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Medo e Surpresa: você sabe as diferenças?

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Tempo de leitura: 4 min.

 

Medo e Surpresa. Esse artigo foi elaborado tendo em mente o desejo de nossos leitores em saber mais sobre as expressões faciais e as maneiras de reconhecê-las.

Surpresa e medo são emoções que sempre valem a pena saber diferenciar. Nesse artigo vamos explicar  as diferenças que parecem nas expressões faciais de MEDO e SURPRESA.

O medo é uma emoção muito primitiva que está associada até mesmo à sobrevivência do indivíduo.

No medo, as contrações musculares na  expressão facial são mais intensas do que na surpresa, tanto na região dos olhos, quanto na boca.

Parte da musculatura da expressão facial da surpresa é a mesma do medo, como o Músculo Frontal [fibras internas – AU1 e exterenas – AU2], por exemplo.

 

Observe o vídeo a seguir [medo e surpresa]:



No estilo “pegadinha”, é uma peça promocional do filme Carrie a Estranha. Abaixo, temos algumas fotos das vítimas e dos atores. Clique em cada uma das fotos para ver os comentários.

 

Aspectos importantes para a interpretação de qualquer emoção [medo e surpresa]

Mantendo o padrão dos meus artigos, gosto de fazer algumas observações que considero importantes.

Acredito que muitos dos leitores de Paul Ekman tomam muita coisa ao pé da letra. As pessoas que têm um conhecimento mais abrangente dos processos psicológicos e do comportamento humano normalmente são mais cuidadosas em acreditar em padrões muito rígidos. Tendo isso em mente, considere o seguinte:

  • Toda emoção tem três elementos básicos: (1) uma ativação fisiológica (microexpressão expressão facial disparada pela ativação do Sistema Nervoso Autônomo, por exemplo); (2) um comportamento (e.g. agradecer quando fica alegre); e (3) uma experiência subjetiva (atribuir significado quando se sente de determinada forma). Você pode ver mais detalhes sobre isso no artigo: “O que são emoções?”
  • É um equívoco pensar que existe uma proporcionalidade entre as contrações musculares e a experiência subjetiva relacionada a uma emoção;
  • Reconhecer que uma expressão facial está relacionada a uma emoção é apenas o primeiro passo para utilizar um sistema interpretativo;
  • A predição do comportamento, buscada quando são associadas as expressões faciais a uma determinada emoção, ocorre em termos probabilísticos. Então, se alguém sente raiva, não espere que SEMPRE  a pessoa se deixará tomar por essa emoção, apresentando os comportamentos esperados;
  • Existem pessoas que conseguem simular expressões faciais de forma muito convincente. Se assim não fosse, não haveria bons atores…..

Todas as observações acima são muito importantes para aqueles que desejam interpretar bem os comportamentos de seus interlocutores (e por que não os seus próprios?). Quero destacar duas, que são as que percebo terem as pessoas mais dificuldade em entenderem e porem em prática. A primeira delas é que não existe uma relação direta entre a  intensidade da expressão facial e a experiência subjetiva da emoção. Muito cuidado com isso, pois alguns já brigaram comigo por causa desse item, afirmando que Paul Ekman disse e coisas do tipo.

Traçar essa relação rígida é um equívoco muito grande, pois uma coisa é a extensão da contração muscular, a quantidade de substâncias químicas no corpo e as reações que podem ser adquiridas por condicionamento (clássico e operante) durante a vida. Outra é o que a pessoa interpreta e atribui significado. Apesar de serem fenômenos interconectados, estão relacionados a diferentes conjuntos de processos psicofisiológicos. Considere que, se houvesse uma relação direta, as pessoas tímidas estariam numa situação muito difícil, pois muitos não demonstram suas emoções com clareza, mas o seu “mundo interior” está cheio de profundos sentimentos. Então cuidado com essas armadilhas de simplificação.

 

A manipulação pelas emoções

Nós tendemos a achar que alguém chorando até a “morte” está passando por um problema profundo. Entretanto, essa é uma técnica das mais utilizadas pelos golpistas de plantão para chamar a atenção de alguém enquanto o golpe acontece bem atrás de suas costas. O golpista que chora (normalmente uma mulher, nesses casos) sente sim um profundo desprezo pela vítima e por seus bens. para entender mais sobre isso, veja a nossa série “Radiografia dos Golpes”:

Manipulação e choroOutro aspecto importantíssimo e diretamente relacionado com o nosso primeiro destaque é que existem excelente atores na vida real. Não pense que interpretar emoções se restringe a olhar o rosto de uma pessoa e achar que sabe qual emoção está lá. Muita gente sabe expressar a emoção certa, no momento certo para conseguir o que deseja. Todos nós já temos experiências práticas com isso. Então, não tome decisões precipitadas. Aprendemos a manipular as emoções alheias desde cedo. Quem já não foi vítima de uma criança querida que quer um sorvete?

Veja como os próprios atores reagiram de forma diferente. Alguns, agindo profissionalmente, tentaram fazer as expressões faciais esperadas. Outros, simplesmente riram das vítimas, esquecendo a atuação que deles era esperada…..

Mostrei duas das pessoas que riram das vítimas. No vídeo existe outra que faz o mesmo. Você consegue encontrá-la?

Faça a sua análise nos comentários.

Um abraço e siga acompanhando as matérias do IBRALC.

Sergio Senna

 

Veja também como o cenário foi montado [medo e surpresa]:


 


 

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. Medo e Surpresa: você sabe as diferenças?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/medo-e-surpresa-voce-sabe-diferencas/> . Acesso em 28 Mar 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2013). Medo e Surpresa: você sabe as diferenças?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 28 Mar 2024, de https://ibralc.com.br/medo-e-surpresa-voce-sabe-diferencas/.

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13 comentários em “Medo e Surpresa: você sabe as diferenças?”

  1. Mas que matéria excelente! Já realizei seu curso e admiro imensamente a forma érica como aborda o tema.
    Quanto às colocações, é uma enxurrada de coisas e técnicas dizendo que possuem fundamentação científica, mas esta base científica tem sido muito mal interpretada e consequentemente utilizada. A análise do comportamento não verbal tem atraído cada vez mais o interesse do público médio, o que tem feito cada vez mais pessoas ensinarem técnicas e metodologias sem base, ou a utilização de metodologias com base, mas, como dr descreveu perfeitamente, rígidas. Até agora nenhum ramo das ciências que estudam o comportamento de conta de toda a complexidade que é apenas um indivíduo humano, se assim fosse, todo o comportamento seria previsível, partindo do ponto de vista das ciências naturais. Atendem a um papel de compreensão e orientação. Como poderia então, a análise das expressoes conter todo está conteúdo? Ekman não pode ser uma bibilia

  2. É falhou e.e
    Código errado,mas enfim,acho que ainda tem como acessar a imagem e ver do que eu to falando.
    E doutor,se possível,pode dizer oque se passa com o cara da última imagem….

  3. Eu achei algumas coisa que achei interessantes,algumas foram até postadas aqui em algum momento.
    Vou colocar só as que acho que não apareceram.Já informando que não tenho nenhuma propriedade pra dizer oque é certo ou errado.É só oque acho:
    [img]http://pt-br.tinypic.com?ref=34no712[/img]

    Já foi falado dele,mas eu quero destacar é que enquanto todos “Fogem” e se amedrontam ele está aparentemente calmo,outra coisa é que ele parece antecipar o fato,já se mostra virado em direção aos outros atores antes de acontecer a confusão.

    Eu vi um sorriso,assim como aqui:

    No próximo eu não consegui encontrar medo no rosto dele:

    E por fim um que não conseguir entender oque diabos aconteceu…

    1. Muito legal, Luiz. Gostei de ver o seu esforço em analisar e postar as fotos. Acertei o código das imagens para que todos possam ver a sua colaboração.

      Já sabemos que essa era uma filmagem tipo “pegadinha”. Então eles colocaram alguns atores. Uns bons, outros nem tanto!

      Quem não mostrou medo ou surpresa, ou mesmo riu é por que já sabia da “pegadinha”.

      É o caso das suas duas primeiras fotos nas quais os atores (suposição nossa) aparecem rindo.

      Nas duas últimas, as pessoas não mostram nem surpresa, nem medo. Provavelmente também são atores que estavam meio “sem paciência”. Existe também a hipótese de não serem atores, pois algumas pessoas quando estão diante de uma situação inesperada praticamente não esboçam nenhuma reação.

      Vamos aguardar mais uma opiniões para falarmos desses dois últimos casos.

      Um abraço e parabéns pela bela participação.
      Sergio Senna

  4. Os atores que foram contratados e que riram da reação das outras pessoas mostraram muito pouco profissionalismo, uma vez que o papel deles era de compor a cena de forma que as vítimas da pegadinha acreditassem no que estava ocorrendo. Penso que ainda temos mais uma ou duas pessoas que riem.

    Quem serão?

    1. Dr. Sergio,
      Penso que o ator de camisa xadrez vermelha, aos 0:55 expressa um semblate de satisfação e não de surpresa ou medo, que são os normais para esta situação.
      Na 3º e 5º imagens disponibilizados por você tbm podemos ver ele, sem nenhuma expressão marcante, mas aos 0:55 parece que ele esta com uma expressão contente. Então, ele seria um?

    1. Olá Edinaldo. Boa percepção. Ela é uma atriz. Observe nessa foto os atores tomando posição:

      Atores. Essa é uma foto com os atores tomando posição para que você possa descobrir quem está trabalhando e quem são as vítimas. Esse passo é importante, pois existem pessoas que conseguem expressar emoções de uma forma muito convincente, mesmo que não estejam sentindo aquela emoção. Será que encontramos algum bom ator nesse vídeo? Atores. Essa é uma foto com os atores tomando posição para que você possa descobrir quem está trabalhando e quem são as vítimas. Esse passo é importante, pois existem pessoas que conseguem expressar emoções de uma forma muito convincente, mesmo que não estejam sentindo aquela emoção. Será que encontramos algum bom ator nesse vídeo?

  5. Esse texto foi extremamente feliz em destacar a diferença e a não necessária equivalência entre emoção e experiência subjetiva.

    Segundo autores como Antonio Damasio – autor do muito esclarecedor Erro de Descartes – emoções são diferentes de sentimentos. Esses últimos são a experiência subjetiva que temos de determinada emoção. Nesse sentido, realmnte, um não está necessariamente ligado à intensidade do outro. Podemos analisar ainda da segguinte maneira: como o texto também citou, algumas pessoas são extremamente suscetíveis ou resistentes a determinadas emoções. Portanto, por um histórico de condicionamentos e mesmo de predisposições genéticas (ou soma dos dois), uma pessoa pode ser muito pouco “vulnerável” ao medo, por exemplo. Ela se deixa abater pouco, digamos. Apesar disso, ela pode ter uma reação intensa ao ver uma aranha ou outro animal que tema particularmente. No entanto, sua expriência subjetiva não necessariamente corresponderá a intensidade ou duração.

    TALVEZ, se quiséssemos colocar em termos mais técnicos, poderíamos dizer até que a emoção não é causada por, mas É o nome que damos para quando o organismo tem certas reações comportamentais e fisiológicas a determinado estímulo; para o sentimento, diríamos que este é a experiência subjetiva que temos em relação à emoção sentida.

    Dr. Sergio, o senhor acha que poderia haver uma reação emocional à um sentimento?

    1. Olá Felipe, obrigado pelo seu comentário.

      Vejo muita gente confundindo esses conceitos e fiz questão de destacar, ainda que de forma mais simplificada, qual é a verdadeira relação entre a emoção, seu significado e o DISPLAY que nos mostram.

      Quase todos os dias, no meu trabalho, vejo alguém tentando mobilizar os demais usando essa falsa relação, parecendo muito triste, muito alegre ou com raiva. Por isso acho tão importante prestar atenção nisso.

      Quanto à emoções sobre sentimentos, é uma pergunta muito interessante, que eu responderia, no pinga fogo, sem pensar muito da seguinte maneira:

      1. o significado de algo é a “tradução” linguística da experiência subjetiva. Essa é a parte consciente dessa experiência;

      2. não se esqueça de que não podemos reduzir a experiência subjetiva aos sígnos linguísticos existentes, pois incorreríamos no erro de não haver experiência por que não existem palavras para descrevê-la….. Tomar isso em consideração é muito importante;

      3. como o ser humano é capaz de abstrair, pensar-se a si mesmo, então é possível começar um novo ciclo de mobilização emocional a partir de uma novo estímulo que é o pensamento sobre a experiência subjetiva de uma emoção.

      Exemplo: Um sujeito fica com medo ao perceber-se idealizando a morte da esposa por sentir raiva e não conseguir separar-se dela.

      Nesse caso ele fica com medo sobre o que pode fazer sentindo ao raiva da esposa….

      Nossa capacidade de abstrair é o que proporciona essa sensação de que somos uma terceira pessoa de nós mesmos. é incrível isso, não?

      Um abraço
      Sergio Senna

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