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Cérebro em desordem e o entendimento das emoções

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Tempo de leitura: 5 min.

O cérebro é a mais complexa “máquina” existente no universo, pelo que conhecemos atualmente a respeito do cosmos. Provavelmente, por esse motivo é que a época de ouro no seu entendimento deu-se há algumas décadas atrás somente. Hoje não podemos mais ignorar seu papel vital em nossas capacidades, das mais complexas às mais simples, desde a atividade interna (emoção e cognição)* até a externa (comportamento).

A resolução desse enigma, no entanto, depende fundamentalmente desses casos de desvio da normalidade produzidos por lesões ou por má formações. Veja agora como se desenrolam as pesquisas na neurociência e como esses casos bizarros representam uma fonte de conhecimento sobre o cérebro.

 

Cisões Cerebrais e Processamento Emocional

Qual o melhor modo que temos para entender o funcionamento de determinado mecanismo? Pensemos em uma lâmpada. Se quiséssemos compreender o caminho da corrente elétrica, como e quais circuitos e estruturas são ativados para produzir o produto final, a luz, todos os métodos disponíveis para se obter esse conhecimento se resumiriam a desmontar tudo e ir fazendo testes.

Esses testes incluiriam várias tentativas e erros, em que todo o sistema seria posto para funcionar sem determinadas peças, pulando determinadas etapas e por aí vai, até que a participação de cada estrutura fosse decifrada. Resumidamente, uma das maneiras de se entender determinada coisa é vendo o aparelho funcionar na ausência dessa coisa.

Esse tipo de raciocínio permeia toda a história da investigação científica sobre o corpo humano. Um dos expoentes mundiais na pesquisa sobre a neurociência da emoção – Joseph LeDoux – parece ter seguido esses passos. Seu orientador no doutorado foi Mike Gazzaniga (que, por sua vez, foi auxiliado pelo Dr. Roger Sperry), um famoso neurocientista que estuda, dentre outros temas, a relação entre a consciência e hemisférios cerebrais.

Robert Sperry Michael Gazzaniga Joseph LeDoux

 

A pesquisa dos dois, na época do doutorado de LeDoux, consistia em examinar as habilidades de pacientes cuja conexão entre os dois hemisférios tinha sido interrompida devido a uma cirurgia para controlar os graves sintomas da epilepsia. Feita a cirurgia, os dois lados do cérebro não mais podem se comunicar, e como existem funções que são especialidade de um ou outro hemisfério, as consequências disso para o desempenho normal desses pacientes em diversas tarefas eram curiosas.

 

Efeitos Intrigantes

Tome como exemplo a linguagem. A maioria das áreas relacionadas encontram-se no hemisfério esquerdo. Dessa forma, quando um estímulo era apresentado ao hemisfério direito do paciente, ele não conseguia nomear o estímulo, pois a informação não passava para o esquerdo para ser processada verbalmente. Contudo, o hemisfério direito era capaz de responder normalmente caso fosse mostrada uma foto de um objeto ao paciente e fosse pedido para que procurasse o objeto da foto numa cesta. Mas, curiosamente, não conseguia dizer seu nome.

O que fez LeDoux (1996) se interessar pelas emoções foi uma segunda fase de experimentos. O pesquisador apresentava um estímulo e o paciente tinha que dizer qual era o estímulo e se a emoção relacionada a ele era negativa ou positiva. Por exemplo, se o estímulo mãe fosse apresentado, a emoção relacionada provavelmente seria positiva. Com esse paciente, quando o estímulo era mostrado para o hemisfério esquerdo, ele podia nomeá-lo e falar da emoção normalmente. Todavia, se apresentasse ao direito, era capaz de falar da emoção somente. Isto é, curiosamente, a pessoa era capaz de sentir uma emoção mas não era capaz de formular verbalmente o que tinha despertado a emoção, o hemisfério esquerdo não tinha a menor idéia do estímulo em jogo.

Tome como exemplo também uma síndrome muito rara, porém, intrigante: o savantismo. O termo vem do francês savant (sábio) e às vezes vem acompanhado da palavra idiot (idiota). Os “idiot savants” possuem QI altíssimo, capazes de fazer cálculos complicadíssimos de cabeça e dotados de uma prodigiosa memória, podendo decorar livros inteiros e ainda citar qualquer página palavra por palavra. Paradoxalmente, esses indivíduos muitas vezes possuem a forma mais debilitante do autismo, o que os torna, em muitos casos, incapazes de falar e de desempenhar simples tarefas como escovar os dentes e amarrar os sapatos. Um caso mundialmente conhecido é o de Kim Peek. Já um homem de cinquenta e poucos anos, era uma enciclopédia ambulante mas tinha dificuldades básicas em atividades cotidianas como as citadas. Seu caso inspirou o filme ganhador do Oscar Rain Man, estrelado por Tom Cruise e Dustin Hoffman. O savantismo é caracterizado também por uma peculiaridade no corpo caloso (pelo menos no caso de Peek), que inexiste no cérebro dos savants. Os cientistas supõem que a ausência do corpo caloso fez os dois hemisférios cerebrais se conectarem de maneira mais eficiente, originando as super habilidades. Já as deficiências concomitantes provavelmente são o resultado de outros danos ainda não identificados com precisão (Treffert & Christensen, 2009). Veja abaixo o video com algumas cenas do filme e outro de um documentário sobre Kim Peek.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=RN0DczbPznY[/youtube]

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=k2T45r5G3kA[/youtube]

Esses casos bizarros nos levam à conclusão de que quanto mais complexidade, mais chances existem de algo dar errado. Qualquer tipo de lesão ou má formação cerebral (por motivos genéticos), por menor que seja, é capaz de produzir os resultados mais aberrantes. No entanto, apesar de esses quadros constituirem enorme sofrimento para o indivíduo e familiares, a análise científica desses casos oferece oportunidade sem igual de observar a influência dessas diferenças no comportamento, cognição e emoção, e perscrutar as funções de cada região cerebral. E isso, por sua vez, beneficia os pacientes na criação de tratamentos eficazes.

* Nem todo pesquisador está de acordo com a separação entre emoção e cognição. Parte deles os vê como como partes diferentes de uma mesma moeda, não como moedas diferentes.

Video sobre a síndrome da mão alheia, outra condição causada pela interrupção da comunicação entre os hemisférios:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=p9Glq9SVSxQ[/youtube]

Referências

LeDoux, J. (1996). O que o amor tem a ver com isso?, O Cérebro Emocional, Editora Objetiva.

Treffert, D. & Christensen, D. D. (2009). O homem que não esquece, Mentes em Desordem, Edição Especial Mente & Cérebro, Duetto.

 

 

Ficamos por aqui.

Saudações

Felipe Novaes

 

 


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Como citar este artigo?

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NOVAES, Felipe. Cérebro em desordem e o entendimento das emoções. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/cerebros-em-desordem-entendimento-das-emocoes/> . Acesso em 28 Mar 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Novaes, Felipe. (2012). Cérebro em desordem e o entendimento das emoções. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 28 Mar 2024, de https://ibralc.com.br/cerebros-em-desordem-entendimento-das-emocoes/.

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35 comentários em “Cérebro em desordem e o entendimento das emoções”

  1. Felipe Carvalho Novaes via Facebook

    O raciocínio da psicopatologia evolucionista é bem simples: quando estamos infectados por algum microorganismo ou quando algo, em geral, não vai bem em nosso organismo, apresentamos sintomas e sinais. E eles estão sempre ligados à reações orgânicas com determinada funcionalidade. Por exemplo, quando estamos resfriados, espirramos, há a tosse também e tal…Essas reações corporais tem por “objetivo” (ou permitem que) expulsar do nosso corpo fluidos mal-vindos e coisas do tipo.

    Engraçado é que existem muitos vírus e bactérias também que manipulam esse sistema a favor deles, fazendo com que nosso organismo tenha alguma reação que beneficie a eles mesmos, como o toxoplasma gondi, que ao contaminar o rato, age no sistema nervoso dele de forma que ele perca o medo de gatos e, pior, sinta atração pela urina dos bichanos!!!

    O próprio vírus da gripe é interessante nesse sentido porque ao mesmo tempo que o espirro expulsa os organismos invasores, também espalha os vírus pelo ar, contaminando mais pessoas. rs

    Enfim, é um assunto interessantíssimo que se ramifica imensamente por várias áreas. :)

  2. Felipe Carvalho Novaes via Facebook

    Olá, Edinaldo! Obrigado por compartilhar o video! Eu também sou fã do Carl Sagan. Ele realmente foi um cara muito à frente de seu tempo. Já leu O Mundo Assombrado Pelos Demônios?

    Mas é verdade…eu já tinha lido também ema glum outro lugar sobre isso, de as bibliotecas serem a extensão de nossa memória…Esse é um dos benefícios da cultura, da escrita e tal…ela permite que criemos uma versão quase igual à chamada Cloud…aquele sistema da Apple de colocar os arquivos numa nuvem e baixálos pra máquia quando precisarmos…algo semelhante ao que já fazemos com o DropBox, por exemplo.

    Fico pensando só que todas essas novas técnicas tem facetas boas e ruins.

  3. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Felipe, li seus dois artigos…muito bons!! Depois me adiciona no facebook, pois o meu esta bloqueado por uns 20 dias, aí não posso adicionar ninguém rsrsrs. Abraço!

  4. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Não conhecia essa área (psicopatologia evolucionista), deve ser muito interessante.

    Já que estamos debatendo sobre retenção da informação, gostaria de divulgar um vídeo que acho extremamente interessante (Carl Sagan – A Persistência da Memória – Legendado – 60min).

    http://www.youtube.com/watch?v=L0B_gt-pOX8

    Carl Sagan é uma destas pessoas que estavam à frente do tempo, admiro muito a forma como ele trata questões críticas de nossa existência.

    Felipe, parabéns mais uma vez, vejo que você possui um profundo conhecimento e interesse na área, gostei bastante do seu primeiro artigo, e espero outros…o nível esta muito bom!!

  5. Fala, Marcus!
    Po, cara, achei super legal seu blog. Com certeza darei uma lida.

    Ah sim! Nunca mais fizemos nada em parceria.
    Bom, eu e André estamos numa parceria: estudando a meditação aplicada como tratamento para vários transtornos e também como método para controle de impulsos, emoções e etc, sobre a neurociência da coisa e tal. Já fizemos alguns textos sobre o assunto, mas com a vida movimentada fica difícil de manter posts contínuos, mas já fizemos dois. Se quiser contribuir, seja bem-vindo. Dá uma olhada no meu blog…se tiver algum tema no qual queira investir…hehe

    Aqui os dois que a gente escreveu:
    http://www.nerdworkingbr.blogspot.com.br/2012/04/budismo-o-uso-milenar-da.html

    http://www.nerdworkingbr.blogspot.com.br/2012/05/usando-meditacao-para-controlar.html

    Abraço!

  6. Felipe Carvalho Novaes via Facebook

    Edinaldo, acho que é meio complicado dizer que isso é uma tentativa “frustrada” da evolução. A evolução é regida por, mais fundamentalmente, pelas pequenas modificações que ocorrem nos organismos por causa de mutações. Características mais úteis ao ambiente vão sendo selecionadas e as menos, extintas. Isso sem tirar as neutras, ou os coprodutos e tal. Nesse sentido, qualquer variação pode ser encaixada nesse esquema. A memória prodigiosa dos savantes talvez possam ser encaradas como tal, mas como na prática ela não oferece qualquer vantagem que interfira na passagem de genes do indivíduo, então ela nunca é selecionada. Só surge eventualmente por causa de alguma mutação que a cause, e às vezes é passada para as próximas gerações. Mas esse é um assunto muito interessante…tem um assunto dentro da psicologia evolucionista que é a psicopatologia evolucionista. As pesquisas da área tentam situar as síndromes e transtornos de fundo genético sob o prisma da seleção natural. Eles tentam responder a algumas perguntas como “Se a seleção natural preserva somente o que é vantajoso para o indívíduo, por que certos transtornos são tão comuns em nossa espécie (como depressão, autismo, TDAH e etc?)?”

  7. Felipe Carvalho Novaes via Facebook

    A memória é realmente sensacional. Foi legal o Edinaldo falar dessas pessoas que tem problemas por terem uma memória muito factual, quase “fílmica”. De fato, a nossa memória é feita para (selecionada de forma que permita) administrar gastos de energia. Se ela registrasse tudo fielmente, não poderia haver a seleção de informações importantes a serem guardadas e ampliadas, em detrimento das outras menos usadas. Isso é feito fisiológica e anatomicamente até. Se usamos muito determinada área, ela é irrigada e o número de conexões aumentam. Se não uso, o organismo vai privando aquilo ali de irrigação e a área estagna ou até regride.

    E sobre a nossa memória ser extremamente manipulável, isso tem seu lado bom. Ela precisa ser flexível para que possa suportar a introdução de novas informações que ampliem a memória. Isso é fundamental para que haja a aprendizagem até. Tem dois textos legais sobre isso pra quem quer aprofundar a questão:

  8. A memória é realmente sensacional. Foi legal o Edinaldo falar dessas pessoas que tem problemas por terem uma memória muito factual, quase “fílmica”. De fato, a nossa memória é feita para (selecionada de forma que permita) administrar gastos de energia. Se ela registrasse tudo fielmente, não poderia haver a seleção de informações importantes a serem guardadas e ampliadas, em detrimento das outras menos usadas. Isso é feito fisiológica e anatomicamente até. Se usamos muito determinada área, ela é irrigada e o número de conexões aumentam. Se não uso, o organismo vai privando aquilo ali de irrigação e a área estagna ou até regride.

    E sobre a nossa memória ser extremamente manipulável, isso tem seu lado bom. Ela precisa ser flexível para que possa suportar a introdução de novas informações que ampliem a memória. Isso é fundamental para que haja a aprendizagem até. Tem dois textos legais sobre isso pra quem quer aprofundar a questão: http://nerdworkingbr.blogspot.com.br/2011/12/nossa-memoria-e-confiavel.html

    http://nerdworkingbr.blogspot.com.br/2012/04/importancia-do-sono.html

  9. Edinaldo Oliveira via Facebook

    As vezes penso (só imagino, sem fundamentação teórica ou visão religiosa) que isto pode ser fruto de uma tentativa de evolução “fracassada”… Não sei quais alterações fisiológicas/cognitivas liberam tamanha capacidade do nosso cérebro, entretanto, visivelmente o processo não é bem sucedido, visto as deficiencias que acomentem as pessoas privilegiadas em determinadas áreas.

    Mas realmente, é incrível. Esta área de estudos é a que mais gosto, já a parte mais ligada à fisiologia (que me remete à aula de biologia do ensino médio), tenho mais dificuldades e menos interesse.

  10. Sergio Senna Pires via Facebook

    A memória é um dos assuntos que recebeu bastante atenção dos psicólogos nas pesquisas científicas.

    Parece haver um decréscimo de nossa capacidade quando a nossa memória passa a ser mediada por signos linguísticos.

    Inicialmente, nossa memória primitiva é pictórica, chamada Memória Eidética. Supostamente, essa é a memória que utilizamos antes de que signos linguísticos passem a prevalecer como mediadores de nossas lembranças.

    Um dos primeiros a estudar profundamente esse assunto foi Lev Vygostsky, por quem nutro imensa admiração, um homem totalmente fora do seu tempo.

    “Para Vygotsky, os signos, a linguagem simbólica desenvolvida pela espécie humana, têm um papel similar ao dos instrumentos: tanto os instrumentos de trabalho quanto os signos são construções da mente humana, que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade. Por esta similaridade, Vygotsky denominava os signos de instrumentos simbólicos, com especial atenção à linguagem, que para ele configurava-se um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos e elaborado no curso da evolução da espécie e história social.” Da Wikipedia

    Um dos trabalhos mais significativos sobre a memória eidética está nesse livro de 1930 escrito por ele e Alexander Luria:

    Ape, Primitive Man, and Child: Essays in the History of Behaviour. A. R. Luria and L. S. Vygotsky. 1930

    O conteúdo pode ser encontrado aqui:

    http://www.marxists.org/archive/vygotsky/works/1930/man/index.htm

    Eram três cientistas conhecidos como a “Troika” Vygostsky, Luria e Leontiev.

    Em 2000 estive na Russia com a finalidade de conhecer as possibilidades e iniciar os procedimentos para o meu doutoramento naquele país. Um dos meus mais importantes desejos era aprofundar-me nos estudos desses notáveis cientistas. Entretanto, a vida me proporcionou o doutoramento na Universidade de Brasília em assuntos conexos.

    1. Olá Sérgio, tudo bem?

      Se me permite, só queria fazer uma pequena correção. A memória eidética é realmente uma capacidade registro de informação para posterior recuperação de caráter prioritariamente visual e sensorial, todavia não é uma memória primitiva, mas sim uma capacidade que excede os níveis naturais deste registro de informação. Sendo assim, poucos tem essa memória, alguns sortudos (ou azarados, a depender de como você enxerga).

      Em verdade, a nossa memória “sensorial” é talvez o estágio mais tênue de registro de qualquer informação, sendo que os signos linguísticos que você citou tendem a fortalecer a consolidação mnemônica, como diversos outros fatores que os cientistas estudam há muitos anos.

      Até mais,

      ….Links suprimidos devido às regras de publicação de comentários…..

      1. Olá Marcus, boa tarde.

        Permita-me fazer a correção da sua correção. Expressei a opinião de Vygotsky assinalada em um livro de 1930 citado :

        “Among the civilized peoples, eidetism is found mainly in children. In adults, it is a rare exception. Psychologists believe that eidetism represents an early primitive phase in the development of memory – one that usually ends before puberty and rarely lasts into adulthood. It is found most frequently among mentally retarded and culturally underdeveloped children. Biologically speaking, this form of memory is very important because, as it develops, it turns into two other types of memory. First of all, research has shown that, as develop~ ment progresses, eidetic images merge with our perceptions, rendering them stable and constant. On the other hand, they are transformed into visual images of the memory, in the true sense of the term.

        Researchers therefore believe that eidetic memory is a primary undifferentiated stage of the unity of perception and memory, which become differentiated and develop into two separate functions. Eidetic memory is the basis of all graphic, concrete thinking.”

        Para eles (e para muitos ainda hoje) era um estágio primário e, nesse sentido, primitivo da memória.

        Abraço
        Sergio Senna

    2. Olá Sérgio,

      Correção da correção lida. De fato, pelo trecho que você traz, essa forma que você usou o termo anteriormente faz sentido. Apesar disso, o termo hoje é amplamente mais usado no sentido que escrevi, principalmente para pesquisadores da área de memória.

      De qualquer forma, deixemos esses dois pontos por aqui para futuros leitores do texto do Felipe para que fique claro que o termo não é definitivo em si mesmo e deve ser usado com cautela a depender do referencial.

      Até mais,

  11. Sergio Senna Pires via Facebook

    Esquecer as coisas é tão importante quanto lembrar…… Não é à toa que boa parte dos fundamentos da Psicanálise tratam de mecanismos de esquecimento, repressão etc.

  12. Sergio Senna Pires via Facebook

    Concordo com você Edinaldo. É um preço muito alto.

    Estudei em um instituto que acolhe uma parcela das pessoas mais inteligentes do País.

    Foi uma experiência contraditória para mim. Por um lado, era muito interessante estudar em meio a pessoas tão inteligentes. Por outro, era muito difícil conviver….. Tenho várias histórias para contar.

    Uma que ocorreu em uma aula de Álgebra Linear (a matéria mais difícil que já estudei em minha vida) ocorreu em meio à demonstração matemática da viagem no hiperespaço (uma questão sobre caminhos em Álgebra Linear). Mas isso eu conto outra hora….

  13. Edinaldo Oliveira via Facebook

    Existe um porém: já vi relatos de pessoas que não esquecem de nenhum dia, e sofrem por isto (lembrar todos os eventos de vários anos da sua vida)…se achar um documentário, postarei nos comentários do artigo.

      1. Eu lembrei agora…tem um ou dois casos famosos disso no mundo. Existe um livro que relata um deles, mas não estou lembrando bem o nome. Acho que tem algo como “memorioso” no título.

  14. Sergio Senna Pires via Facebook

    Os savantes são incríveis.

    Por um lado mostram uma capacidade extraordinária normalmente relacionada à memória. Tem um que toca qualquer música, qualquer uma, de ouvido. Tem outro que faz contas complexas mais rápido do que nós em calculadoras. Mais um que não se esquece de detalhes de nada que vê. Outro que decorou uma biblioteca e assim por diante.

    Por outro lado pagam o preço por desenvolverem um tipo de “altismo”.

    Essas extremas habilidade sempre me intrigaram. De fato, são seres humanos que mostram o quão mais amplas podem ser as nossas habilidades. Por algum motivo, não levamos a nossa memória a esses limites.

  15. Obrigado, Sergio e Edinaldo!
    É com muita satisfação que inicio essa série de textos.
    O assunto é fascinante, de fato!

    E agradeço a vcs pelas preciosas dicas!

    Abraço!

  16. Olá Felipe,

    Parabéns pelo artigo!! É um assunto bem instigante e de infinitas possibilidades de estudos e até curiosidades (como a da síndrome da mão alheia).

    Tenho certeza que seus artigos irão agregar muito ao portal IBRALC.

    Abraço,

    Edinaldo Oliveira

  17. Novo artigo publicado no Portal. é a primeira colaboração de Felipe Novaes.

    Aqueles que desejam ser bastante perspicazes na interpretação do comportamento não verbal precisam desenvolver suas competências nas neurociências e no campo da identificação das regularidades do comportamento humano, o que é tratada na parte de Psicologia da Personalidade.

    Nossas próximas postagens abrangerão esses itens.

  18. Prezado Felipe, parabéns pelo belo e curioso artigo.

    Espero que as pessoas se sintam instigadas a pesquisar mais sobre o assunto.

    Desde o Século XIX que os acidentes ajudam os pesquisadores a desvendarem as funções cerebrais.

    A Síndrome da Mão Alheia é um excelente exemplo de como nosso sistema nervoso é surpreendente!

    Não é possível estudar a linguagem corporal e as emoções sem conhecer o funcionamento do nosso Sistema Nervoso, seja sob o ponto de vista orgânico, seja sob a ótica psicológica.

    Desejo a todos bons estudos e que aproveitem esse artigo de estréia do Felipe Novaes no IBRALC.

    Abraço
    Sergio Senna

    1. Edinaldo, acho que é meio complicado dizer que isso é uma tentativa “frustrada” da evolução. A evolução é regida por, mais fundamentalmente, pelas pequenas modificações que ocorrem nos organismos por causa de mutações. Características mais úteis ao ambiente vão sendo selecionadas e as menos, extintas. Isso sem tirar as neutras, ou os coprodutos e tal. Nesse sentido, qualquer variação pode ser encaixada nesse esquema. A memória prodigiosa dos savantes talvez possam ser encaradas como tal, mas como na prática ela não oferece qualquer vantagem que interfira na passagem de genes do indivíduo, então ela nunca é selecionada. Só surge eventualmente por causa de alguma mutação que a cause, e às vezes é passada para as próximas gerações. Mas esse é um assunto muito interessante…tem um assunto dentro da psicologia evolucionista que é a psicopatologia evolucionista. As pesquisas da área tentam situar as síndromes e transtornos de fundo genético sob o prisma da seleção natural. Eles tentam responder a algumas perguntas como “Se a seleção natural preserva somente o que é vantajoso para o indívíduo, por que certos transtornos são tão comuns em nossa espécie (como depressão, autismo, TDAH e etc?)?”

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