A cognição e a emoção na escola são aspectos nem sempre tratadas de forma integrada. No primeiro artigo da série – Educação e Linguagem Corporal, abordamos alguns campos da comunicação não verbal que podem ser úteis no contexto escolar.
Em cada uma das postagens subsequentes, trataremos com mais detalhes de cada um dos aspectos apresentados no primeiro artigo.
Nosso tema da vez é a importância do equilíbrio entre cognição e emoção na escola e como a linguagem corporal pode auxiliar professores de crianças, adolescentes, jovens e adultos em suas tarefas educacionais.
O contexto escolar
Muito esforço é empreendido pelos sistemas de ensino em nosso País para a formação continuada de professores. Apesar desses esforços, as pessoas seguem reclamando da qualidade do ensino, da qualidade da interação na sala de aula etc. O que será, então, que falta? Em meus trabalhos como consultor legislativo da Câmara dos Deputados, me deparo com o tema “violência nas escolas” com muita frequência. Não raras vezes, percebo que os parlamentares e até mesmos representantes dos agentes escolares nutrem uma fantasia de que a escola por si só é salvadora.
Prefiro ver essa avidez por desenvolver atividades mil na escola como decorrência da visão prática e utilitária das pessoas e das autoridades. Quando se pensa em campanha de saúde, onde fazê-la? Na escola! Campanha a favor do meio ambiente? Na escola! Vacinação? Na escola! Educação para a vida? Na escola! Primeiros socorros? Na Escola… Comecei a perceber que fazer as atividades extra na escola é mais prático, pois onde ocorre uma grande reunião de crianças e adolescentes, todos os dias úteis, no Brasil? Na escola!
A origem da linguagem corporal
Diversos autores, como Darwin e Paul Ekman defendem que a linguagem corporal retrocede aos nossos primórdios como grupo humano, era utilizada como o principal meio de comunicação. Está diretamente relacionada com o funcionamento de nosso sistema nervoso, ainda hoje é utilizada sem que, muitas vezes, tenhamos pela consciência disso. A todo momento estamos nos comunicando e interpretando a linguagem corporal uns dos outros.
Essa origem primitiva e sua relação com nosso sistema nervoso fazem com que nossas emoções apareçam de uma forma bem clara na linguagem corporal e nas outras dimensões da comunicação não verbal também.
Com base nisso, não é absurdo defender a importância do domínio técnico da linguagem corporal por parte dos professores para que tanto as emoções quanto a cognição possam, efetivamente, convergirem no contexto escolar.
Cognição e emoção na escola
Ao longo dos anos, temos sido testemunhas de quanto se fala sobre a “humanização” do ensino (por mais paradoxal que essa palavra seja nesse contexto), sobre a necessidade da valorização das emoções nos ambientes escolares. Os livros sobre o assunto se proliferam. No entanto, as pesquisas e o testemunho das pessoas não é o mesmo…
Por que será que se trata tanto desse assunto e os resultados não são coerentes com esse discurso? Com minhas palavras não quero dizer que não existam professores exemplares e escolas que nutram um ambiente emocional positivo. Me refiro aos sistemas de ensino como um todo. Meu propósito é defender que desde o mais elevado escalão administrativo da educação todos promovam ações de convergência entre as emoções e a cognição, o conhecimento.
É muito fácil recitar cartilhas ideológicas que pregam algo que não se consegue colocar em prática. O difícil mesmo, é enfrentar essa multiplicidade de tarefas que os professores e demais agentes escolares têm de lidar e, ainda assim, dar conta de criar um ambiente acolhedor e rico em conhecimento.
Em muitos lugares, a crítica ao cientificismo produziu uma experiência de mudança para apenas acolhimento. Isso não adiantou muito…. Era necessário desenvolver o acolhimento sem descuidar do conhecimento em si.
Mas, como fazer as duas coisas? Foi diante dessa pergunta que resolvi estudar esse caso e produzir um trabalho que tomou forma na defesa de uma tese de doutorado, na qual foram analisadas experiências de promoção de responsabilidade, de interações e emoção na escola. No final, percebi como é difícil fazer tudo isso acontecer.
Competência na comunicação pela linguagem corporal
Uma das soluções que vislumbro para compor um conjunto de ações para promover um ensino mais “humano”, é a capacitação para a utilização dessa “linguagem primitiva” que todos entendem – a linguagem corporal.
Não vejo outra saída senão a articulação de muitos projetos e ações. Se houvesse uma solução única, não teríamos mais os problemas de baixo rendimento escolar e, principalmente, a violência na escola. A solução é híbrida e passam por mitos temas, incluindo atribuir à escola o seu verdadeiro papel (que surge da reflexão sobre o que esperamos dela).
Nos próximos artigos vamos ver como os gestos, posições e expressões faciais podem nos ajudar a economizar o escasso tempo escolar para expor nossas crenças, valores e conhecimentos. Fique ligado e comente nossos artigos!
Gostaria de saber o ano em que esses artigos foram publicados, pois preciso para colocar na minha monografia!
Obrigada!
Prezada Camila, a data do artigo aparece logo abaixo do título.
Um abraço
Sergio Senna