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Você identifica a mentira pelo movimento dos olhos?

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Tempo de leitura: 10 min.

Se você acha que é possível identificar a mentira pelo movimento dos olhos e concluir que alguém está mentindo apenas observando esse indicador, é melhor ler com atenção o que será exposto a seguir.

♦ DICA

Mais um estudo (de muitos), publicado na revista PLoS ONE contradiz a concepção generalizada de que você pode afirmar que uma pessoa está mentindo pelo modo como seus olhos se movem.

 

♦ FATO

O movimento dos olhos não é um indicador confiável da mentira. Vejamos as razões.

De acordo com os entusiastas da comunicação não-verbal, uma pessoa cujo olho se desloca para a esquerda significa que ela está lembrando de algo, enquanto uma mudança para a direita significa que ela está criando uma versão (em muitos casos, isso significa mentira).

Quando você escuta uma pessoa dessas falando você se encanta….. Uma boa parte delas tem uma excelente oratória e conseguem reproduzir o conteúdo de livros em forma oral.

Possuindo boa memória, a rapidez com que conseguem elaborar os seus argumentos é surpreendente. Entretanto, a maravilha pára aí….

Não tem gente que cai no golpe do namorado (a) estrangeiro(a) apesar de tanto que se avisa e de tantas matérias jornalísticas sobre o assunto? Comportamento humano é assim.

Você chegou até aqui, pode também ver as minhas 8 DICAS para ser um especialista em:

ANÁLISE DA MENTIRA

 

O conhecimento disponível para a população é confiável?

Nos treinamentos que ministro, venho promovendo uma visão crítica nos alunos sobre o que vão encontrar, cursos que serão oferecidos por pessoas não qualificadas e literatura sobre linguagem corporal que nada mais é do que cópia de livros anteriormente publicados…. e também sobre o riscos do uso da pseudociência como estratégia de autoridade na comunicação persuasiva.

Gosto de uma definição que o filósofo Frankfurt (2005) define “bobagem” como “algo que é elaborado para impressionar, mas que
foi construído sem preocupação direta com a verdade.

Não gosto muito de distinções baseadas na intenção, pois esse tipo de abordagem para distinguir entre comportamentos, situações e conceitos parece nos exigir poderes divinos de onisciência, o que, obviamente, nunca desenvolveremos….

♦ ATENÇÃO

Existem muitos meios de ocultar as intenções e existem pessoas especialmente capazes para isso.

51 pesquisadores renomados assinaram como autores de um estudo sobre a questão da confiabilidade dos livros e treinamentos oferecidos à população, argumentando o seguinte (Denault et al., 2020, p.2):

Infelizmente, conceitos dúbios sobre comunicação não verbal são amplamente divulgados, principalmente na Internet e em livros voltados para o público em geral, assim como em seminários e conferências (coisas do tipo: “a linguagem corporal nunca mente”).

O uso de tais conceitos pode ter consequências negativas e talvez até desastrosas (Denault, 2015; Kozinski, 2015; Lilienfeld & Landfield, 2008). Por exemplo, profissionais de segurança e justiça que não estão familiarizados com o processo de “revisão por pares” podem ser induzidos a acreditar que esses conceitos duvidosos são científicos e lhes conferem uma autoridade totalmente injustificada (Jupe & Denault, 2018). [grifos nossos]

 

Como é possível divulgar mitos como “dicas” aceitáveis?

A figura abaixo foi retirada de um site de PNL. Perceba a inclusão da palavra “provável” no título da figura abaixo.

♦ FATO

A inclusão da palavra “provável” ajudará a “explicar” divergências, no caso da técnica não funcionar e houver algum questionamento.

Movimento dos olhos - mentira - IBRALC

Outro exemplo de como camuflar informação de baixa qualidade científica. Em um portal sobre comportamento existe a seguinte matéria:

Movimento dos olhos - mentira - IBRALC

♦ ATENÇÃO

Nesse caso específico, a ressalva é que os indicadores podem variar com a situação e com a pessoa (o que sobra para não variar então?) Cuidado com esse tipo de matéria. Fique atento!

 

Quais são os motivos pelos quais as pessoas consomem pseudociência? Quais são os riscos da pseudociência?

Os autores levantam alguns desses motivos (Denault et al., 2020, p.8):

As razões para crenças irracionais têm sido objeto de extensa literatura científica. As habilidades de pensamento crítico das pessoas, ideologias políticas e religiosas, bem como habilidades cognitivas e conhecimento científico são algumas dessas razões (…).

Mas por que algumas organizações nas áreas de segurança e justiça recorrem à pseudociência e às técnicas pseudocientíficas?

Para uma comunidade científica internacional que publicou milhares de artigos revisados sobre comunicação não verbal, pode parecer surpreendente que essas organizações adotem programas, métodos e abordagens que, à primeira vista, parecem científicos, mas, na realidade, não são. Oferecemos cinco hipóteses sobre por que algumas organizações recorrem à pseudociência.

Então, eles apresentam cinco razões, para o consumo de pseudociência:

    • As organizações têm problemas reais para resolver… Então se aparece alguém alegando ter desenvolvido um método que resolve o problema, a tentação de testar tal abordagem é bem grande;
    • Nem todos os decisores possuem habilidades para discernir o que realmente é conhecimento científico;
    • Muitos decisores ignoram a importância da ciência;
    • Os riscos da  pseudociência são subestimados pelas organizações que a adotam;

Eles levantam que uma parte é responsabilidade dos próprios pesquisadores. Sobre isso argumentam (Denault et al., 2020, p.8):

Finalmente, quando as organizações nas áreas de segurança e justiça têm expectativas irreais decorrentes de séries de televisão e outros meios de comunicação populares, e se voltam para a pseudociência, parte da responsabilidade recai sobre a comunidade científica internacional (Colwell, Miller, Miller, & Lyons, 2006; Denault & Jupe, 2017).

De fato, “o processo científico não para quando os resultados são publicados em um periódico revisado por pares. Uma comunicação mais ampla também está envolvida, e isso inclui garantir não apenas que as informações (incluindo incertezas) sejam compreendidas, mas também que informações erradas e erros sejam corrigidos quando necessário” (Williamson, 2016, p. 171).

Sobre os riscos da pseudociência, faz mais de uma década que venho argumentando que séries televisivas são boas para entretenimento.

♦ DICA

Explico, há tempos, também, que análise de comportamentos de artistas, políticos e atletas, principalmente as realizadas por pessoas sem qualquer formação científica, são formas de entretenimento.

Essas análises não rara vezes expõem as pessoas ao ridículo, levantam hipóteses sobre suas emoções e outros comportamentos privados. Normalmente essa exposição do sujeito é feita por pessoas sem qualquer preparo real.

Uma pessoa bem preparada, com conhecimento científico e ético não realiza análises públicas. O Código de Ética da Psicologia, por exemplo, proíbe que um psicólogo participe de análises de comportamento de pessoas específicas nos meios de comunicação. Isso me parece os freak shows do Séc. XIX, repaginados. Naquela época, era comum que pessoas com deformidades fossem expostas para que a população as visse. Hoje, temos o Youtube e outras redes para realizar a mesma tarefa.

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Venho também me dedicando há muito tempo ao esclarecimentos dos mitos, dos riscos da pseudociência, que surgem a partir de trabalhos científicos. Para aprofundar nas minhas argumentações e nos exemplos veja:

mito-ou-verdade-na-linguagem-corporal-ibrale-450

Mitos sobre Linguagem Corporal

 

E sobre o mito mais conhecido e mundialmente difundido – que 93% da comunicação é não verbal:

 

Pesquisa recente que detona o mito da mentira pelo movimento dos olhos

Pesquisadores da Universidade de Edimburgo e da Universidade de Hertfordshire (Wiseman et al, 2012) realizaram uma série de experimentos para colocar esse credo da programação neurolinguística a teste. Ao final do artigo veja uma lista de outros estudos que chegam à mesma conclusão.

Eles recrutaram 32 sujeitos destros, gravando-lhes os movimentos oculares quando mentiam ou diziam a verdade. Após a análise, não pareceu haver nenhuma conexão entre o movimento dos olhos e da veracidade ou falsidade das declarações dos participantes.

Em outro experimento, os pesquisadores mostraram a 50 voluntários alguns vídeos. Metade deles receberam informações sobre técnicas de detecção mentira pelo movimento dos olhos, proveniente da PNL, enquanto a outra metade não foi informada.

Eles foram, então, instruídos a identificar quais pessoas estavam dizendo a verdade ou mentindo. Com base nos resultados, os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre o movimento dos olhos e dizer a verdade ou mentir. Também não houve diferença significativa na avaliação de exatidão dos que foram informados sobre PNL e os outros sujeitos.

Relacionar o movimento ocular com a mentira, simplesmente explicando para as pessoas que a área da imaginação fica em nosso lado direito do cérebro…. é pura fantasia e irresponsabilidade, pois já presenciei pessoas sendo acusadas de mentir com base nesse tipo de técnica desqualificada.
A mistura de informações e teorias é muito comum no campo da PNL, onde reina o ensino conduzido por pessoas sem formação técnico-científica sólida.

Ler um livro de técnicas de PNL é como ver a justaposição de partes de teorias sem qualquer compromisso com o rigor técnico na articulação de diferentes enquadramentos teóricos.

O cidadão comum e sem capacitação para analisar a viabilidade dessas fantasias literárias acredita que aquilo que está ali é científico (até porque falar sobre sua suposta base científica é uma técnica conhecida da difusão da PNL). Ele perceberá as falhas durante a tentativa de colocar seus conhecimentos em prática.

Com base em evidências científicas (e.g. Thomason,  Arbucklet & Cady, 1980) , é possível dizer que  o movimento ocular está relacionado ao processamento de memória de longo prazo.

Nesse caso, seria possível utilizar esse indicador para perceber se a pessoa ensaiou uma resposta (caso não haja movimento ocular) pelo fato de não ter que “procurar” a informação em sua memória de longo prazo, o que é bem diferente de dizer que está mentindo!

Você chegou até aqui, pode também ver as minhas 8 DICAS para ser um especialista em:

ANÁLISE DA MENTIRA

As áreas do cérebro trabalham em conjunto  e bilhões de conexões garantem que umas se liguem às outras. Além disso, nosso sistema nervoso dispõe de plasticidade, em certos casos, outras áreas podem exercer as funções das regiões tradicionalmente conhecidas.

Áreas do cérebro envolvidas na moralidade e no ato de mentir

Veja abaixo uma representação simplificada das áreas envolvidas em nossas decisões morais. Então é óbvio que descobrir se alguém está mentindo não seria tão fácil assim….. Lembrando que, sob o ponto de vista psicológico, mentir não é somente uma questão ligada à memória, mas principalmente relacionada ao nosso sistema decisório moral.

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A PNL tem sido um lucrativo negócio para alguns ao longo dos últimos quarenta anos. Não me oponho à difusão de qualquer conhecimento (acredita quem quer), mas sim à sua suposta e largamente propagada base científica com o propósito de seduzir as pessoas com um argumento de autoridade.

Vai o meu conselho: não acredite que algo é científico se não te mostrarem muito bem as suas fontes.

Veja mais artigos sobre PNL 

Se você chegou até aqui eu recomendo que leia o meu artigo intitulado Características de um psicopata  e verá como muitos dos propagadores desses mitos têm características semelhantes.

Abraço

Sergio Senna


Artigo Original: 21 de janeiro de 2013

Atualização: 27 de outubro de 2023


 

Referências

Bensley. D. A., & Lilienfeld, S. O. (2017). Psychological misconceptions: Recent scientific advances and unresolved issues. Current Directions in Psychological Science, 26, 377-382. https://doi.org/10.1177/0963721417699026

Bensley, D. A., Lilienfeld, S., & Powell, L. A. (2014). A new measure of psychological misconceptions: Relations with academic background, critical thinking, and acceptance of paranormal and pseudoscientific claims. Learning and Individual Differences, 36, 9-18. https://doi.org/10.1016/j.lindif.2014.07.009

Boudry, M., Blancke, S., & Pigliucci, M. (2015). What makes weird beliefs thrive? The epidemiology of pseudoscience. Philosophical Psychology, 28, 1177-1198. https://doi.org/10.1080/09515089.2014.971946

Bronstein, M. V., Pennycook, G., Bear, A., Rand, G., & Cannon, T. D., (2018). Belief in fake news is associated with delusionality, dogmatism, religious fundamentalism, and reduced analytic thinking. Journal of Applied Research in Memory and Cognition. Advance online publication. https://doi.org/10.1016/j.jarmac.2018.09.005

Colwell, L. H., Miller, H. A., Miller, R. S., & Lyons, P. M. (2006). US police officers’knowledge regarding behaviors indicative of deception: Implications for eradicating erroneous beliefs through training. Psychology, Crime & Law, 12, 489-503. https://doi.org/10.1080/10683160500254839

Denault, V. (2015). Communication non verbale et crédibilité des témoins [Nonverbal communication and the credibility of witnesses]. Cowansville, Montreal: Yvon Blais.

Denault, V., & Jupe, L. M. (2017). Justice at risk! An evaluation of a pseudoscientific analysis of a witness’ nonverbal behavior in the courtroom. Journal of Forensic Psychiatry & Psychology, 29, 221-242. https://doi.org/10.1080/14789949.2017.1358758

Denault, V. et al. (2020). The analysis of nonverbal communication: The dangers of pseudoscience in security and justice contexts. Anuario de Psicología Jurídica, 30(1), 1–12.

Gauchat, G. (2012). Politicization of science in the public sphere: A study of public trust in the United States, 1974 to 2010. American Sociological Review, 77, 167-187. https://doi.org/10.1177/0003122412438225

Jupe, L. M., & Denault, V. (2018). Science or pseudoscience? A distinction that matters for police officers, lawyers and judges. Manuscript submitted for publication.

Kozinski, A. (2015). Criminal law 2.0. Georgetown Law Review, 44, iii-xliv

Lilienfeld, S. O., & Landfield, K. (2008). Science and pseudoscience in law enforcement: A user-friendly primer. Criminal Justice and Behavior, 35, 1215-1230. https://doi.org/10.1177/0093854808321526

Majima, Y. (2015). Belief in pseudoscience, cognitive style and science literacy. Applied Cognitive Psychology, 29, 552-559. https://doi.org/10.1002/acp.3136

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Pennycook, G., Cheyne, J. A., Barr, N., Koehler, D. J., & Fugelsang, J. A. (2015). On the reception and detection of pseudo-profound bullshit. Judgment and Decision Making, 10, 549-563.

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Shen, F. X., & Gromet, D. M. (2015). Red states, blue states, and brain states: Issue framing, partisanship, and the future of neurolaw in the United States. The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science, 658(1), 86-101.

Williamson, P. (2016). Take the time and effort to correct misinformation. Nature, 540(7632), 171. https://doi.org/10.1038/540171a

 

Outros estudos sobre mentira e o movimento dos olhos

Programação Neurolinguística – Movimento dos olhos

 


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Como citar este artigo?

Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. Você identifica a mentira pelo movimento dos olhos?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/voce-identifica-mentira-pelo-movimento-dos-olhos/> . Acesso em 17 Apr 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2013). Você identifica a mentira pelo movimento dos olhos?. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 17 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/voce-identifica-mentira-pelo-movimento-dos-olhos/.

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21 comentários em “Você identifica a mentira pelo movimento dos olhos?”

  1. Esse artigo é muito bom e útil. Porém eu preciso deixar um alerta aqui: Amostras com 32 pessoas ou com 50 voluntários, mesmo em um experimento científico sério, não devem ser tomadas como verdade absoluta. Esses números são ínfimos e não representam uma consistência decisória verdadeira. Uma boa amostra, começaria com números muito maiores… Quem trabalha com anúncios online, como eu, sabe bem do que estou falando. 100 pessoa ou 1000, é quase nada… Precisa-se de números muito maiores para aumentar a legitimidade do (anúncio, neste caso,) experimento.

    1. Perfeito Leandro, essa é outra limitação para a qual devemos atentar. Entretanto, esse importante aspecto não importa para aqueles que desejam apenas “vender” um produto e usar o argumento de autoridade de que existem estudos científicos. A maioria das pessoas não vai nem se dar ao trabalho de conferir…..

      Por essa razão, o próprio pesquisador também deve sempre deixar claras as possibilidades e limitações de qualquer estudo. Se possível, deve também indicar caminhos para o desenvolvimento daquele tema específico.

  2. Gostaria de saber por que as pessoas caem em golpes conhecidos e divulgados pela imprensa. tem alguma explicação científica para isso? grato.

    1. Prezado Celso, obrigado pela sua pergunta. As pessoas caem nesses golpes antigos e que já estamos “carecas” de saber por que os golpistas jogam os seus desejos, sonhos e ambições. É muito comum conversar com as pessoas que foram enganadas nesses golpes conhecidos e elas relatarem que “sabiam“.

      É o caso conhecido, por exemplo, da Dr. Maureen O’Sullivam que, no seriado Lie to Me é retratada como a Dra. Gillian Foster.

      Maureen, quando viva, contava como havia sido vítima de um corretor. Ela explicava que são os nossos desejos que nos fazem não querer ver a verdade….

      Penso que a ambição, o narcisismo e a ganância são igualmente agentes da “cegueira” para esse tipo de situação.

      Daí o meu conselho, prezado Celso: fique sempre muito atento ás suas próprias emoções.

      um abraço e siga acompanhando o nosso conteúdo. Eu estarei sempre pronto a interagir e responder as perguntas e fazer a receber comentários.

    1. Fernanda, boa noite. Obrigado pela pergunta, pois ela me dá oportunidade de aprofundar algumas coisas que tratei na postagem.
      Sendo direto, tem gente sim que não sabe o suficiente para ensinar, mas o faz assim mesmo.

      Eu dei alguns indícios durante a postagem. Normalmente são pessoas com boa oratória e excelente memória. Então ela consegue ler um livro e repetir aquele conteúdo. Para uma pessoa que não sabe muito e está começando a aprender, essa pessoa parece um especialista. Nesse contexto, os mitos sobre linguagem corporal se espalham. Veja um pouco sobre eles na nossa seção sobre mitos.

      Outra técnica utilizada por esse tipo de “professor” é inflar o seu currículo com “certificações”. Infelizmente, até a empresa do Dr. Ekman tem anunciado 7 certificações em um único curso. Essa prática reprovável mostra como o mercado de diplomas está se comportando. na verdade, um reflexo do mundo…

      Todos sabem que o Dr. Ekman está idoso e não dá mais cursos, ele mesmo. A empresa tem sido tocada pela sua filha, Eve. Em 2014, quando encontrei com ele, em Stanford, para ver se era possível fazer um pós-doutorado sob sua supervisão, ele já não estava mais se envolvendo com ensino e tive que buscar outras opções.

      Então cuidado. Siga lendo os nossos conteúdos e conte comigo para tirar mais alguma dúvida que você tenha.

  3. A atividade no portal aumentou desde a última vez que estive por aqui, e a interface ficou mais bonita também. rs, parabéns!

    Bom, vamos lá.
    Tudo na PNL gira em torno de suposições na interpretação textual do leitor, por exemplo: “quem olha para a direita está ativando uma parte criativa do cérebro, uma provável mentira” – o detalhe veio na palavra provável – quando contestada uma teoria dessas, um defensor da “tese” poderá dizer: “Ali diz que é uma provável mentira e não que é uma mentira de fato”. Que conveniente se tornou esse “provável” no texto.
    Como a tendência da maioria das pessoas é procurar respostas objetivas, o que evitaria a estimulação a raciocinar ou refletir sobre o tema, a PNL chega como “A Solução dos seus Problemas!”. ENTRETANTO! Criar uma tendência solucionista fácil para uma situação tão complexa, compreender a linguagem corporal, é um insulto à inteligência. No início você acha tudo maravilhoso nas teorias da programação neurolinguística, quando vai pra prática e surgem as dúvidas, a resposta que você obterá são essas: “no texto está escrito provável, talvez, nem sempre…” e o dinheiro gasto no livro foi parar onde? Dinheiro jogado fora.
    “Não ensine seu filho apenas a ler. Ensine-o a ler e a questionar o que ele está lendo. – George Carlin”

    1. Olá Rogério,

      Obrigado pelos elogios ao portal (mudanças totalmente creditas ao Dr. Sérgio).

      Bom, não tem muito o que falar…você resumiu bem o que acontece com os alunos que investem na PNL (as vezes por desconhecimento): provável sentimento de frustração no curto e médio prazo.

      Obrigado por mais esta participação.

      Atenciosamente,

      Edinaldo Oliveira

  4. Parabéns pelo artigo, ele expõe um fato realmente preocupante em relação não só a PNL, mas a grande enxurrada de literatura auto ajuda que se vende através do apoio em “bases científicas”.

    É realmente uma pena que a ética seja deixada de lado a este ponto na difusão de conhecimentos relacionados a detecção de mentira, os prejuízos pela utilização de técnicas sem real fidedignidade podem ser bem sérios para a vida.

    Mas gostaria de tirar uma duvida se possível, o que de fato, podemos confiar em relação a detecção de emoções/cognições pelo movimento dos olhos?

    Um abraço!

  5. Douglas Fernandes via Facebook

    Já tinha lido sobre isso antes em um livro, e ao testar com amigos realmente não havia tido sucesso. Mas no próprio livro dizia que essa técnica não era bem aceita, e que não tinha comprovações suficientes. Menos mal então. Livro de David Cohen.

    1. Obrigado Edinaldo. A intenção foi mostrar que os estudos científicos, simples como são. Fazer a pessoa contar mentiras e verdades e gravar o movimento ocular. Ou ensinar esse mito para um grupo de pessoas e deixá-las classificar se uma versão é verdadeira ou falsa. Tudo muito simples.

      Temos uma penca de estudos assim. Para mim, esse mito está mais do que detonado!

      É uma pena ver psicólogo ensinando esse tipo de barbaridade como “dica”.

      Espero que com nossas matérias as pessoas fiquem mais conscientes e cuidadosas.
      Abraço
      Sergio Senna

  6. Sergio Senna Pires via Facebook

    Outro dia, um de meus alunos me contou que, em tempos passados, se meteu em uma confusão ao “apontar” um mentiroso com base nesse mito do movimento ocular.

    Por isso, acredito que muitas pessoas devam se interessar pelo tema.

  7. Sergio Senna Pires via Facebook

    Nesse artigo fui bem objetivo. Penso em produzir outro sobre o Sistema de Representação Preferencial ou Primária, que também é outro mito muito difundido no Brasil.

  8. Sergio Senna Pires via Facebook

    Prezados leitores, recomendo a leitura atenta desse novo artigo que resume um estudo científico (entre muitos) que contradiz um dos mitos mais difundidos sobre a mentira:

    Que nós podemos identificar um mentiroso pelo movimento ocular.
    Boa leitura

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