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O olhar mente?

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Tempo de leitura: 6 min.

O olhar mente?

Dando continuidade a esta nova série, iremos abordar conceitos que não foram citados na série Lie to me, divulgada aqui no portal pelo Dr. Sérgio Senna. No primeiro artigo da série, vimos um assunto bastante interessante e polêmico: Honestidade Radical.

Neste segundo artigo, iremos tratar um assunto igualmente interessante e intrigante: os vestígios que nosso olhar deixa ao observar o ambiente ou a face de nosso interlocutor. Este assunto – até certo ponto já abordado no “senso comum” – possui inúmeros pontos para debate, pois o mesmo não pode ser tratado de forma definitiva como muitos “especialistas” tratam.

Assim, tentaremos trazer luz a este assunto, possibilitando com que nos tornemos mais críticos na construção de nossa opinião acerca das emoções alheias quando acrescentarmos, em nossas análises, este importante indicador: o olhar. Afinal, o olhar mente? Podemos utilizá-lo como mais um indicador em nossas análises?

 

Os olhos são a janela…do cerébro.

Ainda norteado pelo primeiro episódio da série (Piloto), vamos focar no caso do assassinato de uma professora do ensino médio, em que o acusado é o aluno James Cole de 16 anos, que por sua baixa idade e dureza da condenação, solicitam a opinião do Lightman Group sobre o assunto.

Ao encontrarem o aluno na prisão para uma “entrevista” inicial, uma das análises que chama a atenção é o foco na movimentação do olhar – evidentemente que ampliado com um zoom e movimentado em câmera lenta, como é característico do seriado. Como o assunto é amplo, divideremos o mesmo em mais de um artigo.

Mas qual a relação entre o olhar e a emoção?

Primeiramente, vamos discorrer de alguns conceitos mais básicos:

1. Íris: é a parte mais visível, e colorida, do olho;
2. Pupila: orifício no centro do olho, cuja função é controla a entrada de luz no olho.

No processo de controle da entrada da luz no olho, pela pupila, ocorrem dois movimentos:

1. Miose: Diminuição do diâmetro da pupila;
2. Midríase: Aumento do diâmetro da pupila.

Estes dois movimentos possuem alguma ligação com o estado emocional, como o medo, alegria, excitação e raiva, apenas para citar alguns.

Interessante citar um trecho do artigo “O medo no esporte” – Monica Maria Viviani Brochado, que baseada nos estudos de Hackfort & Schwenkmezger, 1980, cita que “O medo se revela, ou é expresso, de diversas formas: rosto pálido, olhar petrificado, dilatação da pupila, inquietação motora generalizada, tremor das mãos, postura corporal enrijecida, braços tensos, suor, fala rápida, tremor da voz, erros freqüentes na fala, entre outros..“.

Vale inclusive citar que a autora leva em conta a soma de diversos outros fatores além do “olhar”, entretanto, ainda assim, devemos tomar cuidado, pois por possuir foco na área esportiva, tratar sintomas como suor, rosto pálido e musculatura firme/rígida, por exemplo, podem apenas indicar um esforço excessivo por parte do atleta.

Ao sentirmos medo, precisamos ampliar no campo de visão, e por esta razão as pupilas dilatariam (excluindo-se razões como uso de drogas, lesões cerebrais ou alguma reação como síndrome do pânico). Mas será que estes indícios estão sempre corretos? Podemos tomar este “atalho” para afirmar que alguém sente medo?

Estudos mais recentes (“Atratividade facial e expressões emocionais: existe relação com o diâmetro da pupila?” – CARVALHO, 2010) nos indicam uma maior complexidade na relação entre a análise da emoção e o processo de miose/midríase.

Para um melhor entendimento de como o SNA-Sistema Nervoso Autônomo influencia nossas emoções, recomendo a leitura do artigo “Não existe um único e definitivo sinal da mentira“, de autoria do Dr. Sérgio.

 

Evite atalhos, não existem mapas emocionais.

Assim como o medo, a raiva também é desencadeada por adrenalina, o que faz ocorrer o processo de midríase. Devemos perceber então que não existe um padrão rígido e de simples associação entre a pupila e os estados emocionais,  assim, as emoções associadas à ativação do SNAS, normalmente, dilatam a pupila. Na hipótese de a vermos contraídas, será necessário investigar outros fatores que estariam causando isso, como por exemplo: fingir raiva, medo ou um estado psicótico em que a pessoa mostra um comportamento e sente outro.

Uma “dica” muito propagada no senso comum é que o mentiroso geralmente evita olhar para nossa face, enquanto mente. Entretanto, quando queremos perceber o resultado de alguma mentira que contamos, tendemos a observar a face “da vítima”, afim de tentar descobrir se a mesma está “engolindo nossa conversa”. Mas será que acusarmos alguém de mentiroso apenas por um destes indicativos é justo?

Esse é um cuidado que devemos ter nas análises que realizamos a partir dos indicadores não verbais. Como observamos os efeitos da ativação do SNAS no organismo, e essa ativação pode ocorrer por diversos motivos e, ainda sofrer alterações, a partir de outras tantas razões, devemos ser bem cuidadosos com nossas conclusões. É importante destacar que a adrenalina não é o único hormônio que atua em nosso corpo, apesar das pessoas sempre se referirem a ela, e outras substâncias (incluindo aquelas que podem ter sido ingeridas por alguém) modificam os indicadores que aparecem a partir da ativação do SNAS.

No artigo “Aspectos Fisiológicos e Psicológicos do Estresse”, da revista de psicologia da UNC, os autores citam que uma “reação de alarme é caracterizada pelo aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial, para permitir que o sangue circule mais rapidamente e, portanto, chegue aos tecidos mais oxigênio e mais nutrientes; aumento da freqüência respiratória e dilatação dos brônquios, para que o organismo possa captar e receber mais oxigênio; dilatação da pupila com exoftalmia, para aumentar a eficiência visual; aumento no número de linfócitos na corrente sangüínea, para reparar possíveis danos aos tecidos e pela ansiedade.“, reforçando o fato de que hormônios liberados no organismo – no caso, pelo estresse – podem dilatar a pupila. Daí vem a questão: este estresse é ocasionado por estarmos mentindo ou simplesmente nervosos (em uma entrevista de emprego, por exemplo)?

Interessante como informações sobre este assunto são publicadas de forma parcial ou as vezes até incorreta, inclusive no meio científico, conforme podemos destacar, como exemplo, um trecho retirado do artigo “O papel da comunicação na humanização da atenção à saúde.”, onde a autora cita que “Geralmente, não temos consciência nem controle voluntário de toda essa sinalização não verbal.Por exemplo, numa interação, quando estamos gostando do que está acontecendo, a nossa pupila se dilata involuntária e inconscientemente. Claro que estou me referindo a situações onde não existe alteração de luminosidade, nem alteração química, porém é fato comprovado que quando a interação é prazerosa para a pessoa a sua pupila se dilata. Podemos afirmar, por dados como esse, que na contradição, na dúvida entre a mensagem verbal e a não-verbal, as pessoas confiam nessa linguagem silenciosa, que fala da essência do ser humano, do que estamos sentindo.” Isto está totalmente correto? Afinal, vimos que raiva ou medo, por exemplo, dilatariam a pupila da mesma forma, portanto cuidado!

O olhar então denuncia o mentiroso? Não podemos afirmar que sim ou não (exclusivamente pelo olhar), mas devemos considerá-lo como mais um indicador dentro de um conjunto (de outros indicadores), para que nossa avaliação possua maior chances de acertividade. Evite atalhos, não acredite em fórmulas “fechadas”, a psiquê humana não pode ser tratada como uma ciência exata, logo, esqueça os “indicativos/indícios de mentira” pregados por tantos “profissionais”.

 

E você? O que pensa sobre isso? Deixe-nos o seu comentário!

Saudações e prossiga acompanhando os nossos artigos

Edinaldo Oliveira

 

Referências:

BROCHADO, Monica. “O medo no esporte”; Universidade Estadual Paulista. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n2/Brochado.pdf. Acessado em: 19/03/2012

CARVALHO, Silvana. “Atratividade facial e expressões emocionais: existe relação com o diâmetro da pupila?”. Disponível em: http://bdtd.biblioteca.ufpb.br/tde_arquivos/19/TDE-2010-09-28T162940Z-667/Publico/arquivototal.pdf. Acessado em: 14/02/2012

Celí Teresinha Araldi-Favassa, Neide Armiliato e Iouri Kalinine. “Aspectos Fisiológicos e Psicológicos do Estresse”; Revista de Psicologia da UnC, vol. 2, n. 2, p. 84-92. Disponível em: http://files.andreonetm.webnode.com.br/200000653-c87f4c9791/Estresse%20-%20Aspectos%20Fisiol%C3%B3gicos%20e%20Psicol%C3%B3gicos%20do%20Estresse.pdf. Acessada em: 06/03/2012

Editorial CPVI – Centro de Pesquisa da Visão Integrativa. “Sinais da pupila”. Disponível em: http://www.cpvi.com.br/materias/Sinais_das_Pupilas. Acessado em: 12/02/2012.

Freitas, Magalhães. (2011). O Código de Ekman: o cérebro, a face e a emoção. Portugal/Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa.

Senna, Sérgio. “Mentiras sinceras nos interessam?”; ibralc.com – IBRALC. Disponível em: //ibralc.com.br/a-mentira/mentiras-sinceras-nos-interessam/. Acessado em 12/02/2012.

Senna, Sérgio. “Não existe um único e definitivo sinal da mentira.”; ibralc.com – IBRALC. Disponível em: //ibralc.com.br/a-mentira/nao-existe-um-unico-definitivo-sinal-da-mentira/. Acessado em 14/02/2012.

Silva, Maria Júlia Paes. “O papel da comunicação na humanização da atenção à saúde.”; Revista Bioética. Disponível em: http://seer.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/215/216. Acessada em: 06/03/2012

Paulo Schor, Ricardo uras e Silvia Veitzman. “Óptica, refração e Visão Subnormal” – Série Oftalmologia Brasileira;Rio de Janeiro, Ed Cultura Médica, e Guanabara Koogan, 2008

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. O olhar mente?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/o-olhar-mente/> . Acesso em 18 Apr 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2012). O olhar mente?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 18 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/o-olhar-mente/.

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22 comentários em “O olhar mente?”

  1. Edinaldo, Belo artigo primeiramente, meus parabéns.

    Gostaria de me certificar de uma coisa. Referente a miose e a midríase. E deixar meu comentário a esse respeitável artigo. Assim como eu passei a ter conhecimento de coisas que não tinha com ele, muitas pessoas também passam a ter com nossos comentários.

    A pupila passa pelo processo da midríase quando algo é estimulada a ela, ou seja excitação sexual, atividades em que as pessoas se sintam prazerosas e satisfeitas. Bem assim também como o medo que se dilata para ampliar o campo de visão para enxergar melhor rotas de fuga. (A fuga estimula a fuga e para uma fuga a pessoa tende a ter um olhar amplo) Todo medo é uma reação fisiológica do corpo onde nossas amídalas ficam ativas para reagir a algo que não queremos que aconteça ou por alguma ameaça. Com o medo vem também o estresse, os músculos ficam enrijecidos e tensionados (acumulo de energia nervosa) Com isso creio também que o medo ao dilatar as pupilas ampliando o campo de visão, faz também com que o nervosismo ao mesmo tempo limite a visão e o tempo de reação ( tem a ver com o sistema nervoso autônomo simpático que reagem em situações de estresse), esse comportamento depende do padrão e do tipo comportamental da pessoa e de sua vivência ( se é rude, tímida, agressiva e etc. ) Passando isso, acredito que a raiva não dilata as pupilas, acredito que diante essa emoção (como já vi em muitas pessoas) ela se contrai fortemente (dependente do grau e o estágio da emoção). Quando estamos com raiva é clássico focarmos os nossos olhares assustados nos olhares da pessoa nervosa, e comumente dizer “ele lançou aquele olhar fulminante”… é a reação que temos ao ver a pessoa e ver a pupila contraída e dizermos sobre “aquele olhar fulminante lançado”.. . Ao contrário da pupila dilatada que nos sentimos inconscientemente (quem não sabe sobre o assunto) confortáveis e atrativos (por isso muitas bonecas são feitas com a pupila dilatada). Os comerciantes sabem inconscientemente que a pupila dilatada causa atratividade por parte das pessoas entre si.

    Obrigado,
    Bruno S. da Silva

    1. Olá Bruno,

      Obrigado pela visita e o elogio ao artigo.

      Quanto a questão do MEDO, a dilatação pode ocorrer também por efeito da adrenalina (por origens diversas), devido à MEDO, por exemplo.

      Não existem indicadores ligados diretamente a emoções específicas, temos que sempre analisar o conjunto. Lembro que em um episódio da série Lie to Me — de forma errada — abordaram o assunto, apontando que havia um sentimento de atração de uma pessoa pela outra apenas por este indicativo (dilatação da pupila). Este tipo de análise não pode ocorrer “na vida real”, fazendo isto, você apenas obterá análises falhas que podem gerar decisões equivocadas.

      Abraço,

      Edinaldo Oliveira

  2. Assunto delicado este… acredito em minha modesta opinião, que as reações exibidas pelo SNA sejam uma base mais segura de analise comparada ao gestual, movimento dos olhos e possivelmente algumas expressões faciais, devido ao fato de independerem da influencia da cultura, mas infelizmente o necessário para capta-las em geral exige mais que a observação visual.

    Acho que o dilatação ou contração da pupila, quando contextualizado, muito válido. (como no episódio de lie to em citado, eles estão testando um novo poligrafo e entra uma atriz sensual, que faz gerar os falsos positivos, possivelmente adequados ao contexto), porém creio que a mentira possa se mostrar no olhar, mais especificamente pelo movimento da musculatura ao redor dos (orbicular e preseptal se não me engano), sendo o globo ocular ausente da função de contração, o mais característico em relação ao olhar. Mas sem duvidas, necessitamos de muita investigação neste assunto!

    Abraços!

    1. Olá David,

      Acho que você só misturou um pouco as coisas no primeiro parágrafo, quando senti uma “preferência” nos sinais emitidos pelo SNA…

      Devido à nossa complexidade, podemos considerar que existem os processos psicológicos básicos e processos superiores, um sobrepondo o outro. Os básicos são mais antigos e ligados mais diretamente ao SNA, diferentemente dos superiores, que possuem um construção bem mais complexa (consciência, memorização, abstração, dilemas morais, etc).

      Assim, perceber possíveis sinais de incongruências verbais e não verbais requer parcimônia na análise, pois existem correntes de estudos que defende por vezes análises utilizando exclusivamente os processos psicológicos básicos (baseados no SNA), e isto pode gerar equívocos nas análises.

      Interessante lembrar, que utilizando exclusivamente análise baseada no SNA, surge a figura da TSA (Transportation Security Administration), que é responsável pela segurança dos processos nos aeroportos dos Estados Unidos. O treinamento dos TSA é baseado em técnicas de observação intituladas de “SPOT – Screening Passengers by Observation Techniques”, que seria algo como a “Classificação de Passageiros Através de Técnicas de Observação”, além do serviço de imigração dos Estados Unidos, os aeroportos israelenses também se utilizam desta técnica, assim, agentes da “SPOT” e “TSA” atuam concomitantemente na segurança. Autoridades britânicas também implantaram um curso intensivo “SPOT”, com a finalidade de aprender tais técnicas. (Segundo matéria publicada no The New York Times, “Faces, Too, Are Searched at U.S. Airports.”). Portanto, podemos ver que a maioria realmente prefere trilhar pelos sinais do SNA, entretanto, como dito anteriormente, devemos ter cuidado com isso.

      Quanto ao exemplo que você citou em que entra a “atriz sensual”, os fatores culturais podem influenciar sim, por exemplo: existem países em que as mulheres devem ficar com o corpo totalmente cobertos, se esta mulher exibir um pouco da perna ou do braço, já é motivo para chamar a atenção dos homens (e desencadear um aumento na pupila, por exemplo), entretanto, esta mesma mulher inserida em nossa cultura, pouco chamará a atenção dos homens (e provavelmente não irão dilatar a pupila). O que é sensual em uma cultura não é necessariamente em outra…

      Espero ter ajudado.

      Abraço,

      Edinaldo Oliveira

    2. De fato, as funções mais complexas dialogam em geral, com percepções superiores, em geral ligadas a consciência, ou a percepções sensoriais mais sofisticadas. Porém peço tua opinião sobre a seguinte questão: Dialogamos em vários níveis de linguagem e, o verbal é recebido muito mais conscientemente que o gestual por sua relação intrínseca com conceitos abstratos, mas conforme vamos “descendo” na escala de expressão de nossas reações, assim como possuímos mecanismos ancestrais de ativação como os que foram citados, temos também uma percepção ancestral, fruto da evolução que em muito pouco dialoga com a linguagem conceitual propriamente dita, sobre essa “percepção primitiva” encontrei até hoje escasso material, acho um assunto de muita valia.

      Agradeço o teu retorno!

      1. Olá David.

        Sua percepção está correta. Existem poucos pesquisadores que se proponham a estudar a articulação entre processos psicológicos básicos e os superiores.

        Creio que isso se dá pela complexidade e pelo trabalho que dá. Mas tanto os processos básicos (que mais recentemente vêm sendo estudados pelas neurociências) quanto os superiores possuem uma profusão de estudos, se os considerarmos separados.

        Durante o doutorado, trabalhei com um dos poucos pesquisadores no mundo que estuda esses processos em articulação. Dê uma olhada na produção de Jaan Valsiner, professor na Universidade de Clark, nos EUA e vc encontrará muitas pesquisas interessantes.

        Atualmente, estou articulando fazer um pós-doutorado sob a orientação dele pois é um dos poucos no mundo com essa visão integradora do psiquismo humano.

        Mas se vc estiver interessado apenas nos processos básicos, existem muitos pesquisadores que produzem na área (cada um na sua “caixinha”).

        Veja essa série do NATGEO e conheça alguns, depois busque na Internet os artigos pelos nomes dos pesquisadores que aparecem.

        Abraço
        Sergio Senna

  3. Bruno Albuquerque Sanches Gonçales

    Olá Edinaldo já acompanhei alguns outros posts do site (até um deles comentado) e cheguei a este com um conteúdo bastante curioso. Você apresentou alguns tópicos de situações em que pupila se dilata e concluiu que com um questionamento referente aos autores citados que apresentam o mesmo sintoma para sentimentos distintos. A minha pergunta é, não poderiam estarem todos certos? Pelo que percebi o ser humano entra em outro estado quando está totalmente concentrado naquela situação, ou seja, está totalmente direcionado aquele sentimento mais com uma intensidade maior ou anormal. Parabéns pelo tópico, nos leva realmente a refletir sobre o assunto.

    1. Olá Bruno,

      Obrigado por mais esta visita. Não pretendia fazer apenas uma “comparação” com os demais artigos, na realidade, abordei o assunto por duas razões: (1) o pessoal da área de “sedução” adora utilizar a dilatação da pupila como indicador de atratividade e/ou (2) gostam de apontar a dilatação como um indicador de MEDO.

      Não excluo nenhuma das duas possibilidades, entretanto, como citei no artigo, a dilatação pode ocorrer também por efeito da adrenalina (por origens diversas), devido à MEDO, por exemplo.

      Não existem indicadores ligados diretamente a emoções específicas, temos que sempre analisar o conjunto. Lembro que em um episódio da série Lie to Me – de forma errada – abordaram o assunto, apontando que havia um sentimento de atração de uma pessoa pela outra apenas por este indicativo (dilatação da pupila). Este tipo de análise não pode ocorrer “na vida real”, fazendo isto, você apenas obterá análises falhas que podem gerar decisões equivocadas.

      O artigo foi para alertar para tais fatos, pois podem prejudicar nossa análise.

      Abraço,

      Edinaldo

  4. Felipe Carvalho Novaes via Facebook

    Edinaldo, acho curioso, de qualquer forma, que mesmo que a dialatação tenha sido devido ao nervosismo, as mulheres homossexuais terem tido o mesmo padrão que os homens héteros. Coincidência demais? rs

    Achei interessante a hipótese referente ao estupro, da dilatação da popila ser um indício de excitação mais genérica para preveni-lo. Vou baixar esse artigo e ler depois :)

    De qualquer forma, há um tempo atrás até escrevi no meu blog uma hipótese minha de que as maquiagens ao redor dos olhos evoluíram como uma prática cultural difundida entre as mulheres, principalmente, justamente porque podiam dar uma ilusão de pupilas dilatadas (excitação), o que as tornavam mais atraentes.

  5. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Pelo que li no artigo original, não se utilizaram de qualquer outro indicador, apenas única e exclusivamente a pupila….complicado afirmar algo tão complexo a partir de um único indicador.

  6. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Marcus, você falou “Todavia, a dilatação da pupia é algo muito sensível e a interpretação dos dados pode ser complicada: a dilatação aconteceu por excitação sexual ou porque a pessoa estava altamente concentrada na atividade apenas pelo interesse no estudo?”

    Já pensou também na hipótese de estarem nervosos (alguns, por qualquer razão) com o experimento? Este simples fato poderia alterar o resultado.

  7. Marcus Vinicius Alves via Facebook

    A dilatação da pupila é apenas um indicador preciso de excitação. Inclusive alto esforço cognitivo. A relação fisiológica entre dilatação da pupila e engajamento cerebral ainda não está bem explicada, mas três teorias podem ser citadas como causa: 1) Modulação cortical pela formação reticular; 2) Excitação do Locus Coeruleos, com produção de norepinefrina; 3) Ativação do Sistema Nervoso Simpático, que modula áreas periféricas do corpo, entre elas a pupila. A 3 parece muito com a 1, a diferença é que um seria uma modulação puramente cortical e a outra de “corpo inteiro” e daí poderia se tirar uma relação pupila-excitação sexual.

    Provavelmente, utilizando algum paradigma de registro da dilatação da pupila, que desde 1966 serve para avaliar diversos fatores, os pesquisadores chegaram a essa conclusão. Todavia, a dilatação da pupia é algo muito sensível e a interpretação dos dados pode ser complicada: a dilatação aconteceu por excitação sexual ou porque a pessoa estava altamente concentrada na atividade apenas pelo interesse no estudo?

    De qualquer forma, ainda não li o paper para fazer uma análise criteriosa, apenas vi as notícias divulgadas e manchetes meio espalhafatosas, com o intuito claro de chamar a atenção das pessoas. É preciso tomar muito cuidado com o que a galera do jornalismo científico divulga.

    Em minha opinião, é sim possível medir excitação sexual pela dilatação da pupila, mas há métodos mais diretos para medir isso (sim, bem diretos…). A dilatação da pupila é mais útil para outros tipos de pesquisa. Além disso, excitação e orientação sexual são duas coisas diferentes.

  8. Rogério Menezes Barbosa

    Estava lendo em um artigo, o qual falava sobre a taxa de piscar.
    Não é necessariamente um indício de que a pessoa que aumenta o número de vezes em que pisca os olhos, esteja mentindo.
    Mas há algum fato verídico sobre isso? Se tem algum significado? Ou a pessoa simplesmente pisca por piscar?

    PS: Obrigado por sempre responderem muito rapidamente.

    1. Olá Rogério,

      Primeiramente, espero que este artigo tenha ajudado. Em relação ao olhar, coloquei nele o que acho mais importante.

      Em relação ao número de piscadas, recomendo você se utilizar da simplicidade, e como seria isto? Vou me arriscar em responder, qualquer coisa o Dr. Sérgio me corrige…

      Acredito que você tenha visto algum explicação em relação à atividade cerebral, o porquê da velocidade da piscada aumentar, etc, etc… vou começar com um trecho de uma monografia que achei interessante:

      “Um outro método de detecção de mentiras que vêm recebendo interesse tanto prático quanto acadêmico é aquele através de mudanças no comportamento externamente observável da pessoa que mente. O método parte de uma premissa semelhante à do teste do polígrafo, ou seja, que as mudanças ocorrem quando as pessoas estão mentindo. Como dito anteriormente, as mudanças são comumente denominadas sinais de mentira. A definição
      de sinal de mentira deve ser, necessariamente, relacional. Nenhum comportamento é sinal de mentira em absoluto, mas funcionará como sinal se ocorrer regularmente com maior ou menor freqüência quando a pessoa mente em comparação a quando fala a verdade. Se alguém consistentemente pisca mais quando mente em comparação ao seu padrão normal de piscar, o piscar excessivo se configurará como sinal de mentira. Se uma outra pessoa
      pisca com menor freqüência enquanto mente, o piscar pouco predominante será um sinal de mentira. Sinais de mentira podem ser ainda mudanças em propriedades não-verbais do
      responder verbal, como o tom de voz, a velocidade da fala, a duração das pausas, etc. (…) Alterações nestes padrões comportamentais evidentemente não acontecerão todas
      as vezes em que a mentira ocorrer, e não serão iguais para todas as pessoas, estando ligadas a diversos fatores contextuais e individuais. Ao contrário do que acontece com o Pinóquio do conto de fadas, não existe um único sinal que sempre irá aparecer quando as pessoas contam mentiras. Assim sendo, a palavra “detecção” em detecção de mentiras tem um sentido até certo ponto diferente daquele denotado em detecção de sinais, por exemplo. O paradigma de detecção de sinais (Nevin, 1969) envolve a discriminação de algum estímulo específico que ora é apresentado e ora não é. A mentira, por outro lado, não existe materialmente enquanto estímulo discreto, e só se define através da relação entre o comportamento verbal e outros eventos no ambiente. (…)”

      Pág. 38 do PDF. “Efeitos de contingências aversivas sobre o
      comportamento de mentir: Sinais e detecção” -Nicolau Chaud de Castro Quinta
      Fonte: http://tede.biblioteca.ucg.br/tde_arquivos/11/TDE-2009-07-07T101257Z-598/Publico/Nicolau%20Chaud%20de%20Castro%20Quinta.pdf
      Acessado em: 05/06/2012

      Ou seja, se atenha à linha de base do interlocutor, observe se o mesmo possui este comportamento de piscar rapidamente os olhos, quando é alguém famoso, fica mais fácil, pois podemos encontrar vídeos em que a pessoa em questão esteja em diversas situações, trançando assim uma linha de base razoável.

      Como falei, não complique, simplesmente veja se o padrão faz parte ou não do interlocutor, se não fizer, e ele apresentar este sinal, provavelmente tem algo errado (evidentemente que com a soma de outros indicativos).

      Só como exemplo, veja o vídeo abaixo:

      Reportagem “Polícia encontra hackers que roubaram fotos de Carolina Dieckmann” – Parte em que entrevistam o Leonam Pereira, de 2:55 a 3:50

      httpv://www.youtube.com/watch?v=ngsNxAqWaXU&feature=related

      O Leonam Pereira aparece em dois momentos, observe que em um (no carro) ele pisca mais rapidamente os olhos, já em outro dado momento da mesma reportagem, ele fala sobre outro crime, de forma mais tranquila (parece-me inclusive que ele não pisca rápido os olhos).

      Sei que é pouco para montar uma base do padrão de comportamento dele, mas arriscaria dizer, que no segundo caso, ele misturou verdades e mentiras…ora, de fato aconteceu uma investigação, levaram o computador dele, etc.. ou seja, fica mais fácil de montar uma possível mentira, talvez por isto ele estivesse mais calmo. Só uma hipótese.

      Espero ter ajudado.

      Abraço,

      Edinaldo Oliveira

  9. Olá Joyce,

    Primeiramente obrigado pela visita e pelo comentário. Muito bom saber que os artigos estão te ajudando.

    Continue nos acompanhando.

    Abraço,

    Edinaldo

  10. Gostei muito desse artigo, primeiro porque me interesso muito neste assunto pelo fato de querer seguir esta área profissional, mas também porque jogo poker, e esse artigo acrescentou muito na observação que fazemos em nossos oponentes nas mesas hehehe.
    Só tenho elogios a todos os artigos aqui, tem me ajudado a compreender melhor muitas coisas, e o uso de uma linguagem que alcança a todos. Magnífico. Parabéns!!! Só tenho a agradecer pelo rico conteúdo que encontrei aqui.

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