Hoje, um amigo me enviou o link de um vídeo no qual se realiza uma análise sobre alguns elementos da linguagem corporal do Presidente Donald Trump e de alguns de seus interlocutores. Assisti com atenção, mas apesar do respeitável currículo da Dra. Lillian Glass, que realizou a análise, tenho que discordar da maioria dos comentários.
Assista primeiramente com atenção (está em inglês):
É bom ressaltar que um analista experiente nunca confunde a interpretação que faz do comportamento de uma pessoa comum com aquela que realiza a partir dos comportamentos de um político ou de um bem sucedida pessoa de negócios. Qual será então a diferença a ser considerada?
Nesses casos, devemos considerar que a probabilidade de um político ou pessoa de negócio estar preparada para alterar a sua linguagem corporal é muito maior do que um na população geral.
Vou explicar melhor. Uma das grandes utilidades da observação do comportamento não verbal é que ele permite inferência sobre uma parte não consciente do comportamento das pessoas. Quando a pessoa lê livros, faz cursos e estuda o assunto, não importando a qualidade do conhecimento a que tem acesso, essa pessoa começa a controlar o seu comportamento conscientemente. Então é um erro grave e primário atribuir o mesmo valor a essas observações.
Nossa analista comete esse erro ao inferir que as pessoas gostam de Trump ou que Trump gosta delas. O movimento dessas pessoas pouco têm relação com o que gostam ou não….
Uma das primeiras sentenças ditas pela senhora já me fez ter um pouco de má vontade em assistir o vídeo… Ela diz: “um aperto de mão pode dizer tudo a respeito de uma pessoa”… É óbvio que não pode…. alguém tem alguma dúvida? Um aperto de mão é só isso…. um aperto de mão! Que redução da amplitude do comportamento humano…. meus alunos nunca me escutaram falando uma bobagem dessas….
Dá pra notar o artificialismo de Trump. Ele possui um certo padrão comportamental de puxar as pessoas em sua direção (o que ela interpreta como calor humano). No caso de Trump, a minha opinião é mais na direção de uma tentativa intencional para provocar algum tipo de reação nos seus interlocutores.
Outra hipótese mais plausível e elaborada é tentar mostrar para a mídia uma proximidade emocional com as personalidades com que interage. Esse é quase sempre um desejo dos políticos: mostrar mais proximidade do que realmente existe com os seus interlocutores.
Esse procedimento pode causar nas pessoas uma reação recíproca de proximidade (real ou fingida) ou o inverso: aversão ou constrangimento, como vemos em vários momentos.
Partamos então para algumas análises naquilo que discordo da eminente especialista norte-americana:
Constrangimento de Shinzu Abe
Aperto de mão entre Trump e Trudeau – Realidade ou tentativa de manipulação recíproca?
Constrangimento de Benjamin Netanyahu
Constrangimento do Juiz Neil Gorsuch
Tenho visto muitas interpretações descuidadas, mas essa ultrapassou todos os limites do razoável.
Lembre-se:
- o comportamento humano é multideterminado: não existe uma só razão pela qual um comportamento ocorre;
- políticos e homens de negócio treinam e apresentam certos comportamentos de forma intencional para provocar reações nas pessoas;
- não seja ingênuo….
Boas interpretações e dê uma olhada em nosso conteúdo
Sergio Senna
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