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Quais são os tipos de expressão corporal?

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Tempo de leitura: 6 min.

Os tipos de expressão corporal são: (1) os movimentos do corpo que podemos dar um significado; (2) as expressões faciais; (3) os gestos; (3) o toque; (4) contato visual [a forma de olhar]. É, ainda, conhecida como linguagem corporal ou comportamento não verbal.

♦ DICA

Não raras vezes, essas mesmas expressões são usadas como sinônimo de comunicação não verbal, o que não está correto, pois a comunicação não verbal é mais ampla e inclui outras dimensões que não se adéquam, necessariamente, à definição de comportamento (Matsumoto, Hwang & Frank, 2016).

É o caso do estudo do tempo e dos artefatos, por exemplo, que estão no campo de estudo da comunicação não verbal, mas não são comportamentos. Sobre isso, Burgoon, Guerrero e Floyd (2010, p.187) argumentam e questionam:

Considere alguns exemplos de como o tempo afeta nossa comunicação diária. As atividades de trabalho e escola giram em torno de horários e prazos. Por vezes, esperar muito tempo para uma consulta pode nos deixar impacientes ou irritados. Consideramos a quantidade de tempo que um amigo passa conosco, quando estamos necessitados, como uma declaração sobre o importância do nosso relacionamento.

Especialistas pedem aos pais que passem “tempo de qualidade” com seus filhos. De muitas maneiras, o tempo atua como um princípio organizador fundamental para interação social, mas como e por que isso acontece, e quais mensagens relacionais enviamos e recebemos através do uso do tempo? [grifos nossos]

São perguntas que mostram a relevância do tempo como elemento que traz significado e deve ser estudado sob o ponto de vista da comunicação não verbal.

Para maiores detalhes sobre a definição e sobre os demais campos de estudo da comunicação não verbal veja os nossos artigos:

O estudo da linguagem corporal é uma ciência?

Como a comunicação não verbal influencia o que falamos?

 

Quais são os tipos de expressão corporal e de comunicação não verbal?

Como dissemos, a comunicação não verbal abrange: os gestos; expressões faciais; orientações do corpo; as posturas; a aparência física; a relação de distância entre os indivíduos; a modulação da voz e, até mesmo, a organização dos objetos no espaço e o tempo.

Quais são os tipos de expressão corporal?

A comunicação não verbal se divide em áreas ou campos de estudo (entre eles os tipos de expressão corporal – Matsumoto, Hwang & Frank, 2016):

  • Proxêmica (e.g. Lanigan, 2022; Rakhmawati, 2022).;
  • Estudo da aparência física (e.g. Bradshaw, H. K., & DelPriore, D. J., 2021; Todorov & Oh, 2021);
  • Paralinguagem (e.g. Abduazizova, 2022);
  • Cinésica (expressões faciais, linguagem ou expressão corporal, gestos, toque, contato visual – e.g. Bernard,  Wiertlewski, & Ystad, 2022; Othman et. al. , 2021);
  • Artefatos (e.g. Silvestri et. al., 2021; Tolman, 2021);
  • Tempo (e.g. Kalman, Ballard, & Aguilar, 2021; Usuki, Kato, S., & Kato, Y., 2021).

A proxêmica se dedica ao estudo de como nós nos dispomos em determinado espaço físico. Somos territoriais, então a forma como dispomos os nossos objetos e ocupamos o espaço pode ter significado (Lanigan, 2022; Rakhmawati, 2022). Os quartos de nossos adolescentes que nos digam isso….

As classificações podem variar um pouco dependendo do autor que a divulgue e você não deve se preocupar muito com isso. Por exemplo, alguns acadêmicos separam o estudo do toque, mas a rigor, se tem movimento (e toque tem) está abrangido pela Cinésica.

A aparência física é estudada pela ciência moderna, o que não deve ser confundido com a Frenologia, ou a Fisiognomia. O que ela representa são as impressões que nós, como observadores, temos de determinada pessoa. Atualmente, não se tenta relacionar com alguma característica de “personalidade” (conceito que nos acompanha há mais de 100 anos e que merece substitutos). O foco dessa nova maneira de estudar o tema é o ponto de vista do observador (Bradshaw, H. K., & DelPriore, D. J., 2021; Todorov & Oh, 2021).

Ao terminar de ler, faça o teste da primeira impressão: 

preconceito-e-aparencia-fisica-o-perigo-da-primeira-impressao-ibrale-450

Não é estabelecida qualquer relação com características da pessoa observada. Por exemplo, o observador acha a pessoa ameaçadora, mas essa “impressão” não é atribuída. É uma forma muito diferente de se estudar o tema. Muito diversa do que se fazia no final do  Sec. XIX, no qual, principalmente Cesare Lombroso, tentava se antecipar ao comportamento criminoso, encontrando “a cara do delinquente”, pelas suas feições.

Veja o artigo: Análise do Comportamento Não Verbal no qual explico que a análise do comportamento não verbal não é mágica. É reconhecer padrões!

A Paralinguagem estuda como as caraterísticas sonoras da voz podem influenciar o significado (Abduazizova, 2022). Volume, tonalidade, velocidade, inserção de pausas e ruídos  influenciam e alteram os significados do que falamos. Se você ainda não tentou realize os nossos testes sobre as características da voz: Testes sobre a voz.

Por fim, a Cinésica estuda tudo que tem movimento. Expressões faciais, toques, posições e gestos são o seu objeto (Bernard,  Wiertlewski, & Ystad, 2022; Birdwhistell, 1952, 2010; Othman et. al. , 2021).

Burgoon, Guerrero e Floyd (2010, p.19) explicam esses mesmos elementos da seguinte forma:

Hoje, a maioria dos autores diferencia os códigos não verbais de acordo com o meio utilizado para transmitir o sinal. A cinésica (Kinesics), ou como é conhecida no vernáculo popular como linguagem corporal, refere-se a movimentos corporais que são usados para transmitir mensagens. Estão incluídos aqui expressões faciais, movimentos de cabeça, comportamento dos olhos, gestos, postura e marcha. (Algumas pessoas usam uma categoria separada de oculésicos para o comportamento dos olhos.) A atividade vocal forma outra categoria de códigos de desempenho conhecidos como paralinguagem, prosódia ou vocálico. Este código inclui características da voz como dialeto, tom, andamento, ressonância, pausas, disfluências e padrões de entonação. O próprio corpo é também um veículo de transmissão de mensagens por meio físico. aparência, adornos e olfatos. Incluídos neste código estão os recursos naturais do corpo, bem como cuidados, penteados, roupas, adornos como tatuagens, artefatos pessoais, como joias, e uso de odores e fragrâncias corporais. Dois códigos intimamente relacionados são hápticas e proxêmicas. O estudo do toque refere-se ao seu uso como um sistema de comunicação, enquanto a proxêmica refere-se ao uso do espaço e da distância para comunicar. Juntos, eles formam os códigos de contato. Dois códigos finais são cronêmicos, que é o uso do tempo para se comunicar, e artefatos (às vezes chamados de objetos) ou o uso e arranjo do ambiente físico e objetos para se comunicar. Juntos, eles formam os códigos de tempo e lugar. [grifos nossos]

É, portanto, um campo grande de conhecimentos.

Um abraço

Sergio Senna

 

Referências:

Abduazizova, D. A. (2022). The correlation of paralinguistics and speach etiquette in different linguistic cultures. Central Asian Academic Journal of Scientific Research, 2(2), 9-15.

Birdwhistell, R. (1952). Introduction to Kinesics: An annotated System for the Analysis of Body Motion and Gesture. Louisville.

Bernard, C., Monnoyer, J., Wiertlewski, M., & Ystad, S. (2022). Rhythm perception is shared between audio and haptics. Scientific Reports, 12(1), 1-12.

Birdwhistell, R. L. (2010). Kinesics and context. University of Pennsylvania press.

Bradshaw, H. K., & DelPriore, D. J. (2021). Beautification is more than mere mate attraction: Extending evolutionary perspectives on female appearance enhancement. Archives of Sexual Behavior, 1-5.

Burgoon, J. K., Guerrero, L. K., & Floyd, K. (2010). Nonverbal Communication. Routledge.

Ekman, P & Friesen, W. (2003). Unmasking the face. Cambridge: Malor Books.

Kalman, Y. M., Ballard, D. I., & Aguilar, A. M. (2021). Chronemic urgency in everyday digital communication. Time & Society, 30(2), 153-175.

Knapp, M. L., & Hall, J. A. (2010). Nonverbal communication in human interaction. Boston, MA: Wadsworth Cengage Learning.

Lanigan, R. L. (2022). Saving-Face: The Nonverbal Communicology of Basic Emotions. In Exploring the Translatability of Emotions (pp. 279-319). Palgrave Macmillan, Cham.

Matsumoto, D. E., Hwang, H. C., & Frank, M. G. (2016). APA handbook of nonverbal communication. American Psychological Association.

Othman, M. A. U., Ismail, Z., Zaid, C. M., Ab Majid, M. R., Halias, N., Zailani, J. & Nasir, S. (2021). Kinesics As A Form of Non Verbal Communication: A Textual Analysis Of The Holy Quran. Journal of Contemporary Issues in Business and Government, 27(2), 202.

Todorov, A., & Oh, D. (2021). The structure and perceptual basis of social judgments from faces. In Advances in experimental social psychology (Vol. 63, pp. 189-245). Academic Press.

Rakhmawati, Y. (2022) Cultural Shifting And Non-Verbal Communication Reconstruction In Covid-19 Outbreak: Indonesia’S Insight. Jurnal Komunikasi, 14(1).

Silvestri, K., McVee, M., Jarmark, C., Shanahan, L., & English, K. (2021). Multimodal positioning of artifacts in interaction in a collaborative elementary engineering club. Multimodal Communication, 10(3), 289-309.

Tolman, E. (2021). 2020 communication time capsule: An analysis of artifacts from the pandemic. Communication Teacher, 1-6.

Usuki, K., Kato, S., & Kato, Y. (2021). Interaction Speed as Nonverbal Cues in Text Messaging via Smartphone. In Encyclopedia of Information Science and Technology, Fifth Edition (pp. 904-912). IGI Global.

 


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Formato Documento Eletrônico (ABNT)

PIRES, Sergio Fernandes Senna. [content field=”title”]. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Disponível em < https://ibralc.com.br/quais-sao-os-tipos-de-expressao-corporal/> . Acesso em 3 May 2024.

Formato Documento Eletrônico (APA)

Pires, Sergio Fernandes Senna. (2021). [content field=”title”]. Instituto Brasileiro de Linguagem Emocional. Recuperado em 3 May 2024, de https://ibralc.com.br/quais-sao-os-tipos-de-expressao-corporal/.

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2 comentários em “Quais são os tipos de expressão corporal?”

  1. Olá Dr Sergio. Gostei da postagem e achei bem sintética, mas completa. Fiquei em dúvida sobre a interpretação da aparência física. isso não é preconceito? muito obrigada.

    1. Olá Ana Lúcia. Obrigado pela sua pergunta. vamos aprofundar o tema, então.

      O estudo da aparência física passou por muitas fases ao longo dos últimos dois séculos. Houve uma época em que as pessoas não tinham os mesmos cuidados que temos hoje em dia. Na época da Frenologia, por exemplo. Estamos falando da primeira metade do sec XIX. Ela foi criada por Franz Joseph Gall e propagava que cada faculdade mental se localiza em uma parte do córtex cerebral e o tamanho de cada parte seria diretamente proporcional ao desenvolvimento da faculdade correspondente, sendo este tamanho indicado pela configuração externa do crânio.

      Então, nesse tipo de formulação existe uma correspondência direta entre uma parte do corpo [no caso, o crânio] e algum processo psicológico, função mental ou personalidade. Nesse sentido, essas ideias proliferaram no sec XIX e um dos nomes mais conhecidos em propagar essas fake news foi Cesare Lombroso. Sobre isso, dê uma olhada na postagem Análise do Comportamento Não verbal na qual eu explico esse assunto mais detalhadamente e também faço uma homenagem ao dr. Sebastião Leão que, no início do Sec. XX, já se opunha a essas ideias. Pois, no Brasil, esse debate não passava ao largo, já que o jovem Dr. Sebastião Leão enfrentou a questão com o propósito de demonstrar que as características físicas não seriam suficientes para prever o comportamento de uma pessoa.

      Na atualidade, algo semelhante à aberrante Frenologia vem ganhando adeptos: a fisiognomia.

      O que existe em comum entre todas elas é o fato de associarem características psicológicas ou comportamentais às características físicas ou formas do corpo.

      O que a comunicação não verbal estudo hoje é bem diferente disso. Estuda-se como nós interpretamos as características físicas. Elas, então, são categorias independentes das funções psicológicas ou comportamentais da pessoa observada. Então, há diferenças metodológicas fundamentais entre o que era feito no Sec. XIX e o que é estudado agora.

      Analisamos o que o observador pensa que a pessoa observada é. E, voltando à sua pergunta, é óbvio que mesmo esse tipo de “primeira impressão” pode gerar preconceitos…. Entretanto, desconectando as conclusões das observações e a pessoa observada amenizamos, em muito, os efeitos negativos da preconcepção. Além disso, estudamos umas das fontes do preconceitos que são impressões sem fundamentação.

      Por isso entendo ser da maior importância que esses estudos prossigam, pois nos permitirão entender melhor como intervir para o efetivo enfrentamento aos preconceitos.

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