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Expressões faciais fingidas são eficazes?

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Tempo de leitura: 3 min.

Nossas reações comportamentais têm relação com as expressões faciais de nossos interlocutores

Em meus cursos, alguém sempre  pergunta se é possível falsificar tão bem as expressões faciais a ponto de que não seja possível perceber se as emoções relacionadas são reais ou não.

Esse é um tema bastante complexo e vai muito além da mera interpretação das expressões faciais. Inicialmente, a preocupação das pessoas com as conseqüências de suas interpretações parece ser relevante nesse caso.

Na verdade, muito do nosso comportamento é orientado pela interação social e, nesse contexto, as expressões faciais de nossos interlocutores (de certa forma) provocam nossas reações. O que você faria diante de uma cara como essa que exemplificamos acima?

Nossas reações comportamentais dependem de nossa percepção do interlocutor, o que inclui suas expressões faciais.

Penso que é por esse motivo que as pessoas tanto se preocupam em corretamente interpretar os possíveis significados das expressões faciais e das emoções a elas relacionadas. Percebo um receio em tomar decisões com base em um display de emoções fingidas. É sobre isso que vamos tratar.

Expressões Faciais e Persuasão

As interações humanas são permeadas pela persuasão. Na prática, persuadir significa influenciar o processo decisório de alguém para que realize a vontade do persuasor (oculta ou manifesta). Nesse contexto, a persuasão não se reveste de bondade ou maldade.

Os pais devem persuadir seus filhos a seguirem certos valores que lhes ensinam. Igual raciocínio pode ser feito para diversos processos educativos. Quando se diz que o “exemplo arrasta”, deseja-se enviar a mensagem de que o comportamento de um líder é um forte persuasor e pode contar mais do que as palavras. Por outro lado, um estelionatário mal intencionado pode utilizar-se de técnicas de persuasão para “vender” algo que não existe, por exemplo.

Dessa forma, a utilização de técnicas de persuasão é uma questão moral, que pode ser classificada como um perigo, dependendo de como o persuasor deseja intervir em nosso processo decisório.

Uma vez que o aprimoramento da utilização de técnicas persuasivas pode trazer prosperidade financeira, vivemos à mercê de nosso bom senso e de nossa capacidade de discernir entre as “boas” e “más” persuasões.

Qual a relevância das expressões faciais para julgar a persuasão?

Antes de tudo, é necessário esclarecer que existem diversos “tipos” de expressões faciais. As mais difíceis de serem “fingidas” são aquelas ligadas ao funcionamento do nosso sistema nervoso autônomo. Normalmente são muito breves no tempo em que ocorrem e aparecem sem que tenhamos tempo para suprimi-las. Um bom mentiroso pode controlar muito bem as suas emoções, mas terá capacidade de fazê-lo o tempo todo?

expressões faciais e linguagem corporal

Vejamos um exemplo:

Bill Clinton, em um discurso ocorrido em 26 de janeiro de 1998, resolve falar sobre o caso Mônica Lewiski. Note que ele, ao ser aplaudido, produz um breve sorriso que tenta controlar apertando os lábios. Esse sorriso é uma reação autonômica de satisfação (narcísica) pelo sucesso em enganar e é conhecido na literatura científica como duping delight.

Na foto a seguir, essa expressão foi produzida pelo ator Sam Rockwell que interpreta a personagem Justin Hammer no filme Homem de Ferro 2. A cena se dá em meio à satisfação de Hammer enquanto assiste ao trágico embate entre Tony Stark e seu oponente Ivan Vanko.

Linguagem corporal expressão facial duping delightNesse caso, o duping delight foi bem encenado e mostra que expressões faciais podem sim ser “encenadas” de forma convincente, o que nos serve de alerta para que não nos apoiemos em uma única técnica de percepção.

Ensino aos meus alunos que devemos observar diversas dimensões, entre as quais a linguagem corporal joga um papel fundamental. É necessário observar o que a pessoa fala, como se movimenta, quais são as suas expressões faciais e quando todos esses eventos ocorrem em relação aos outros.

Pode parecer algo difícil, mas asseguro que com o devido treinamento e com a aplicação das técnicas adequadas, toda essa observação é realizada sem tanto esforço.

Fica então o alerta: não existe um único e definitivo sinal da mentira! Nem mesmo as microexpressões faciais são capazes de, isoladamente, desmascarar todos os mentirosos.

Veja mais no artigo: A mentira aparece no rosto?

 

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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

. Expressões faciais fingidas são eficazes?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/expressoes-faciais-fingidas-enganam/> . Acesso em 29 Mar 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

. (). Expressões faciais fingidas são eficazes?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 29 Mar 2024, de https://ibralc.com.br/expressoes-faciais-fingidas-enganam/.

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7 comentários em “Expressões faciais fingidas são eficazes?”

  1. O artigo em questão tem por objetivo principal mostrar que é possível (apesar de difícil) manipular as expressões faciais para torná-las “naturais”.

    Qual o nosso critério para considerar que um ATOR é bom? Não é a representação de uma personagem como se fosse ela “encarnada”?

    Ser um bom ator, não significa, então, saber representar comportamentos e expressões faciais que não são “verdadeiramente” experimentadas?

    Por outro lado, alguém com essa habilidade pode utilizar-se dela para manipular o comportamento de seus interlocutores, sem que seja percebido. Então cautela quando você escuta por aí que analisar o comportamento verbal e não verbal do ser humano é muito fácil e pode ser realizado a partir de uma lista de características.

    Não entre nessa!
    Um abraço
    Sergio Senna

    1. Prezado Alzyr, saudações e obrigado por mais esse sua participação em nossos debates.

      Incluí, acima, parte do conteúdo da Wikipedia sobre neuromarketing.

      Sobre esse tema, percebi que a utilização das máquinas de ressonância magnética funcional (FMRI) vêm sendo promovidas para diversos fins. Seus fabricantes têm incentivado o uso para diversas atividades como a segurança pública, por exemplo.

      Além disso, esses mesmos fabricantes propagam que essas máquinas fazem acesso direto ao Sistema Nervoso Central (SNC), então suas informações são muito mais confiáveis do que os métodos de análise relacionados ao Sistema Nervoso Autônomo. No que diz respeito ao marketing, eles argumentam que essa máquina é fundamental, pois poderiam elaborar melhores campanhas, obtendo informações adicionais à “opinião” dos consumidores (considerada cognitivamente manipulável).

      Máquina de Ressonância Magnética Funcional

      Uma máquina dessas custa cerca de US$ 5.000.000 e o software de controle de US$ 600.000 a 1.000.000. É, portanto, um equipamento muito caro.

      O neuromarketing têm relação com o uso dessas máquinas, uma vez que é necessário estudar essas reações do SNC com a pessoa recebendo e respondendo aos estímulos “dentro” da máquina.

      Em minha opinião, para efeitos acadêmicos e de estudos científicos esse tipo de máquina, apesar de não representar exatamente o que seus fabricantes afirmam, significa um grande avanço.

      Apesar da argumentação sobre o acesso direto ao SNC, o que não é exatamente verdade, uma vez que a máquina elabora essa informação a partir do gasto de oxigênio, o que também é uma informação INDIRETA sobre o conteúdo processado em determinada área do cérebro humano.

      Para efeitos práticos, Alzyr, eu me aplico em ser muito bom em analisar as expressões faciais e o comportamento humano, pois essas técnicas estão sempre comigo onde quer que eu vá, não preciso colocar ninguém dentro de uma máquina e ainda economizo US$ 5.000.000, chegando a resultados semelhantes quando a questão é saber se alguém gostou ou não de um produto, de uma pessoa ou de uma situação!

      No entanto, se a questão for saber que área do cérebro foi ativada…. então não há como dispensar tal máquina!

      Um abraço
      Sergio Senna

  2. Sergio Senna Pires via Facebook

    Existe mais um indicador interessante e que precisa ser investigado. Uma boa parte das expressões realizadas no vídeo são unilaterais (incluindo a virada da cabeça).

    Esse é um indicador clássico de aversão, caso a pessoa não apresente a mesma frequência em situações não aversivas. Isso pode indicar que ela realmente é contra a divisão.

    No entanto, fica uma dúvido: o choro aos 25:00 é recuperado rápido demais e antecedido por uma expressão de controle que é o apertamento do orbicular dos lábios aos 24:30.

    Essa expressão de controle pode significar a “preparação” para chorar, mas também uma reação quando a pessoa sente que vai chorar.

    Além disso, essa cena ocorre quando ela fala o próprio nome (acrescido de Belém) Com a divisão do Pará a história dessa cantora sofrerá uma reviravolta o que pode, efetivamente, tê-la mobilizado.

    Entretanto, note que o descrito acima, nada tem com as vantagens ou desvantagens de dividir o Pará em 3 estados. Estão aí o Mato Grosso do Sul e o Tocantins como prova de que essa medida pode ser benéfica.

    Marketeiros misturam as emoções das pessoas para que seus objetivos na persuasão sejam alcançados! Cuidado!

    No geral, a cena do choro não me convenceu. Existem indicadores divergentes, mas o vídeo como um todo revela uma forte intenção persuasiva (o que é um contexto propício a comportamentos artificiais).

  3. Sergio Senna Pires via Facebook

    O Edinaldo observou o seguinte:

    “Neste vídeo existe um misto de tristeza, alegria e raiva (que estão sempre presentes durante o curto vídeo), mas gostaria de destacar movimentos mais sutis:

    0:21 – sorriso/alegria, “quando canto pelo mundo, é a voz do pará que levo em minha garganta”
    0:23/24 – tristeza, quando fala do nome dela, provavelmente tem orgulho disso.
    0:30 – raiva, quando fala “não, não”.

    Portanto, vejo coerência com a fala e a expressão facial, acreditando assim que se trate de uma emoção verdadeira, e não um golpe publicitário (no sentindo de fingir tal emoção, apenas para comover).”

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