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A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais

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Tempo de leitura: 6 min.

O livro A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais foi escrito por Darwin para acumular to máximo possível de evidências das raízes comportamentais compartilhadas entre humanos e animais. Destinava-se a convencer os céticos. Tem-se notícia de que, originalmente, a argumentação contida no livro seria um capítulo em a “Descendência do Homem”. Entretanto, Darwin se animou com as evidências que se acumularam, o que mostrou a necessidade de que essa temática merecesse um o seu próprio volume. Foi uma obra pioneira ao trazer provas fotográficas para o mundo científico, o que não ocorria na época.

As teorias sobre microexpressões tiveram essa base científica comum.  Charles Darwin foi a sua fonte de inspiração quando estudou as semelhanças entre as expressões das emoções entre os seres humanos e os demais animais.

O livro intitulado “A expressão das emoções no homem e nos animais” foi o texto final no estilo único e evolutivo da escrita de Darwin (1809-1882).

A Expressão é um trabalho fascinante: um dos estudos mais acessíveis e legíveis de Darwin, foi um dos primeiros trabalhos científicos a utilizar fotografias, além de ter sido um bestseller em seus dias. Entretanto, apesar do seu valor histórico-científico, ainda hoje é uma obra desconhecida por boa parte dos acadêmicos e pelo público em geral.

A Expressão é um livro original e, para muitos contemporâneos, controverso. Formava a parte final de uma série que começou com “A Origem das Espécies” e que, no ano anterior, atingira o ápice da controvérsia com a “Descendência do Homem”.  

A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais

A primeira obra, publicada em 1859, expõe a teoria da evolução, na qual Darwin expôs sua opinião sobre as sucessivas modificações que ocorrem através da seleção natural em animais e plantas: a noção de que  uma variação aleatória dentro de uma população tende a ser preservada, caso exista uma vantagem de reprodução ou sobrevivência. Na segunda obra mencionada, ele estendeu a teoria para os seres humanos, apareceu mais de uma década depois, em 1871.

A realidade nos meados do Século XIX era muito diferente da que vivemos agora. Para muitos – mesmo aqueles dispostos a admitir a evolução dos animais – uma teoria sobre a evolução dos seres humanos era demais….. Muitos dos contemporâneos do autor apontaram para a racionalidade humana, para a espiritualidade e para a capacidade civilizatória como prova suficiente acerca da criação divina. Para tais críticos, a aurora da humanidade era uma questão para os teólogos, não uma área legítima de estudo para os cientistas.

Para convencer os céticos, era importante que Darwin acumulasse o máximo possível de evidências das raízes compartilhadas entre humanos e animais. O livro A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais teve o propósito de ocupar esse espaço e de cumprir essa finalidade. Antes de sua publicação, o trabalho científico de referência sobre a face humana foi escrito pelo criacionista Sir Charles Bell (1774-1842). Bell acreditava que os músculos faciais humanos eram criados por Deus para expressar emoções exclusivamente humanas. Darwin refutou isso: ele tinha certeza de que as emoções de humanos e animais se manifestavam externamente de maneira semelhante. Por exemplo, tanto em humanos quanto em animais (mamíferos), a raiva leva à contração do músculo orbicular do olho oculares e à exposição dos dentes. Nesse contexto, Darwin acreditava que tais expressões deviam ter se desenvolvido através de mecanismos evolutivos comuns, e que elas eram provas cotidianas, vivas da nossa ancestralidade animal.

A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais
A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais
A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais

 Tem-se notícia de que, originalmente, a argumentação contida no livro seria um capítulo em a “Descendência do Homem”. Entretanto, Darwin se animou com as evidências que se acumularam, o que mostrou a necessidade de que essa temática merecesse um o seu próprio volume. Diferentemente de outras obras do autor, foi produzida em um período incrivelmente rápido de quatro meses e está redigida em um estilo claro e direto. O livro foi um bestseler de seu tempo, vendendo mais de 9 mil volumes nos seus primeiros quatro anos.

Em 1872, quando a obra foi publicada, Darwin era uma das personalidades mais respeitadas do mundo da filosofia natural.

No entanto, a cautela de Darwin foi indiscutivelmente recompensada: os anos intermediários, desde a descoberta inicial até a publicação, não só testemunharam o público tornar-se cada vez mais receptivo a novas idéias, mas também o crescimento da reputação e respeitabilidade de Darwin. Uma teoria que teria sido descartada por acadêmicos respeitados anos antes, era agora levada a sério, se bem que também era mantida sob vigilância e crítica. Foi pioneira ao trazer provas fotográficas para o mundo científico: as fotografias do livro constituem uma das principais evidências científicas. A fotografia ainda era uma forma de arte relativamente nova à época da publicação do livro. No entanto, Darwin acreditava que ele teria uma vantagem sobre outras formas de representação, já que seu potencial para capturar as expressões faciais, com precisão e distanciamento, seria fundamental para mostrar os seus pontos de vista de forma mais objetiva.

Um fator que contribuiu para o seu declínio foi sua tendência para as idéias “lamarckianas”. Muitos anos antes de Darwin, o biólogo francês do século XVIII, Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), propôs uma teoria da evolução alternativa – e amplamente desacreditada. Ele sugeriu que através da prática e repetição os animais podem melhorar seus corpos durante a vida, adaptações que serão passadas para seus filhos. Essa teoria, às vezes descrita como herança de uso, era bem diferente da noção de traços benéficos aleatórios de Darwin sendo preservada por meio de melhores chances de sobrevivência e sucesso reprodutivo.

Inicialmente, a teoria de Lamarck foi completamente desconsiderada por Darwin; porém, mais tarde, ao revisitar suas idéias e modificar suas teorias para responder aos críticos, ele começou a acreditar que tal uso-herança tinha um lugar no processo evolucionário. No livro a A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, Darwin descreve uma forma de herança de uso “lamarckiana” chamada princípio de hábitos associados úteis.

Ela postula que uma ação deliberada quando se experimenta uma emoção específica, se repetida, pode se associar através do hábito e, mais tarde, ser invocada apenas por essa emoção. Tais conexões, Darwin propôs, podem ser herdadas pelas gerações seguintes.

A prova científica da herança de uso apareceu apenas sete anos após a morte de Darwin e, sem dúvida, prejudicou a posição científica da Expressão.
Outro golpe para o trabalho foi o antropomorfismo percebido. Nos primeiros anos do século XX, o movimento dominante na biologia foi em direção ao behaviorismo. Essa abordagem afirmava que não era científico descrever o que os animais faziam em termos de emoção: os cientistas deveriam descrever apenas o comportamento observável, em vez de tentar fazer qualquer inferência sobre a motivação. A Expressão, portanto, logo foi pensada para descrever uma abordagem antiquada e defeituosa.

Paul Ekman, psicólogo que escreveu extensivamente sobre a Expressão, acredita que talvez a razão mais importante para sua queda de favor seja a mesma razão pela qual se tornou cada vez mais relevante. de novo. O “zeitgeist democrático” do século XX, com sua “esperança de que todos os homens pudessem ser iguais se seus ambientes fossem igualmente benevolentes”, não se ajustava confortavelmente ao determinismo biológico de Darwin.

O relativismo cultural, que dominou a ciência social do século XX, considerou o ambiente como o único fator importante no controle do comportamento. Com suas alegações de que as expressões são inatas, determinadas por nosso passado evolucionário, o trabalho de Darwin não se conformava em um mundo que “rejeitava a herança por razões metafísicas”. Hoje, a maioria dos cientistas acredita que tanto a natureza quanto a criação desempenham um papel em todos os seres humanos.  Consequentemente, a Expressão, com seus muitos insights sobre o desenvolvimento humano inicial, foi mais uma vez abraçada pela comunidade científica.

A Expressão marcou o nascimento do uso de fotografias como evidência científica. Obviamente, não poderia estar em conformidade com as regras de objetividade e autenticidade esperadas hoje, uma vez que tais regras só foram acordadas em debates que reconheceram os compromissos e falhas da expressão.

 A Expressão é um trabalho fascinante: um dos estudos mais acessíveis e legíveis de Darwin, foi um dos primeiros trabalhos científicos para usar ilustrações fotográficas, e foi um bestseller em seus dias. 

Veja o conteúdo do livro em inglês.

 

 

 

 


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PIRES, Sergio Fernandes Senna. A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/a-expressao-das-emocoes-no-homem-e-nos-animais/> . Acesso em 23 Apr 2024.

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Pires, Sergio Fernandes Senna. (2018). A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 23 Apr 2024, de https://ibralc.com.br/a-expressao-das-emocoes-no-homem-e-nos-animais/.

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