Universalidade das expressões faciais, habilidade natural para reconhecer emoções e as modificações fisiológicas do nosso corpo quando mentimos é o que você vai ver nesse episódio.
O piloto é um dos mais interessantes da série. Prepare-se para assistir muitas cenas em close e repetições em câmera lenta, pois essas são características da série. É difícil escrever sem revelar o conteúdo, mas vou me esforçar para que você se surpreenda com essa excelente série que traz ao mundo do entretenimento esse intrigante tema da linguagem corporal.
Interpretar a linguagem corporal não é como ter uma bola de cristal, onde se vê o futuro. Dominar esse tema é como ter acesso a outro idioma, a partir do qual passamos a dispor de mais informações.
O primeiro episódio trata de assuntos que vêm sendo pesquisados pela ciência há algumas décadas
- habilidades naturais em reconhecer a linguagem corporal;
- microexpressões;
- alterações no sistema nervoso autônomo e
- a mentira e o aumento da carga cognitiva.
A universalidade das expressões faciais é um fato?
Além disso, introduz uma grande polêmica: a suposta universalidade das expressões faciais
Sobre esse primeiro tópico é possível afirmar que não há uma posição unânime na comunidade científica.
O Dr. Paul Ekman passou sua vida acadêmica perseguindo o objetivo de demonstrar que existem algumas emoções básicas que seriam percebidas da mesma forma por todos os seres humanos, independentemente da sua cultura. São elas:
- Alegria;
- Medo;
- Surpresa;
- Nojo;
- Despreza;
- Raiva;
- Tristeza.

Apesar de existirem muitas evidências que apoiem essa hipótese, esse assunto é palco de disputa científica.
Sobre esse tema, veja os nossos artigos:
Reconhecer emoções é habilidade natural?
Já debatemos esse tema nossa matéria “RECONHECER EMOÇÕES: HABILIDADE NATURAL OU APRENDIDA?“. É fato que existem pessoas que possuem uma habilidade natural para reconhecer a linguagem corporal. A pesquisa científica identificou que, normalmente, são pessoas que precisaram conviver em ambientes nos quais a identificação antecipada das emoções era crucial. Um exemplo disso é a pessoa que vive em um ambiente violento e tem que perceber se suas palavras ou atos vão trazer algum prejuízo. Nesse contexto, observar a reação dos interlocutores se torna um hábito que é desenvolvido e treinado ao longo da vida.
O episódio mostra muitas microexpressões faciais que revelam emoções. Você verá closes de muitos indicadores dessas emoções. Além disso, trata das alterações do sistema nervoso autônomo. Nossas emoções estão diretamente relacionadas ao nosso sistema nervoso. Esfriamento das mãos, dilatação e contração das pupilas, aumento e diminuição da respiração entre outros sinais visíveis, indicam alterações em nossas emoções.
Mentir altera o funcionamento do nosso corpo
Outro aspecto explorado no episódio é o que se chama carga cognitiva. Mentir não é fácil, acredite. Mentir de forma convincente é mais difícil ainda. É necessário criar um história, pensar em detalhes, tudo isso precisa fazer sentido. Os detalhes como horários, lugares etc têm que encaixar perfeitamente e tudo isso aumenta o trabalho cognitivo de criação da versão para que tudo se encaixe. Consequentemente, assim como um computador sobrecarregado, o mentiroso tende a ficar mais lento, fugir dos detalhes, manter-se afastado dos fatos e das pessoas e manter as versões o mais “enxutas” possível.
Em minha opinião, o tema mais importante tratado nesse episódio é o questionamento sobre as razões da mentira. Descobrir que alguém está mentindo é relativamente fácil se você estiver habilitado para isso. O difícil é saber por que a pessoa está mentindo, pois essa é uma informação que somente a própria pessoa pode revelar.
Sobre a mentira, você pode se interessar por essas matérias:
A Mentira e Três Coisas que Você precisa Saber
Não Existe um Único e Definitivo Sinal da Mentira
Divirta-se com esse episódio e continue acompanhando os nossos comentários semanais.
Um abraço
Sergio Senna
Artigo Original: 15 de fevereiro de 2011
Atualização: 28 de junho de 2016
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