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Facial Action Codind System – O que é?

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Tempo de leitura: 4 min.

O Facial Action Coding System (FACS – Sistema de Codificação da Ação Facial) é um sistema criado pelos Drs. Paul Ekman e Wallace V. Friesen e publicado inicialmente em 1978. Foi baseado no trabalho original de Carl-Herman Hjortsjö (1914-1978).  Em 2002 sofreu uma grande revisão e hoje é considerado por muitos como um sistema interpretativo das emoções humanas. A codificação de FACs se tornou popular entre psicólogos e até mesmo se espalhou para o setor de entretenimento, onde foram usados ​​em programas como Lie to Me e em desenhos animados.

É uma ferramenta na qual os movimentos dos músculos faciais individuais são transformados em um código de números e letras.

O FACS divide os músculos do rosto em números chamados unidades de ação, que representam diferentes movimentos musculares. Por exemplo, e isso será relevante mais tarde, a raiva é frequentemente expressa pelos movimentos musculares 4, 7, 10, 23. Para a maioria de nós, isso soará apenas como um jargão ou talvez o código para algum cadeado, mas na verdade contém informações importantes para facilitar a linguagem científica. Na fala normal, significa que:

  • suas sobrancelhas se movem juntas para baixo (4);
  • a pálpebra inferior está tensa (7);
  • o lábio superior apresenta uma curvatura (10); e
  • a boca está apertada (23), com os lábios pressionados juntos.

Então, o que um codificador treinado em FACs diria sobre essa imagem? Um codificador de FACS não precisa dizer nada, pois, necessariamente, ele não tem que entender de comportamento humano. Essa pessoa é uma CODIFICADORA [Facial Action CODING System]. O que eu desejo explicar é que se você aprender o Facial Action Coding System, isso não transforma você rapidamente em um analista do comportamento.

O que os cursos de FACS fazem é ensinar a RECONHECER o movimento facial e TRADUZI-LO em uma codificação que expressa movimento e intensidade.

Isso está escrito na página eletrônica do Dr. Ekaman. Veja:

facial-action-coding-system

Como vemos na página do Dr. Ekman, ele mesmo define o sistema como DESCRITIVO!

Uma informação importante que posso dar a você é falar sobre um erro muito comum que é cometido pelas pessoas que confundem codificar pelo FACS com análise do comportamento. Pessoas que fazem cursos expeditos de FACS sem ter a necessária profundidade em análise comportamental afirmam que a intensidade do movimentação muscular facial está associada à emoção experimentada. Isso se dá pois a pessoa aprende a codificar o movimento facial e verificar a sua intensidade.

Por exemplo, a AU 10 significa que houve contração do Levantador do Lábio Superior, logo a seguir o codificador lançará uma de cinco letras [de A até E], que significa a intensidade do movimento observado (lembrando que A e B são intensidades somente detectadas pelo eletromiógrafo).

Não é necessário muito esforço para demonstrar QUE NÃO HÁ relação entre a intensidade do movimento e a intensidade da emoção, pois todos já conheceram alguém com Transtorno de Personalidade Histriônica e sabe, na pele, como essas pessoas tentam manipular seus semelhantes por meio do exagero na intensidade das emoções.

facial action coding system Também já conheceram alguém tímido ou muito quieto, cujas emoções nem sempre estão claras na face. Entretanto, quem de nós arriscaria dizer que essa pessoa experimenta emoções menos intensas do que os demais?

Então cuidado, pois o Facial Action Coding System é um sistema de codificação, sendo necessário muito mais estudo para fazer a correta interpretação do comportamento humano. Então lembre-se, codificar não é interpretar o comportamento!

Então para que serve isso, Sergio? O código é muito válido para efeitos de pesquisa científica. Facilita a comunicação entre cientistas, padroniza a comparação do comportamento e permite que grandes amostras de sujeitos possam ter o movimento facial comparado, por exemplo. Então há grande serventia. Só não alimente a fantasia que ao aprender a codificar, você estará automaticamente se capacitando em:

  • um enquadramento ou abordagem sobre o comportamento para fazer suas interpretações;
  • selecionar os movimentos de interesse para a sua análise específica;
  • observar o comportamento humano como um todo;
  • enquadra-lo no seu contexto cultural específico.

Viu quanta coisa fica faltando para fazer uma análise profunda, confiável e minimamente sustentável? Veja o artigo Interpretar não é adivinhar

A essa altura da leitura você pode estar se perguntando se eu estou desmerecendo o FACS. De forma alguma, o que eu estou argumentando é que cada ferramenta deve ser utilizada para o que foi criada. Se você utilizar um martelo para lavar pratos o resultado não será muito animador….. O FACS foi criado para comunicar, de forma padronizada, o movimento facial. Então as suas possibilidades e limitações ficam circunscritas a isso.

Poxa Sergio, acabei de gastar uma nota preta me capacitando nisso e você jogou água fria….. e alguém me contou que o Prof. Ekman diz que é uma ferramenta de interpretação….

As pessoas podem falar o que quiserem….. ainda mais se já têm autoridade, mas se eu tivesse criado o FACS e vendesse ao preço que está, eu diria até que leva o seu cachorro para passear….

Não se sinta assim, você ainda pode trabalhar em pesquisas científicas codificando as expressões faciais. Sempre vai ter espaço nessa área e a capacitação será super adequada.

Veja a postagem, com vídeos, sobre O que precisa para ser especialista em linguagem corporal?

Ficamos por aqui

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Um abraço

Sergio Senna

Se interessar você pode ver a página do FACS no site do Dr. Ekman (em inglês)

 

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