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Como definir mentira?

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Tempo de leitura: 3 min.

Como definir a mentira – 3 coisas que você precisa saber

Muitas pessoas pensam que a mentira é simplesmente contar algo que não aconteceu. Não é bem assim. Para definir a mentira, são necessários, no mínimo, três elementos:

  • 1. alterar ou omitir alguma informação;
  • 2. alterar a mensagem de forma consciente;
  • 3. ter um propósito nisso.

Mentir é alterar ou omitir informação essencial

Enganam-se aqueles que sustentam que omitir não é mentir. Dependendo da situação, a omissão é uma alteração, já que se pretende suprimir informação julgada importante.
Uma das principais características de uma mentira é a alteração da informação original. Alguém, por exemplo, diz que passou pela região “A” ao invés de admitir que lá não esteve. Nesse caso, o seu destino foi alterado, o que é uma mentira. Além disso, a omissão também pode ser considerada um tipo de alteração da informação, quando a supressão for significativa para a compreensão da mensagem.

No contexto familiar, essas situações ficam mais difíceis. Sobre isso escrevi um artigo que explica o porquê das pessoas mentirem sem necessidade e no qual dou algumas sugestões sobre como você pode agir.

 

Imagine que você precisa decidir sobre um assunto importante. Você está comprando um terreno e o vendedor “esquece” de dizer que há um processo na justiça sobre aquele imóvel. Essa omissão nega uma informação essencial. O vendedor faz isso pois sabe que se revelar esse fato, você, provavelmente, desistirá da compra.

 

Mentir é um ato consciente

definir a mentira - Linguagem CorporalOutro elemento característico da mentira é que ela deve acontecer de forma consciente. Um psicótico que afirma ser Napoleão Bonaparte, e não tem dúvidas disso, não deve ser considerado um mentiroso. Nesse estado, é um doente.

Nesse contexto, muitas pessoas por nós consideradas mentirosas compulsivas perdem a consciência sobre as suas mentiras dado o estado de confusão, de sofrimento mental e de possíveis alterações em sua senso-percepção. Essas, em tese, não são pessoas mentirosas, ao invés disso estão doentes e precisam do devido tratamento, pois não têm plena consciência do que estão fazendo.

Além disso, é importante destacar que, na documentação para registro de psicodiagnóstico (DSM-IV e CID-10) não há uma patologia chamada  “mentira” ou mitomania, como muitos gostam de se referir a essa condição. Mentir entra como característica e/ou critério diagnóstico que só ganha sentido acompanhado de outros indicadores.

Muitos mentirosos que estão mais próximos de nós são nossos parentes e amigos. Esse tipo de mentira que está bem perto de nós, na maioria das vezes, não ocorre por que o mentiroso quer nos causar dano. Ele altera a informação pela sua própria incapacidade emocional de lidar com a verdade. Assista um vídeo que gravei para te explicar como lidar com essas situações:

 

 

A Mentira orienta-se para um objetivo

mudanca linguagem corporalEm minha opinião, o terceiro requisito necessário para definir a mentira é o mais importante quando queremos identificar as mentiras que podem nos causar muito prejuízo. Normalmente, mesmo nas mentiras consideradas brandas, alguém as conta pois tem o propósito de influenciar nossas decisões.

É um filho que mente sobre o seu destino ou sobre os seus amigos para conseguir o carro emprestado por uma noite, por exemplo.

Igualmente intencional é a mentira do golpista que deseja vender um automóvel com problemas ou um imóvel com dívidas para alguma pessoa. Influenciar o processo decisório dos outros é a principal motivação das mentiras. Conseguir uma decisão, é isso que a maioria dos mentirosos deseja. Para conhecer mais sobre os golpes e como se proteger, veja a nossa série: RADIOGRAFIA DOS GOLPES.

Lembre-se de que não existe mentira inocente, pois cada mentira bem sucedida prepara o mentiroso para mentir mais e melhor!

 

Um abraço

Sergio Senna

2 comentários em “Como definir mentira?”

  1. Rogério Menezes Barbosa

    Compreendo o processo de aprendizado que ocorre no caso do mentiroso obter êxito com a sua falácia. Mas o mesmo processo não ocorre com o mentiroso que falha na tentativa?

    1. Olá Rogério, obrigado pelo seu comentário. Por diversas razões o processo no caso do insucesso é diferente.

      É muito parecido com o insucesso na aprendizagem. Não há uma “premiação” pelo êxito. Nesse caso o mentiroso vê os seus intentos frustrados e não recebe a “recompensa” da mentira.

      É óbvio que, considerando a intencionalidade da ação, que é um dos elementos fundamentais para alguma história ser considerada mentirosa, um mentiroso em formação não vai desistir no primeiro insucesso.

      Ele vai tentar analisar o que deu errado e continuar tentando. Mas observe que isso envolve outros processos psicológicos muito diferentes dos que encontramos no caso do sucesso na mentira.

      É o mesmo processo da aprendizagem de qualquer assunto. O repetido sucesso aumentará rapidamente a confiança do mentiroso e indicará que está empregando as técnicas certas para enganar, independentemente de maiores elaborações por parte dessa pessoa.

      Um abraço
      Sergio Senna

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