma busca na Internet pelos artigos citados:

      – Decoding of Inconsistent Communications (Decodificando Comunicações Inconsistentes) e

      – Inference of Attitudes from Nonverbal Communication in Two Channels (Inferência de Atitudes a partir da comunicação não verbal em dois canais)

      Abraço,

      Edinaldo Oliveira

    2. Olá Bruno, obrigado pela sua participação no Portal.

      Esses trabalhos de Mehrabian que deram origem a um dos maiores (e absurdos) mitos sobre comunicação não verbal trata apenas de expressão facial e paralinguagem.

      Não creio ser cientificamente possível estabelecer uma porcentagem “média” do uso dos diferentes tipos de linguagem. Como argumentei no artigo, essas tentativas da década de 60 foram válidas como esforço intelectivo, mas apenas isso, pois não vejo sentido em achar uma média onde cada cenário comunicativo pode se estabelecer de formas muito diferentes. Como disse, se a comunicação não verbal representa algo maior que 50% de toda a comunicação, viajar na China sem falar chinês não seria um problema…..

      Ainda devemos considerar que a mudança na frequência dos gestos ilustradores pode variar num mesmo discursos. Por exemplo, aumentando (em relação à linha de base de um determinado sujeito observado) quando ele entra em um “modo persuasivo”, querendo convencer seus ouvintes das idéias que apresenta. Isso sim tem um significado comportamental.

      Mehrabian pesquisou muito poucos sujeitos para chegar a uma conclusão que foi indevidamente apropriada por muita gente, principalmente adeptos da PNL que difundem esse dado como verdade absoluta.

      Um abraço e continue postando as suas colaborações.
      Sergio Senna

  15. Bom dia Edinaldo e Dr. Sergio, meu nome é bruno estou cursando pós em psicologia ornganizacional e estou redigindo um artigo sobre esse aspecto da linguagem corporal tanto nas organizações com o treinamento como também nas salas de aulas para ministrações de palestras e fiquei em dúvida sobre esta regra, será que podemos considerar os 55% apenas como comunicação gestual da face ou do restante do corpo também? Desde já agradeço atenção e a publicação deste artigo que traz o assunto de uma forma mais acessível até parar os não estudantes do assunto.

    1. Olá Bruno,

      Não sei quais especificidades seu trabalho contempla, assim, vou dar uma resposta mais generalista:

      Analisando estritamente o trabalho desenvolvido pelo Albert Mehrabian, você está certo…o valor seria os 55% mesmo, referentes aos componentes da face (expressão facial), pois os demais valores 7% e 38% seriam, respectivamente, atribuídos ao componente verbal (seu significado) e ao componente vocal (no caso específico, o tom da voz).

      ENTRETANTO, AO MEU VER, ainda acho um valor bastante alto, atribuir mais da metade da nossa comunicação à linguagem não verbal, não acha? Principalmente baseado em um único trabalho bastante restrito, conforme comentado no artigo.

      Eu tomaria a seguinte linha de raciocínio:

      1. Falaria sobre o trabalho do Mehrabian, explicando como foi que ele chegou nestes valores e como isso gerou o mito;
      2. Em seguida traria outros argumentos que sustentem que não podemos ser tão “rígidos” no assunto, não podendo afirmar percentuais específicos sobre o assunto…eu prefiro trabalhar por aí, na melhoria da percepção, pois acho esse mito (93% da comunicação é não verbal) um chamativo para o assunto (muito utilizado por picaretas, por sinal). E os emblemas, gestos, etc…não fazem parte da linguagem não verbal?? Porque então atribuir maior valor à face??

      Acho que o caminho é por aí…

      Abraço,

      Edinaldo Oliveira

  16. Rogério Menezes Barbosa

    Excelente artigo!
    Quando me interessei sobre linguagem corporal, procurei alguns artigos na internet e muito dos que eu encontrei tinham a história dos 7-38-55.
    Como o Edinaldo disse, pensei quase da mesma maneira: “Me parecia que se o significado das palavras representasse apenas 7% do que se desejava comunicar, era melhor nem utilizá-las. Para que empregar algo tão ineficiente e desprezível em relação ao todo?”
    Creio que as pessoas que disseminam esse conhecimento, na internet, ficam maravilhadas com a experiência realizada com as mulheres. Mas simplesmente não se perguntam se isso de fato pode ser levado em consideração em um conceito geral da população. Visando que é uma experiência limitada apenas 17 pessoas e todas do sexo feminino.
    Obrigado pelos ótimos artigos Edinaldo e Dr. Sergio Senna.

    1. Olá Rogério,

      Realmente, basta uma mera observação mais profunda para perceber que 7% é muito pouco, logo, do que adiantaria utilizar um recurso tão ineficiente?

      O trecho citado é do Dr. Sérgio (autor do artigo), não meu rsrs

      ““Me parecia que se o significado das palavras representasse apenas 7% do que se desejava comunicar, era melhor nem utilizá-las. Para que empregar algo tão ineficiente e desprezível em relação ao todo?””

      Abraço,

      Edinaldo

  17. Sergio Senna Pires via Facebook

    Analisar a linguagem corporal não é mágica e não precisamos de exageros para divulgar o conhecimento nesta área.

    Naturalmente, as pessoas se interessam pelo assunto.

    Estudo esse tema há mais de 25 anos. Sendo os últimos 10 em nível científico.

    A você que está interessado no tema, deixo um alerta! O conhecimento disponível em língua portuguesa é escasso e, em sua maioria, de baixa qualidade e sem comprovação científica.

    Então, fique atento!

  18. Sergio Senna Pires via Facebook

    O sucesso na vida é uma questão de equilíbrio. Na comunicação não verbal é igual!

    Não vá atrás de fórmulas mágicas ou receitas de bolo….. quando o tema é análise do comportamento humano, tais coisas não existem.

    O que pode ser feito, com segurança, é a análise de indicadores de padrões. Isso sim é seguro!

    Se você, nosso leitor, quer aprender linguagem corporal, não acredite nos atalhos.

    Aos poucos irei esclarecendo alguns mitos da linguagem corporal. Esse é o primeiro.

  19. Edinaldo Rodrigues de Oliveira Junior

    Dr. Sergio,

    Como sempre excelente artigo…evitou perder tempo com horas de pesquisas e já me deu uma boa base sobre o assunto.

    Obrigado pela dedicação rsrs.

    Abraços,

    Edinaldo

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